E N D
1. O ESPRITO SANTO, esta presena amorosae vvida!
Apresentao elaborada por Luiz Eustquio S. Nogueira a partir do livro de J. Moltmann O Esprito da Vida uma pneumatologia integral (Vozes)
2. ESPIRITUALIDADE E ANTROPOLOGIA INTEGRAL
3. 1. Espiritualidade como Vida no Esprito
Espiritualidade, do ponto de vista cristo: intenso convvio com o Esprito de Deus, nova vida en pneumati.
4. 1. Espiritualidade como Vida no Esprito
Ruah Yahweh
no 1 Testamento e no judasmo: Esprito de Deus como a fora da vida das criaturas, espao vital para seu florescimento e desenvolvimento
(cf. Ez 37,1-6).
5. 1. Espiritualidade como Vida no Esprito
A mo de Jav pousou sobre mim e o esprito de Jav me levou e me deixou num vale cheio de ossos. E o esprito me fez circular em torno deles, por todos os lados. Notei que havia grande quantidade de ossos espalhados pelo vale e que estavam todos secos. Ento Jav me disse: Criatura humana, ser que esses ossos podero reviver? Eu respondi: Meu Senhor, s tu que sabes. Ento ele me disse: Profetize, dizendo: Ossos secos, ouam a palavra de Jav! Assim diz o Senhor Jav a esses ossos: Vou infundir um esprito, e vocs revivero. Vou cobrir vocs de nervos, vou fazer com que criem carne e se revistam de pele. Em seguida, infundirei o meu esprito, e vocs revivero. Ento ficaro sabendo que eu sou Jav (Ez 37,1-6).
6. Tendncias espiritualistas
Tradio crist tendenciada a deslocar essa vitalidade criativa a partir de Deus para a renncia de uma vida espiritualizada em Deus.
Contraposio ao mundo sensvel na introspeco psquica: indicativo de estado espiritual.
Distante de suas razes hebraicas, o cristianismo primitivo misturou-se com as religies gnsticas da antiguidade tardia, cujo anelo maior era "redimir-se deste mundo".
7. Tendncias espiritualistas
Exaltao platnica da transcendncia [contemplao da Ideia] e dos valores do e esprito [ascetismo filosfico] empolgava nefitos cristos sados do paganismo.
S. Agostinho: sua psicologia determinou no ocidente a represso do corpo [crcere da alma] e dos valores terrenos [Cidade de Deus X Cidade dos homens] e a tendncia ao individualismo, com sua nfase na alma racional imortal.
8. Redeno espiritualizada Nessa viso espiritualista, substitui-se:
o futuro de Deus na histria pela eternidade,
o reino vindouro na Terra pelo cu,
o Esprito da ressurreio da carne pela imortalidade da alma.
Redeno espiritualizada e idealizada X realismo cristo: esfera da carne reduzida ao aos instintos e s necessidades corporais. A libertao da alma, e no a redeno do corpo (como professava Paulo), toma a direo.
9. Redeno espiritualizada
Nesse dualismo gnstico, a esperana crist est voltada para cima, o cu, e no para frente, o futuro da nova criao.
O binmio tempoeternidade silencia o conflito apocalptico entre passadofuturo, enquanto o conflito impulso de vidaimpulso de morte se desloca para o dualismo antropolgico corpo-alma.
10. Reproduo do Juzo Final
11. Antropologia paulina Cristianismo acusado de possuir uma antropo-logia pessimista ou ao menos dualista: dimenses espirituais do ser destacadas em detrimento do corpo, lugar da fraqueza e do pecado. Acusao lcita? Algum mal entendido?
Atribuio a Paulo por esse rano negativo, sobretudo em suas aluses carne, srx, e suas obras pecaminosas (cf. Rm 8,6.7; Gl 6,8). Urge melhor conhecer os textos paulinos, para no incorrer em falaciosas interpretaes.
12. Antropologia paulina
Apocalptico em sua antropologia, Paulo parte do conflito universal vigente entre o on (tempo, era) vindouro da vida e da justia e o on passageiro do pecado e da morte.
Pecado para Paulo: expresso da revolta do mundo ao seu Criador, com suas formas vrias de idolatria; confiana humana posta em realidades no divinas.
13. Antropologia paulina
Experincia de Damasco: revoluo espiritual em Paulo seu encontro com o Ressuscitado.
Novo paradigma: do velho ao novo homem, viso de um novo cu, de uma nova terra.
Velho Ado ? Novo Ado
Lei ? Liberdade
Pecado ? Graa
Morte ? Vida
14. Conceito srx Conceito srx: referente totalidade do humano, no apenas corporeidade; condio do homem e do mundo no redimidos, clamando por libertao.
Carne, pecado e morte vistos pelo apstolo como poderes suprapessoais, no desde uma leitura mitolgica obscurantista, mas num realismo apo-calptico. Quanto maior a esperana, mais visvel a misria do mundo. O conflito, de fato, s aparece com a emergncia do novo on, no qual o impulso de vida do Esprito desmascara o impulso de morte do pecado.
15. Espiritualidade e vitalidade Urgente hoje reiterar: a proximidade de Deus no despreza, mas faz a vida novamente merecedora de ser amada.
Bem atesta o 2 Testamento: o Esprito Santo chega aos corpos humanos doentios, frgeis, mortais como fora de vida da ressurreio, tornando-os templos de Deus. Segundo Paulo, o corpo para o Senhor e o Senhor para o corpo (1Co 6,13).
16. Espiritualidade e vitalidade
A espiritualidade crist genuna clama vitalidade, ao amor vida. Vida espiritual afirmao da vida em liberdade, no obstante suas doenas, obstculos e fraquezas. ? Uma vida contra a morte!
17. Comunho e glorificao dos corpos
Retorno s razes bblicas da f: propicia areja-mento notvel da mstica ocidental. Imago Dei em Gn 1,27 = comunidade humana de homens e mulheres sintonizados com a Terra.
Lugar da experincia de Deus: a experincia pessoal de comunho. Sem mstica da comu-nidade no h mstica da alma! Somente a espiritualidade do corpo e da comunho realiza a esperana da ressurreio.
18. Comunho e glorificao dos corpos Esprito de Cristo = fora de ressurreio: de glorificao e no de anulao dos corpos!
Para onde se inclina uma espiritualidade da criao? Para o libertar o corpo das represses da alma, das represses da moral e das humilhaes do dio contra si mesmo, orientado para sua verdadeira sade (J. Moltmann).
19. Esprito e sade
O shabbat bblico (descanso do 7 dia): espiritualidade do corpo e da terra e da alma saudvel.
Na alternncia de trabalho e repouso, a vida volta a latejar. O tempo sagrado do sbado vale para todos os viventes.
Eis nossa premissa de f:
VIDA NO ESPRITO VIDA CONTRA A MORTE E NO VIDA CONTRA O CORPO!
20. Esprito e sade
Como que a cada sete anos, me terra lhe dada a chance de voltar a respirar, de ser respeitada em sua dignidade criatural, juntamente com seus filhos, repletos de fardos indevidos por uma religiosidade opressora...
Eis nossa premissa de f:
VIDA NO ESPRITO VIDA CONTRA A MORTE E NO VIDA CONTRA O CORPO!
21. 2. Uma antropologia integral Dado fundamental: experimentamo-nos a ns mesmos como unidade, ainda que com uma pluralidade de aspectos irredutveis entre si.
22. 2. Uma antropologia integral A diversificao posterior unidade. Corporeidade, psiquismo e espiritualidade seguem juntos numa antropologia integral.
23. 2. Uma antropologia integralEnfoque binmico (L. Boff)
24. 2. Uma antropologia integralEnfoque binmico (L. Boff)
Em sua totalidade, o ser humano espiritual e corporal: esprito corporalizado ou corpo espiritualizado.
Esprito = capacidade nossa em constituir unidade na diversidade, de comungar com o diferente sem perder a prpria identidade.
25. 2. Uma antropologia integralEnfoque binmico (L. Boff)
Corpo = o prprio esprito se realizando num determinado espao e tempo dentro do mundo. Revela-nos por inteiro, nossa encarnao, nossa identidade no mundo (somos corpo, e no temos corpo).
Como esprito, percebemo-nos abertos realidade total, transcendendo o emprico imediato.
26. 2. Uma antropologia integralEnfoque trinmico (L. E. Nogueira)
27. 2. Uma antropologia integralEnfoque trinmico (L. E. Nogueira)
Somos uma unidade vital. No abstrata e esttica, mas concreta e dinmica.
Trilogia corpo-mente-esprito nessa perspectiva unitria: no componentes estruturais, mas modalidades de expresso e realizao de nosso ser uno no espao-tempo e para alm do tempo.
28. 2. Uma antropologia integralEnfoque trinmico (L. E. Nogueira) Dizer corpo [corporeidade] = movimento de auto-exteriorizao; autocomunicao e ex-presso no mundo circundante via relaes.
Dizer mente [psiquismo] = auto-interiorizao e crescimento em conscincia e identidade; auto-reconhecimento face ao outro corpreo.
Dizer esprito [espiritualidade] = transcenden-talidade e abertura para o todo; percepo do chamado a viver na liberdade do outro e do "Totalmente Outro.
29. 2. Uma antropologia integralEnfoque trinmico (L. E. Nogueira) Exteriorizao, interioriza-o e transcendncia com-pem a trplice dialtica exis-tencial da liberdade humana. Nessa dinmica insupervel nos movemos e somos. Crescemos em interioridade psquica medida em que nos relacionamos corporal-mente com o mundo exterior, acolhendo e superando a di-ferena do outro no el inte- grador espiritual do Amor.
O homem participa da evo-luo. A matria leva ao esprito que, por sua vez, a transcende. Mas transcende-a incluindo-a. A plenificao do homem um crescendo que integra tanto sua corpo-reidade quanto seu psiquis-mo espiritual. A evoluo regida pela convergncia do distinto unidade no Amor.
30. 2. Uma antropologia integralEnfoque quaternrio (J.-Y. Leloup)
31. 2. Uma antropologia integralEnfoque quaternrio (J.-Y. Leloup)
Antiga tradio distingue o ser humano em trs aspectos: soma (corpo), psique (alma) e nous (inteligncia profunda).
Em sua dimenso corprea, o ser humano matria. Reduzido a isso, o esprito seria produzido pela matria, no existindo fora dela. Nesta viso unidimensional, vivemos num mun-do onde s a matria existe e todo o resto se converte em sonho ou fantasia.
32. 2. Uma antropologia integralEnfoque quaternrio (J.-Y. Leloup)
Indo alm do somtico, abrimo-nos dimenso da alma ou psique. A informao que anima a matria talvez possa ter uma vida independente da mesma. De uma viso unidimensional chegamos outra bidimensional. No entanto, se nos fixamos a, surge o impasse do dualismo: mundo da alma privilegiado em detrimento do mundo do corpo.
33. 2. Uma antropologia integralEnfoque quaternrio (J.-Y. Leloup)
Ampliando tal antropologia, veremos que a psique abre-se dimenso do nous (inteligncia, em grego), ou seja, de uma conscincia notica que pode refletir o Pneuma (Esprito). Nessa viso tridimensional, no evocamos somente a inteli-gncia analtica ou racional, tampouco apenas o mundo psicossomtico das emoes e das sen-saes...
34. 2. Uma antropologia integralEnfoque quaternrio (J.-Y. Leloup)
Temos aqui um tipo de inteligncia contemplativa, silenciosa.
a experincia, no ser humano, de um espao e de um silncio alm do mental, alm das emoes, alm das sensaes...
35. 2. Uma antropologia integralEnfoque quaternrio (J.-Y. Leloup)
Temos aqui um tipo de inteligncia contemplativa, silenciosa.
a experincia, no ser humano, de um espao e de um silncio alm do mental, alm das emoes, alm das sensaes. Contudo, se nos fixarmos nesta viso, podemos divinizar uma parte do ser humano e desprezar o restante.
36. 2. Uma antropologia integralEnfoque quaternrio (J.-Y. Leloup)
H, pois, uma quarta dimenso no homem. Nela, reencontramos todas as trs dimenses anteriores atravessadas por uma singular dimenso: o Pneuma, o Sopro.
Assim como o corpo se abre psique, a psique ao nous, este est aberto ao Pneuma, ao Esprito Santo, ao Esprito do Ser que o que ɔ.
37. 2. Uma antropologia integralEnfoque quaternrio (J.-Y. Leloup)
o Pneuma aquele que garante a unidade do ser humano, o vis profundo e transcendente de sua integralidade, pois nele que existimos, nos movemos e somos. Nisto reside o sentido profundo da espiritualidade na vida humana .
39. METFORAS BBLICAS E MSTICAS PARA O ESPRITO
40. METFORAS BBLICAS E MSTICAS PARA O ESPRITO
41. 1. O Esprito Santo: pessoa?
Tematizar sobre a personalidade do Esprito: o que h de mais problemtico na pneumatologia e na doutrina trinitria.
Desde a experincia de f do 2 Testamento : fica em aberto se a imagem do Esprito equivale a uma pessoa ou fora.
42. 1. O Esprito Santo: pessoa? Com base na doutrina trinitria, o carter pes-soal do Esprito, diz Moltmann, antes afir-mado que provado, na medida em que, com o princpio una substantia tres personae de Tertuliano, o conceito de pessoa, obtido de Deus Pai, simplesmente transferido para o Esprito, o qual, juntamente com o Pai e o Filho, adorado e glorificado (credo niceno-constantinopolitano).
43. 1. O Esprito Santo: pessoa? Encoberta-se a personalidade prpria do Esprito, que h de ser entendida na sua singular distino em relao ao Pai e ao Filho.
Importa, alm disso, rever o modelo antropolgico subjacente ao conceito de pessoa empregado no discurso trinitrio desde Agostinho. A definio greco-romana de pessoa enquanto rationalis naturae individua substantia postula um eu separado, indiviso, existente em si prprio, no mximo aplicvel a Deus Pai enquanto origem original da divindade. O mesmo no vale para o Filho e o Esprito, existentes a partir do Pai.
44. 1. O Esprito Santo: pessoa? A substituio ocorrida na teologia crist de uma compreenso substancial por outra relacional da pessoa abriu espao para o eu social e multi-relacionado. No entanto, isso no atingiu a peculiaridade do Esprito em sua pessoa mesma, apenas descrito como o terceiro na aliana.
Portanto, como entender a personalidade do Esprito Santo? Abdicando-se de todo conceito prvio de pessoa, Moltmann investiga as metforas bblicas comumente aplicadas experincia do Esprito para uma melhor compreenso da questo.
45. 2. Metforas para a experincia do Espritosegundo Jrgen Moltmann
46. A] Metforas de pessoas ESPRITO SANTO
COMO SENHOR,
ME E JUIZ Is 59-19-20: Ento, desde o Ocidente se temer o nome de Jav, e desde o oriente honraro a sua glria, pois ele vir como rio impetuoso que conduzido pelo esprito de Jav. Mas para Sio vir um redentor, a fim de afastar os crimes cometidos contra Jac, orculo do Senhor!Is 59-19-20: Ento, desde o Ocidente se temer o nome de Jav, e desde o oriente honraro a sua glria, pois ele vir como rio impetuoso que conduzido pelo esprito de Jav. Mas para Sio vir um redentor, a fim de afastar os crimes cometidos contra Jac, orculo do Senhor!
47. A] Metforas de pessoas ESPRITO COMO SENHOR
O que domina e vivifica (dominum et vivificantem).
Aluso a duas experincias do Esprito:
libertao e nova vida (cf. Is 59,19-20). Is 59-19-20: Ento, desde o Ocidente se temer o nome de Jav, e desde o oriente honraro a sua glria, pois ele vir como rio impetuoso que conduzido pelo esprito de Jav. Mas para Sio vir um redentor, a fim de afastar os crimes cometidos contra Jac, orculo do Senhor!Is 59-19-20: Ento, desde o Ocidente se temer o nome de Jav, e desde o oriente honraro a sua glria, pois ele vir como rio impetuoso que conduzido pelo esprito de Jav. Mas para Sio vir um redentor, a fim de afastar os crimes cometidos contra Jac, orculo do Senhor!
48. A] Metforas de pessoas ESPRITO COMO SENHOR
Ao nome Senhor sucede o conceito da liberdade: Onde est o Esprito do Senhor, h liberdade (2Co 3,17).
Efuso do Esprito no final dos tempos: extenso messinica da histria do xodo a todos os povos. Is 59-19-20: Ento, desde o Ocidente se temer o nome de Jav, e desde o oriente honraro a sua glria, pois ele vir como rio impetuoso que conduzido pelo esprito de Jav. Mas para Sio vir um redentor, a fim de afastar os crimes cometidos contra Jac, orculo do Senhor!Is 59-19-20: Ento, desde o Ocidente se temer o nome de Jav, e desde o oriente honraro a sua glria, pois ele vir como rio impetuoso que conduzido pelo esprito de Jav. Mas para Sio vir um redentor, a fim de afastar os crimes cometidos contra Jac, orculo do Senhor!
49. A] Metforas de pessoas ESPRITO COMO ME Na qualidade de vivificador, o Esprito Parclito aquele que consola com um consolo de me, aquele de quem nascem de novo os crentes (cf. Jo 3,3-6).
50. A] Metforas de pessoas ESPRITO COMO ME O Esprito Me da vida, exclamam os padres siracos: liberta, educa e regenera os filhos de Deus (cf. Sb 1,5; Is 38,16).
51. A] Metforas de pessoas ESPRITO COMO JUIZ
Se a liberdade sem vida nova vazia e a vida sem liberdade morta, ambas s granjeiam consis-tncia na justia (cf. Rm 8,9-11).
52. A] Metforas de pessoas ESPRITO COMO JUIZ Ao convencer o mundo do pecado e do perdo dos pecados, o Esprito Santo como Juiz, como Esprito da Verdade, faz justia e corrige com vistas plenitude da vida em Deus (cf. Jo 16,8; Is 42,11).
53. A] Metforas de pessoas SNTESE
Por trs destas funes pessoais de Senhor, Me e Juiz, percebemos a liberdade subjetiva e transcendente do Esprito que sopra onde quer (cf. Jo 3,8; 21,18).
54. B] Metforas de forma ESPRITO SANTO COMO ENERGIA, ESPAO E FIGURA
55. B] Metforas de forma ESPRITO COMO ENERGIA
A experincia do Esprito como fora de vida e energia est ligada noo hebraica da ruah. Denota um preenchimento total de vitalidade, tornando o ser portador de um dinamismo novo (Sb 1,7).
56. B] Metforas de forma ESPRITO COMO ENERGIA A experincia da fora de vida to variada como so variados os seres vivos, e no entanto, uma nica fora de vida que chamou tudo quanto vive grande comunho da vida e que tudo a conserva.
57. B] Metforas de forma ESPRITO COMO ENERGIA
A comunidade de Cristo, vivendo na diversi- dade dos carismas e das energias e unida na comunho da mesma fora do Esprito, pode ser um modelo disto. prprio do Esprito estimular energtica e contagiantemente espritos de vida em comunidades de vida (cf. At 9,31; 1Co 12,7). Quando, ao contrrio, s se experimenta repulso e rejeio, a vida afetada, a comunho se desfaz e os corpos definham-se.
58. B] Metforas de forma ESPRITO COMO ENERGIA
A experincia de Deus vincula-se intimamente experincia interpessoal. Na proximidade do Deus vivo, os que foram despertos irradiam, corporalmente, as energias da vida vivificante, seja pela face luminosa e pelo olhar brilhante, seja pelos gestos ternos e atenciosos (cf. Cl 1,6-8).
59. B] Metforas de forma ESPRITO COMO ESPAO VITAL
Um adequado espao vital condio para que toda vida possa desenvolver-se. No basta a energia vital interna. Os espaos sociais que nos susten-tam a liberdade e lhe possibilitam florescer.
Numa sociedade meramente de concorrncia, que garante a liberdade pessoal, mas no pe disposio os espaos livres, a liberdade pessoal definha para a liberdade dos lobos e para a liber-dade dos sem trabalho e dos sem ptria.
60. B] Metforas de forma ESPRITO COMO ESPAO VITAL
Esta a misria de um mundo livre, que respeita as liberdades subjetivas mas no os espaos sociais (cf. At 2,42-47).
Nas Escrituras, o Esprito de Deus experimentado como o espao amplo e
aberto (cf. Sl 143,10b; 139) onde no mais existe aflio, e sim, proteo e alento.
61. B] Metforas de forma ESPRITO COMO
FIGURA Nos espaos vitais, sur-gem das energias vitais as mltiplas figuras da vida.
Numa figura vital, o lado de dentro e o lado de fora de um ser vivo alcanam o equilbrio. Os contornos limitam uma figura, mas seus limites so abertos, eles estabelecem comu-nicao.
62. B] Metforas de forma ESPRITO COMO
FIGURA
Por isso as figuras vitais individuais se formam em comunho de vida com outros seres vivos, atravs da troca de energia que sustenta a vida.
63. B] Metforas de forma ESPRITO COMO FIGURA
A figura vital humana, sendo modelada pelas condies genticas, ecolgicas, culturais e sociais da existncia, apresenta algo de inconfundvel e indedutvel. De modo similar configura-nos a experincia da vida na experincia de Deus.
64. B] Metforas de forma ESPRITO COMO FIGURA
No caminho concreto e pessoal de nossa vida, o Esprito Santo configura-nos a Cristo: sua vida messi-nica, sua conduta de vida que salva e cura, sua trajetria de sofrimento e, na esperana, ao seu corpo glorioso (cf. Rm 8,14-17; 1Jo 3,1-2; Ef 5,1-2).
65. B] Metforas de forma SNTESE
Estas imagens de forma no condizem nem a sujeitos, tampouco a aes de sujeitos, mas a foras modelantes.
66. B] Metforas de forma SNTESE Conjugando as metforas precedentes de energia, espao e figura, a experincia do Esprito se traduz em experincia da vida divina que torna viva nossa vida humana.
67. C] Metforas de movimento
68. C] Metforas de movimento
69. C] Metforas de movimento As metforas de movimento aplicadas ao Esprito expressam a comoo de algo extremamente poderoso e o incio de um novo movimento prprio. Descrevem um movimento arrebatador, que domina e excita no apenas as camadas conscientes das pessoas, mas tambm as inconscientes, e que pe em movimento, para coisas novas e jamais imaginadas, as pessoas atingidas.
70. C] Metforas de movimento Paradigmtica a histria de Pentecostes: movidos no mais profundo de si mesmos, os discpulos, at ento muito amedrontados, pem-se em movimento, saindo de si mesmos como apstolos do Evangelho de Jesus (cf. At 2,1ss).
71. C] Metforas de movimento ESPRITO COMO VENTO
A imagem do vento impetuoso , a ruah Yahweh) criacional (cf. Gn 1,1-2) evoca o hlito vital de Deus que movimenta e vivifica as criaturas entorpecidas (J 33,4).
72. C] Metforas de movimento ESPRITO COMO VENTO
Bem ilustrativa disso a experincia de Elias no Monte Horeb (cf. 1Rs 19,11s), onde a suavidade da brisa precedida pelo mpeto de outras foras csmicas.
73. C] Metforas de movimento ESPRITO COMO FOGO
A imagem do fogo conota o entusiasmo contagiante de quem est inflamado da pre-sena divina. Quem se aquece, aquece os demais.
74. C] Metforas de movimento ESPRITO
SANTO
Quem consumido por Deus torna-se uma chama devoradora, reflexo de seu zelo apaixonado (cf. Mt 3,11). As lnguas de fogo tambm des-crevem esta expe-rincia de incan-descncia no Esprito Santo (cf. At 2,1-4).
75. C] Metforas de movimento ESPRITO COMO AMOR
As metforas do vento impetuoso e do fogo devorador evocam a experincia do amor eterno que faz viver a partir de dentro (cf. Rm 5,5). Este amor divino, forte como a morte, desperta na criatura amada o dese-jo de tambm amar.
76. C] Metforas de movimento ESPRITO COMO AMOR
Embora no se identifiquem sem mais, o fogo do amor divino pode acontecer no amor humano (cf. Ct 8,6-7).
77. D] Metforas msticas ESPRITO SANTO COMO LUZ, GUA E FECUNDIDADE
78. D] Metforas msticas ESPRITO COMO LUZ
A metfora da luz aplicada a Deus comunssima nos textos sagrados. Fala da luz que ilumina os olhos para que possam ver. A luz divina a um s tempo fonte e objeto de conhecimento racional e amoroso (cf. Dn 5,12; At 11,27).
79. D] Metforas msticas ESPRITO COMO LUZ Inundados da luz do Criador, da racionalidade divina, podemos compreender, afirmar e amar a Criao. Mas o mais especial no uso dessa metfora na experincia do Esprito est na transio fluida da fonte para o raio de luz e para o esplendor luminoso. uma e mesma luz que se encontra na fonte, no raio e no esplendor.
80. D] Metforas msticas ESPRITO COMO GUA A metfora da gua se apresenta quase sempre associada s imagens da fonte e do poo. Enquanto a luz vem de cima, a gua procede da terra. E ambas produzem juntas a vida.
81. D] Metforas msticas ESPRITO COMO GUA Deus se compara a uma fonte de gua viva (Jr 2,13; Ap 7,17), da qual recebemos graa sobre graa (Jo 1,16). Esta fonte no se encontra fora, mas emerge gratuitamente de dentro do homem (Jo 4,11-13).
82. D] Metforas msticas ESPRITO COMO GUA Deus se compara a uma fonte de gua viva (Jr 2,13; Ap 7,17), da qual recebemos graa sobre graa (Jo 1,16). Esta fonte no se encontra fora, mas emerge gratuitamente de dentro do homem (Jo 4,11-13).
83. D] Metforas msticas ESPRITO COMO FECUNDIDADE A ligao das imagens da luz e da gua resulta na metfora da fecundidade do Esprito. Assim como a luz e a gua tornam a rvore fecunda, da mesma forma produzem frutos aqueles que se expem luz e bebem da gua viva do Esprito (cf. Lc 1,18). Se a criao primitiva, conforme a bela narrativa de Hildegard de Bingen, era sempre bela e repleta de vio, o pecado acarretou-lhe uma espcie de inverno, a ponto de se secar e congelar.
84. D] Metforas msticas ESPRITO COMO FECUNDIDADE
Contudo, o fluxo espiritual e regenerador da luz e da gua viva representa o incio de uma primavera escatolgica, na qual o Esprito Santo experienciado como a vitalidade mesma desta comunho com o Deus vivo (cf. Rm 8,22-23).
86. D] Metforas msticas CONCLUSO:
Estas imagens, derivadas da experincia mstica, insinuam uma unio to ntima do Esprito Santo com o humano que chega a ser difcil distingui-los.
Nas metforas msticas, suprimida a distncia entre um sujeito transcendente e suas obras imanentes. Desaparecem as distines entre causas e efeitos.
87. D] Metforas msticas
Nas metforas da luz, da gua e da fecundidade, o divino e o humano se encontram numa unio orgnica.
Chega-se a uma interpenetrao pericortica: Vs em mim eu em Vs. O divino passa a ser presena abrangente na qual o humano pode desdobrar-se produzindo frutos.
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89. O ESPRITO SANTO COMO PLENITUDE DE AMOR E VIDA
90. O ESPRITO SANTO COMO PLENITUDE DE AMOR E VIDA
91. A impetuosa personalidade do Esp. Santo Mediante as metforas descritivas do agir do Esprito, bem distinto do agir do Pai e do Filho, experimentamos a ao do prprio Deus que vem a ns e se faz presente em ns, revelando-nos um modo nico de entendimento de Deus mesmo.
Evocando o Esprito como Senhor, Me ou Juiz, fazemos uma distino entre um sujeito e suas aes, ou seja, o sujeito permanece transcendente e livre perante as suas aes.
92. A impetuosa personalidade do Esp. Santo
A metfora Senhor sugere a efetiva transcen-dncia do Esprito que intervm de fora com brao forte. As metforas Me e Juiz, no entanto, falam de um compartilhar a vida do filho por dentro e de uma profunda solidarie-dade interior para com os justificados no amor.
93. A impetuosa personalidade do Esp. Santo As metforas de forma e as imagens msticas real-am, por sua vez, a imanncia de Deus. O Esprito se apresenta em ns e em torno de ns como pura presena. Para perceb-lo enquanto objeto, seria necessrio distanciar de sua presena. Mas, mesmo em sua presena, no poderamos conceb-lo como parceiro ou interlocutor?
Analogias tiradas da experincia interpessoal suge-rem essa compreenso: o filho que cresce na me, antes que se torne uma pessoa ou parceiro reco-nhecvel; os amantes que em seu amor mtuo chegam um ao outro e a si mesmos como parceiro e presena.
94. A impetuosa personalidade do Esp. Santo Com efeito, o ser-algum no advm de contraposies, mas do fluir mutual de foras vitalizantes. Se assumirmos esta analogia para compreender a experincia de Deus, ento perceberemos a personalidade do Esprito divino em seu fluir entre o estar-presente e o estar-em-frente, entre suas energias e sua essncia. Por isso no de admirar que os atingidos por sua experincia dele falem como fora e como pessoa, como energia e como espao, como fonte e como amor.
95. A impetuosa personalidade do Esp. Santo
O fato de o prprio Esprito ser derramado sobre toda carne um auto-esvaziamento pelo qual, graas s suas energias, Ele se torna presente a toda carne. Quando as pessoas entram em sua presena, elas percebem Deus na sua luz, a fonte da luz. O Esprito, de acordo com a promessa proftica, traz no apenas vida e justia mas tambm conhecimento de Deus a toda carne.
96. A impetuosa personalidade do Esp. Santo
Ante a definio clssica de pessoa como rationalis naturae individua substantia (cf. Bocio), Moltmann propugna um novo conceito para a personalidade do Esprito Santo advindo da experincia de sua ao histrica:
97. A impetuosa personalidade do Esp. Santo a) Tal personalidade no indivisvel, mas comunica-se a si mesma;
b) ela no um auto-estado (substantia) separado, mas sim, um ser comunitrio rico em relaes e capaz de entrar em mltiplas relaes;
c) ela no apresenta apenas a natureza racional, mas a eterna vida divina como fonte de vida para toda criatura
98. A impetuosa personalidade do Esp. Santo Por conseguinte,
a personalidade
de Deus Esprito Santo
a presena amorosa
que se comunica, se espalha
e se derrama,
da eterna vida divina
do Deus uno e trino.