E N D
1. LIBERTOU-SE O MENINO
2. Livre. Finalmente o pequeno menino negro aprisionado no corpo do astro pop deformado e ensandecido pode voar para a sua Neverlndia imaginria, agora real.
3. O pequeno prodgio havia sido aprisionado naquele corpo por causa do seu talento. Meio sculo de insuportvel priso.
4. O cone da ps-modernidade, rei do pop, o insupervel, inimitvel e inatingvel astro sufocou na angstia do seu pequeno ser, ainda to inocente, to bonito, to angelical quanto antes.
5.
6.
7. Agora, est finalmente livre o menino.
8. O que o mundo vela em Los Angeles a ftida carcaa zumbi do rei do pop; do dolo amalgamado pelas deformidades insanas da humanidade consumista.
9. O menino no est mais l.
10. Jaz um corpo disforme, alvejado e plastificado pelo insacivel monstro capitalista, ele mesmo um zumbi que se nega a morrer.
11. O que enterramos no tem mais uma nica gota de sangue, de vida, de dignidade. Tudo, absolutamente tudo, foi avidamente sugado do seu interior.
14. E se riem da tragdia que foi este meio sculo daquele menino negro, agora entre eles. Riem-se tambm dos milhes que continuam brincando com o zumbi morto e dele ainda iro recolher incontveis sacolas dos dlares que continuaro jorrando como rios do seu interior.
15. Elvis no morreu. Michael tambm no morrer. O astro-monstro sabe disso.
16. O que se foi o menino. Livre!
17. Liberto para viver num lugar digno na memria de geraes.
18. Como no Retrato de Dorian Gray, ao lado do quadro de um lindo menino negro de cabelo Black-power jaz agora o decrpito corpo de um astro pop, deformado e envelhecido. Podem coloc-lo no formol, porque o menino no est mais nele.
19. Vai em paz, Michael!
20. Finalmente ests
21. Texto: Clvis H. Lindner