1 / 27

METODOLOGIA DA PESQUISA José Luís Bizelli

Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara Curso de Pós- Graduação Lato Sensu em Governança Pública e Novos Arranjos de Gestão. METODOLOGIA DA PESQUISA José Luís Bizelli . Metodologia da Pesquisa.

dianne
Télécharger la présentation

METODOLOGIA DA PESQUISA José Luís Bizelli

An Image/Link below is provided (as is) to download presentation Download Policy: Content on the Website is provided to you AS IS for your information and personal use and may not be sold / licensed / shared on other websites without getting consent from its author. Content is provided to you AS IS for your information and personal use only. Download presentation by click this link. While downloading, if for some reason you are not able to download a presentation, the publisher may have deleted the file from their server. During download, if you can't get a presentation, the file might be deleted by the publisher.

E N D

Presentation Transcript


  1. Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de AraraquaraCurso de Pós- Graduação Lato Sensu em Governança Pública e Novos Arranjos de Gestão METODOLOGIA DA PESQUISA José Luís Bizelli

  2. Metodologia da Pesquisa • Para sobreviver e facilitar a sua existência, o ser humano confrontou-se permanentemente com a necessidade de dispor do saber. A construção do saber foi elaborada numa trajetória longa, cujo resultado, nas sociedades modernas, consolidou a pesquisa científica como o meio mais eficaz de produzir conhecimento.

  3. Meios de produzir conhecimento • Nas sociedades contemporâneas, coexistem, porém, muitos meios de produzir conhecimento: • O saber espontâneo: no afã de conhecer o funcionamento das coisas, para melhor controlá-las e fazer melhores previsões, inúmeros conhecimentos foram adquiridos a partir da experiência pessoal (a criança e o fogão: melhor não tocá-lo).

  4. Meios de produzir conhecimento • O saber intuitivo: a percepção imediata de fenômenos que se repetem acaba gerando explicações espontâneas, ou seja, o que conhecemos como senso comum ou o simples bom senso. Expressões que visam explicações simples de fenômenos observáveis e repetitivos, não deixam de construir saberes, mas perpetuam, muitas vezes, contradições: “Diga-me com quem andas e te direi quem és” versus “Os opostos se atraem”; “Tal pai, tal filho” versus “Pai avarento, filho pródigo”.

  5. Meios de produzir conhecimento • O saber tradicional: ao se divulgar, compartilhar, as explicações do “senso comum” passa-se a elaborar a tradição. Em família ou em comunidade, a tradição lega conhecimentos úteis baseados em uma concepção de que o presente reproduz o passado e garante a imutabilidade futura. A tradição dita o que se deve conhecer e como se comportar frente aos fatos: quando semear ou colher; como conviver em sociedade, como curar certas doenças, etc.

  6. O saber tradicional • A autoridade: sem provas metodicamente elaboradas, autoridades se encarregam da transmissão da tradição. Igreja católica versus uniões incestuosas = regras do casamento. A autoridade visa atingir a obediência: • A atores: padres, médicos, bruxos, professores, pais, ... • A instituições: igrejas, escolas, ... • Obs: o valor do saber imposto repousa no consentimento da pessoa que o recebe, dada a confiança que deposita naquele que o veicula.

  7. O saber tradicional • Nível / Entidade FAMÍLIA ESCOLA AMIZADES IGREJA • muita influência82% 78% 61% 63% • pouca influência11% 14% 20% 18% • alguma influência04% 06% 10% 10% • nenhuma influência02% 02% 07% 07% • não sabe 01% ---- 02% ---- • FONTE: revista Veja n° 42, de 22/10/97.

  8. O saber tradicional • “O principal modo de transmissão do saber, na instituição escolar, assemelha-se, ao mesmo tempo, ao da tradição e ao da autoridade. Autoridades escolheram o saber que parece útil ou necessário a transmitir aos membros da sociedade; saber já construído oferecido aos estudantes, sem que esses sejam convidados a determinar o sentido e os limites de cada um deles. Desse modo, por exemplo, a escola ensina habitualmente apenas uma única interpretação de um fato histórico, mesmo podendo haver várias. É que a interpretação escolhida pareceu preferível às autoridades responsáveis pelo sistema escolar ou por aqueles que nele intervêm por diversas razões. • No entanto, a escola tem por missão ensinar, além disso, o modo de construção do saber, de modo que os estudantes também aprendam os princípios de sua validade e se tornem progressivamente capazes de julgar o saber oferecido e, até, eventualmente, de preferir outro e de construir, por si mesmos, um saber diferente.” (Laville & Dionne, 1999: 21)

  9. O saber racional • O saber racional: os seres humanos sentiram a fragilidade do conhecimento espontâneo, intuitivo e tradicional, buscando um saber que pudesse ser metodologicamente elaborado. Seguiu-se uma longa trajetória

  10. O saber racional • Os filósofos: na Grécia Antiga surge forte a desconfiança em relação às explicações baseadas nos deuses, na magia e na superstição. Platão e Aristóteles desenvolvem instrumentos da lógica, separando o sujeito do conhecimento do objeto a ser conhecido e determinando as relações que se estabelecem entre ambos. Noções importantes se firmam: causalidade, dedutibilidade, modelagem do mundo real e interpretação. Com a Idade Média toda reflexão é posta sob a égide da doutrina eclesiástica. O Renascimento traz consigo tanto a alquimia quanto o empirismo de Francis Bacon: “Nossa maior fonte, da qual devemos tudo esperar, é a estreita aliança destas duas faculdades: a experimental e a racional, união que ainda não foi formada.” O pensamento moderno começa a se objetivar: observa-se a realidade (empirismo) e coloca-se a explicação à prova (experimentação). Formula-se o raciocínio hipotético-dedutivo que utiliza-se do método científico na sua forma experimental: observação, experimentação e mensuração. Mais do que encontrar uma explicação, passa a ser necessário enunciar o princípio que a fundamenta: Newton e as maçãs = Lei da Gravidade.

  11. O saber racional • A ciência: o Século das Luzes (XVIII) traz consigo um aprofundamento do conhecimento nas ciências naturais. Mas é o século XIX que faz triunfar o pensamento científico: ciência e tecnologia encontram-se. A pesquisa fundamental vai ganhando força na pesquisa aplicada. Agricultura, manufatura, comunicações, saúde passam a ser abordados tecnicamente dentro da cidade produzida. Por que não aplicar todo esse método para resolver os problemas no plano social?

  12. O saber racional • Ciências humanas e positivismo: até o século XIX, as ciências humanas pareciam estar mais afetas às explicações dos filósofos. As idéias dos pensadores do século XVIII (universalidade de direitos, igualdades liberdades sociais e econômicas, contrato social entre dirigentes e povos, livre arbítrio) tinham influenciado inclusive as revoluções burguesas. No entanto, a pretensão do século XIX era conhecer o homem e a sociedade de forma tão confiável quanto a aplicada à natureza. As ciências humanas construirão o seu saber através do positivismo, que congrega

  13. O saber racional: Ciências humanas e positivismo • o empirismo: conhecer é um exercício que deve partir da percepção da realidade. Crenças, valores e idéias inatas tomam o aspecto de matéria suspeita. • a objetividade: o sujeito do conhecimento não deve influenciar o seu objeto. Procedimentos devem ser adotados para eliminar-se ou reduzir-se ao mínimo os efeitos não controlados da experimentação. • a experimentação: a observação de um fenômeno leva o observador a construir uma hipótese, a qual será testada pela experimentação, demonstrando ou não a sua precisão. • a validade: a experimentação é controlada e seus resultados são matematicamente mensurados. A ciência positiva é portanto passível de quantificação, podendo ser reproduzida nas mesmas condições, permitindo a validação dos resultados e a sua generalização.

  14. O saber racional: Ciências humanas e positivismo • a formulação de leis e de previsões: os seres humanos estariam submetidos a leis naturais (determinismo). A partir do conhecimento dessas leis seria possível prever comportamentos e gerenciá-los cientificamente. Augusto Comte: “olhar todos os fenômenos como sujeitos a leis invariáveis”. Claude Bernard: “Todas as ciências raciocinam igualmente e têm o mesmo objetivo. Todas desejam chegar ao conhecimento da lei dos fenômenos de modo a poder prevê-los, alterá-los ou dominá-los”.

  15. A crise do positivismo • as ciências naturais e as ciências humanas tratam de fenômenos totalmente diferentes. Algumas das dificuldades em tratar questões vinculadas ao comportamento humano

  16. A crise do positivismo • a complexidade: diante de fenômenos complexos, nos quais se cruzam dimensões econômicas, políticas e sociais, como “considerar os fatos sociais como coisas” (Durkheim)? Como submeter tais fatos à experimentação, já que essa exige a identificação de variáveis que ao interagirem explicam o fenômeno? Em um sistema multi-variável, como separar as variáveis para saber exatamente a sua influência nos resultados verificados? Além disso o ser humano é ativo e livre reavaliando o tempo todo suas próprias idéias, opiniões, preferências, valores, ambições, visão de mundo, conhecimentos, etc. A natureza humana não é previsível. Os seres humanos reagem diferentemente a um estímulo violento, enquanto as maçãs de Newton atendem sempre à mesma Lei da Gravidade Universal.

  17. A crise do positivismo • o pesquisador é um ator: não só os objetos a serem observados são atores dotados de vontade, mas o pesquisador também está sujeito ao seu pensar, agir e reagir, exercendo, assim, sua influência sobre a análise. Claude Bernard: “O observador deve ser o fotógrafo do fenômeno ... Deve observar sem qualquer idéia preconcebida; a mente do observador deve ficar passiva, ou seja, calar-se ...”. O observador dos fenômenos sociais não pode ter essa objetividade: ele é um ator envolvido.

  18. A crise do positivismo • a medida do verdadeiro: se o sujeito e o objeto do conhecimento são capazes de um comportamento voluntário e consciente, a medida do verdadeiro difere da obtida em ciências naturais, ou seja, pode variar mesmo sendo construída com prudência e método. O determinismo e as leis da natureza, conceitos caros ao positivismo, aplicam-se mal em ciências humanas. Em ciências humanas devemos construir o conhecimento de forma não exclusiva ou absoluta, mas a partir de teorias suficientemente gerais para serem aplicadas ao conjunto das situações análogas. Além disso, a generalização dos resultados da experimentação – a lei – não é comumente possível, já que a reprodução controlada do processo, não é passível de sofrer verificação. Quando sujeito e objeto são livres e podem mudar o curso da experimentação, quando as medidas não podem ser objetivas, o verdadeiro passa a ser relativo e provisório. Enfraquece-se, assim; o poder explicativo do positivismo.

  19. Revisando conceitos nas ciências naturais No início do século XX, as ciências naturais também sofriam as limitações provocadas pelo positivismo: • o empirismo difícil: dada a dificuldade de conhecer empiricamente certos elementos constitutivos da natureza, como por exemplo o átomo, uma interpretação construída na mente do pesquisador substitui o conhecimento objetivo: temos uma teoria sobre o átomo.

  20. Revisando conceitos nas ciências naturais • a teoria: o conhecimento obtido permanece até ser contestado por outras interpretações dos fatos. Assim, a teoria aceitou reconhecer numerosos elementos do átomo muito antes de sua existência ter sido demonstrada experimentalmente. • teoria, lei e previsão: em uma teoria – mesmo que a prova pareçaincompleta ou por vir – um fato pode ser aceitável e, assim, o princípio positivista da validação do saber, conseqüência da possibilidade de reproduzir a experiência nas mesmas condições com os mesmos resultados, perde a sua relevância. Aceita-se que uma teoria seja adequada, embora provisória: verificações posteriores poderão ou não dar-lhe maior validade. A busca obstinada da lei natural (determinismo) não é mais a ambição das ciências naturais.

  21. Revisando conceitos nas ciências naturais • objetividade e subjetividade: a objetividade deixa de estar relacionada com a causa última encontrada na natureza a ser revelada pelo pesquisador. O papel do pesquisador é reconhecido e carregado de subjetividade, embora esta última seja racional, controlada e desvendada. A objetividade passa a estar relacionada mais com o sujeito pesquisador e seu procedimento do que com o objeto da pesquisa.

  22. Realinhando a ciência Modernamente podemos dizer que as ciências naturais e as ciências humanas, em seus procedimentos, partilham, essencialmente, as mesmas preocupações: 1) centrar a pesquisa na compreensão de problemas específicos; 2) assegurar, pelo método de pesquisa, a validade da compreensão; 3) superar as barreiras que poderiam atrapalhar a compreensão.

  23. Realinhando a ciência • A compreensão: a idéia cerne para o realinhamento das ciências humanas é a de contribuir para o entendimento de problemas, estejam eles ligados à falta de conhecimento sobre a temática – pesquisa fundamental – ou estejam eles relacionados a intervenções eventuais – pesquisa aplicada. No intuito de não reduzir ou deformar o problema, busca-se a multicausalidade, ou seja, a interação e conjugação de múltiplos fatores.

  24. Realinhando a ciência • Objetividade e objetivação: as compreensões que resultam em dadas situações são relativas e afetadas pelo escolher e interpretar do pesquisador. Um pesquisador escolhe um tema e produz um livro a respeito do tema escolhido. Sua pesquisa percorreu milhares de informações sobre o assunto que foram cuidadosamente selecionadas, confrontadas, escolhidas e interpretadas. Outro pesquisador poderia ter escolhido e interpretado de forma diferente o mesmo tema. O que garante então o valor do conhecimento produzido? A objetivação. No positivismo, a busca das leis fundamentais imutáveis garantia as explicações seguras e gerais. Saberes que se declaram interpretações não podem ter tamanha pretensão, o que tem retirado a força da idéia de existência de uma lei na ciência moderna em favor da idéia de teoria. A interpretação não possibilita, necessariamente, um procedimento experimental, quantificador ou reprodutível. A mente do pesquisador efetua as escolhas e as interpretações segundo a objetivação: o pesquisador toma metodologicamente consciência dos fatores que o levaram a escolha e a interpretação e racionaliza esses fatores; a comunidade científica, por sua vez, espera que nos resultados apresentados pelo pesquisador haja a indicação de todos os procedimentos que indiquem a validade do conhecimento produzido. A objetividade então estaria garantida pela objetivação da subjetividade.

  25. Realinhando a ciência • Multidisciplinaridade: a mudança de foco da ciência, ao passar da busca das leis fundantes para abordagem de problemas de pesquisa, levou a comunidade científica a se incomodar com as divisões dos saberes. A abordagem de um problema tem que ser sistêmica. Dada a dificuldade de implementar um programa sistêmico de pesquisa, o mais comum é adotar uma abordagem multidisciplinar, o que significa adotar uma abordagem que utilize o campo conceitual de diversas disciplinas dentro das ciências humanas. Cada vez mais se afirma, assim, equipes multidisciplinares de pesquisa.

  26. Realinhando a ciência • O método: o ponto de partida é o problema a ser resolvido. O pesquisador percebe um problema e supõe uma solução possível, ou seja, uma explicação racional da situação a ser compreendida ou aperfeiçoada: a hipótese. Muitas podem ser as hipóteses possíveis, mas o pesquisador centra-se na que lhe parece mais profícua. Para comprovar a hipótese o pesquisador deve ir a realidade e verificá-la. As informações colhidas na realidade devem indicar as conclusões do trabalho científico. As conclusões não são mais absolutas que a hipótese formulada, mas se o pesquisador as considera válidas submete-as à comunidade científica. Ao submetê-las dirá quais são as delimitações do problema, como as percebeu, por que sua hipótese é legítima e o procedimento que adotou para verificar sua hipótese e chegar às suas conclusões. Cada pessoa então poderá julgar o saber produzido e sua credibilidade. Assim se dá a objetivação que hoje está no centro do método científico.

  27. O método

More Related