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um_premio_perdido_cadep

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Presentation Transcript


  1. Um Prêmio PerdidoEste fato aconteceu no final da década de 70, quando eu ainda estava na faculdade, no último ano de minha graduação em Matemática. Naturalmente,envolvia a mim e a todos os meus colegas de turma.Uma das disciplinas que fazia parte do nosso currículo era ministrada por um daqueles famosos professores durões. Apenas para uma turma ela era oferecida em cada semestre. Portanto, todos que precisavam cursá-la tinham que passar pelas mãos do único professor que lecionava. E, dizia ele, sempre em tom de um auto elogio:- “Para passar comigo tem que ser realmente bom”.

  2. Ele se considerava um excelente professor e, de fato, o era, enquanto um profissional que se esmerava por uma qualidade do seu trabalho. Dava, à sua maneira, ótimas aulas e quanto à sua competência, no que diz respeito ao domínio do conteúdo, era praticamente incontestável.Até aprendíamos razoavelmente bem, mas dificilmente alguém conseguia tirar notas com ele, pois suas provas eram algo meio impraticável e par muitos consideradas insolúveis. Normalmente, eram provas do tipo para pegar alunos.

  3. Provas muito bonitas, lindas, do ponto de vista dele e de muitos outros, que com ele partilhavam o que consideravam seriedade acadêmica. Aterrorizantes e imexíveis do ponto de vista dos estudantes, pois elas não eram nem legítimas e muito menos transparentes para nós. Aquele professor era, então, e parecia que, com muito orgulho por parte dele, o professor bicho-papão daquela faculdade.

  4. Naquele semestre éramos cerca de vinte alunos matriculados naquela disciplina e que se esforçavam para passar com o fulano. Nossas preocupações com aquela matéria assumiam proporções que até parecia ser a única matéria que cursávamos naquele período; tamanha era a eminência do desastre que, realmente, todos tinham certeza que aconteceria. E que de fato aconteceu.Naquele final de década, ainda vivíamos sob os efeitos de um autoritarismo, que até hoje não sei se já acabou, e as regras do sistema eram algo não passível de questionamentos mais democráticos e também não tínhamos muita coragem de nos opormos às regras acadêmicas então vigentes, inclusive as regras da avaliação ali praticadas, além das questões metodológicas, naturalmente.

  5. De todos que se matricularam na disciplina naquele semestre, alguns poucos desistiram pelo caminho: não foram até o final do período letivo. Trancaram matrícula com a perspectiva de, no semestre seguinte, poder cursá-la com outro professor, o que era praticamente impossível, pois dificilmente haveria duas turmas e, em havendo só uma, ele era o dono da cadeira, seria o único que a ministraria. Então, só nos restava fazer um esforço e tentar levar até o final para ver no que daria. e deu. Somente três de nós passamos: um colega que conseguiu 60 pontos, um outro que obteve 63 pontos e eu, em primeiro lugar na turma com 65 pontos. Todos os outros persistentes na turma foram reprovados na disciplina, pois ficaram com menos de 60 pontos, que era a nota mínima para aprovação.

  6. Estávamos já o final do curso e corríamos o risco de termos pouquíssimos formados em matemática, naquele ano. O desastre com aquela disciplina havia se repetido, desta vez com a nossa turma. Então, fizemos um abaixo assinado, que a faculdade resolveu aceitar. Solicitávamos que a disciplina nos fosse novamente oferecida, em um curso intensivo de férias, acontecimento que era comum na faculdade e, ainda que fosse ministrada por outro professor, no que, até por conveniência da escola, fomos prontamente atendidos.

  7. Todos se interessavam em fazê-lo, mas foi permitido somente aos que tinham sido reprovados, nós três que já havíamos passado não pudemos nos matricular. negaram-nos a possibilidade de refazer a disciplina.Como as reprovações dos meus colegas e as baixas notas, inclusive dos três que havíamos passado, eram causadas exclusivamente pela dureza do professor, dono da cadeira, e não por deficiências de aprendizagens dos alunos, todos que fizeram o curso de lerias obtiveram grandes sucessos e, naturalmente, ficaram com ótimas notas. Alcançaram mais de 65 pontos. Portanto, alcançaram notas superiores às nossas. Isto trouxe para nós três, e para mim em especial, consequências que nos foram muito desagradáveis .

  8. Uma delas foi que a faculdade promovia uma classificação dos formandos, para atribuir aos primeiros colocados no ato da formatura, prêmios e menções honrosas e o único critério para tal eram as notas. Apesar de nossas contestações, não concorremos àqueles prêmios, pois, pelas médias finais das notas, não conseguimos ficar entre os primeiros lugares por uma diferença mínima de pontos. Diferença causada, especialmente, pelas nossas baixas notas naquele conteúdo.

  9. Ficamos injuriados com a situação, mas nada puderam fazer ou não quiseram fazer. Existiam as tais regras do sistema às quais todos estávamos submetidos. Deixamos de ser premiados e o que é pior, em nosso currículos consta uma nota baixa naquela disciplina, o que aos olhos de todos traduz um certa incompetência, apesar de que fomos de certa forma os melhores daquela turma em quase todos os cursos inclusive nela.

  10. Eu não questionei à época, e não questiono, até hoje, as notas dos meus colegas, que refizeram a matéria n curso de verão. Eu os conhecia bem e sei que elas foram justas, tendo em vista os conhecimentos e competências que possuíam. Injustas eram as que recebemos no curso regular. Por isso, como tanto outros estudantes, naquele momento eu questionava, apenas, a minha nota e principalmente, a não possibilidade de não melhorá-la, se tivesse a chance de também refazer a disciplina, o que não me foi permitido.

  11. O mais engraçado é que nunca questionávamos, com veemência, a essência da questão. Todos éramos, de certa forma, coniventes com a situação: “ELE É ASSIM MESMO, NÃO HÁ O QUE MUDAR, NÃO HÁ QUE FAZER.”Isto foi um prejuízo irreparável e que não parou por aí. Nossa titulação nos dá direito de lecionarmos três conteúdos no primeiro e segundo graus. Ao me inscrever para dar aulas daquela disciplina em uma escola particular, eu concorria com alguns colegas da minha própria turma de faculdade, entre outros de outras faculdades.

  12. O principal critério para a seleção neste concurso era uma análise de currículo e então não tiveram dúvidas os encarregados da seleção: Fui considerado um dos mais fracos entre todos os candidatos para ocupar o cargo. Eu estava então, estigmatizado como fraco naquele conteúdo, apesar de ter sido um dos primeiros colocados no curso regular da disciplina e de ter até recebido elogios daquele professor como um de seus melhores alunos. Esta situação eu nunca mais pude modificar. Está, definitivamente, no meu currículo: “Este cara é fraco neste conteúdo!”

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