1 / 35

A pol êmica de Machado X “ O pri mo Basílio” de Eça de Queirós

A pol êmica de Machado X “ O pri mo Basílio” de Eça de Queirós. Carla L. Mendes Erika Fabiana M. Salvador Luana Noleto Luiz Morete. Brev íssimo contexto histórico. O ROMANTISMO É A EXPRESSÃO LITERÁRIA DO LIBERALISMO PORTUGUÊS. Na primeira metade do século XIX viveu-se

thimba
Télécharger la présentation

A pol êmica de Machado X “ O pri mo Basílio” de Eça de Queirós

An Image/Link below is provided (as is) to download presentation Download Policy: Content on the Website is provided to you AS IS for your information and personal use and may not be sold / licensed / shared on other websites without getting consent from its author. Content is provided to you AS IS for your information and personal use only. Download presentation by click this link. While downloading, if for some reason you are not able to download a presentation, the publisher may have deleted the file from their server. During download, if you can't get a presentation, the file might be deleted by the publisher.

E N D

Presentation Transcript


  1. A polêmica de Machado X “ O primo Basílio” de Eça de Queirós Carla L. Mendes Erika Fabiana M. Salvador Luana Noleto Luiz Morete

  2. Brevíssimo contexto histórico O ROMANTISMO É A EXPRESSÃO LITERÁRIA DO LIBERALISMO PORTUGUÊS. Na primeira metade do século XIX viveu-se a luta entre partidários da continuidade da Monarquia Absoluta e partidários da implantação de um Regime Liberal, em que sugeria-se, como definição de poder do estado, a formação de uma constituição.

  3. Almeida Garrett e Alexandre Herculano foram dois grandes escritores românticos da época que defenderam o Liberalismo ideológica e fisicamente. Alistaram-se no exército de D.Pedro e lutaram com armas a favor da implantação do liberalismo em Portugal.

  4. 1808 - TRANSFERÊNCIA DA CORTE PORTUGUESA PARA O BRASIL; • 1820 - PRIMEIRA REVOLUÇÃO LIBERAL; • 1831 - D. PEDRO ABIDICA DA COROA PORTUGUESA PARA REIVINDICAR O TÍTULO DE REI DE PORTUGAL E GARANTIR O LIBERALISMO NO PAÍS; • 1832-1834 - GUERRA ENTRE OS FILHOS DE D.JOÃO VI.

  5. 1865 – Estreia literária da segunda geração intelectual surgida no período constitucionalista: QUESTÃO COIMBRÃ. Geração conhecida como “Geração de 70” cujos principais integrantes eram Antero de Quental, Joaquim Pedro de Oliveira Martins, Teófilo Braga e Eça de Queirós, essa geração foi responsável pela introdução do Realismo em Portugal.

  6. 1871 – Conferências realizadas pelos jovens da geração de 70 para tratar temas que julgavam importantes para o desenvolvimento cultural da época. • Participação de Eça de Queirós na conferência: A principal reivindicação de Eça de Queirós na conferência era a de que “a arte moderna tinha por objetivo examinar a sociedade e o indivíduo e proceder à ‘crítica dos temperamentos e dos costumes’” (Franchetti, p. 14)

  7. O ROMANCE NATURALISTA: O Primo Basílio pertence ao que se poderia chamar de segunda fase da escrita de Eça de Queirós, pois é a fase em que se define com influência naturalista. Essa segunda fase se inicia em 1875 com a obra “O Crime do Padre Amaro”. Porém, devido ao seu caráter revolucionário, Eça de Queirós não fica confortável quanto aos seus princípios revolucionários.

  8. A obra como uma crítica à sociedade • Ao modo de vida burguês - social; • À instituição do casamento - cultural; • Aos hábitos das mulheres sem profundidade psicológica - como a leitura e a música; • À religião – Luísa quando se encontra em desespero, enferma.

  9. Com isso, segundo Pamuk (2009), apud Castro Rocha (2011, p. 16, 17), percebe-se que a obra de Eça tinha o intuito de criticar, satirizar a sociedade da época, a fim de expor suas mazelas para que assim ela olhasse para si e alterasse seu comportamento, pois a arte moderna daquele período “tinha por objetivos examinar a sociedade e o indivíduo.” Assim, “a arte moderna tornava-se uma eficiente “auxiliar da ciência e da consciência”, e se comprometia com a verdade e a promoção da justiça social, isto é, com a revolução.” (FRANCHETTI, p. 14).

  10. Luísa aos olhos de Eça “A senhora sentimental, mal-educada, nem espiritual (porque cristianismo já não o tem, sanção moral da justiça, não sabe o que é isso), arrasada de romance, lírica, sobre excitada no temperamento pela ociosidade e pelo mesmo fim do casamento peninsular, que é ordinariamente a luxúria, nervosa, etc,enfim, a burguesinha da Baixa”

  11. Luísa aos olhos de Machado “Luísa é um caráter negativo, e no meio da ação ideada pelo autor, é antes um títere do que uma pessoa moral. Repito, é um títere; não quero dizer que não tenha nervos e músculos; não tem mesmo outra coisa; não lhe peçam paixões nem remorsos; menos ainda consciência”. (ASSIS, 1878)

  12. Acácio Tornou-se célebre como representação da convencionalidade e mediocridades dos políticos e burocratas portugueses dos finais do século XIX, sendo até à atualidade utilizada para designar a pompa balofa e a postura de pseudo-intelectualidade utilizada por muitas das figuras públicas portuguesas. Deu origem ao termo acaciano, designação utilizada para tais figuras ou para os seus ditos.

  13. O Conselheiro Acácio é descrito por Eça como sendo um homem alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entalado num colarinho direito. O rosto aguçado no queixo, ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco amolgada no alto. Tingia os cabelos, que de uma orelha à outra lhe faziam colar para trás da nuca; e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, maior brilho à calva; mas não tingia o bigode: tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo e as orelhas muito grandes, muito despegadas do crânio.

  14. Perante a sociedade, o Conselheiro Acácio era um moralista, com constantes declarações a favor da sã moral e dos bons costumes, que faziam dele um público paladino da família e das virtudes cristãs. Nascido e criado em Lisboa, era um solteirão sem família, aposentado do cargo de diretor-geral do Ministério do Reino, que vivia num terceiro andar da Rua do Ferregial, amancebado com a criada, que entretanto o atraiçoava. Expressava-se com chavões e elaboradas frases vazias e citava muito. Com gestos sempre medidos e cerimoniosos, jamais usava palavras triviais: não dizia vomitar, antes fazia um gesto indicativo e empregava o termo restituir.

  15. Tinha sido feito cavaleiro da Ordem de Santiago, em atenção aos seus grandes merecimentos literários e às obras publicadas, de reconhecida utilidade, no campo da economia política. Em atenção aos seus grandes merecimentos literários e às obras publicadas, de reconhecida utilidade, no campo da economia política. Era autor das seguintes obras: Elementos Genéricos da Ciência da Riqueza e Sua Distribuição, com o subtítulo Segundo os Melhores Autores; da Relação de Todos os Ministros do Estado desde o Grande Marquês de Pombal até Nossos Dias com Datas Cuidadosamente Averiguadas de Seus Nascimentos e Óbitos e de uma volumosa Descrição Pitoresca das Principais Cidades de Portugal e Seus Mais Famosos Estabelecimentos

  16. Basílio Basílio foi construído como “um maroto, sem paixão nem a justificativa da sua tirania, que o que pretende é a vaidadezinha de uma aventura e o amor grátis””. (BELLINE, 1997, p.65) “ Basílio, ao pé de Luísa, ia calado. Que horror de cidade! pensava. -Que tristeza! E lembrava-lhe Paris, de verão; subia, à noite, no seu fáeton, os Campos Elísios devagar; [...] os restaurantes flamejam; há uma intensidade de vida amorosa e feliz; e para além, sai das janelas dos palacetes; através dos estores de seda, a luz sóbria e velada das existências ricas. Ah! Se lá estivesse! [...]”. (p.76)

  17. Enquanto caminhavam pela rua, o seu amigo Visconde Reinaldo, censurava Basílio por ter tido um romance com uma "burguesa", sem distinção. Não era, como ele mesmo dizia, uma amante chique, pelo contrário "não possuía relações decentes", "casara com um reles indivíduo de secretaria" e "vivia numa casinhola". Achava a relação absurda, no final das contas. E arrisca dizer que Basílio fizera o que fizera, por "higiene". Ao responder "Que ferro! Podia ter trazido a Alphonsine", Basílio confirma a suspeita do amigo.

  18. Conto: Missa do Galo Pouco a pouco, tinha-se inclinado; fincara os cotovelos no mármore da mesa e metera o rosto entre as mãos espalmadas. Não estando abotoadas, as mangas caíram naturalmente, e eu vi-lhe metade dos braços, muitos claros, e menos magros do que se poderiam supor. (...) A impressão que tive foi grande. (...) Quando eu alteava um pouco a voz, ela reprimia-me: • — Mais baixo! Mamãe pode acordar. • E não saía daquela posição, que me enchia de gosto, tão perto ficavam as nossas caras. Realmente, não era preciso falar alto para ser ouvido; cochichávamos os dois, eu mais que ela, porque falava mais (...). Afinal, cansou; trocou de atitude e de lugar.

  19. Deu volta à mesa e veio sentar-se do meu lado, no canapé. Voltei-me, e pude ver, a furto, o bico das chinelas; mas foi só o tempo que ela gastou em sentar-se, o roupão era comprido e cobriu-as logo. Recordo-me que eram pretas. Conceição disse baixinho: — Mamãe está longe, mas tem o sono muito leve; se acordasse agora, coitada, tão cedo não pegava no sono. — Eu também sou assim. — O quê? Perguntou ela inclinando o corpo para ouvir melhor. Fui sentar-me na cadeira que ficava ao lado do canapé e repeti a palavra. Riu-se da coincidência; também ela tinha o sono leve; éramos três sonos leves.

  20. Há ocasiões em que sou como mamãe: acordando, custa-me dormir outra vez, rolo na cama, à toa, levanto-me, acendo vela, passeio, torno a deitar-me, e nada. • Foi o que lhe aconteceu hoje. - Não, não, atalhou ela.

  21. Conto: “Uns braços” Havia cinco semanas que ali morava, e a vida era sempre a mesma, sair de manhã com o Borges, andar por audiências e cartórios, correndo, levando papéis ao selo, ao distribuidor, aos escrivães, aos oficiais de justiça. (...) Cinco semanas de solidão, de trabalho sem gosto, longe da mãe e das irmãs; cinco semanas de silêncio, porque ele só falava uma ou outra vez na rua; em casa, nada. “Deixe estar, – pensou ele um dia – fujo daqui e não volto mais.” Não foi; sentiu-se agarrado e acorrentado pelos braços de D. Severina. Nunca vira outros tão bonitos e tão frescos. A educação que tivera não lhe permitira encará-los logo abertamente, parece até que a princípio afastava os olhos, vexado. Encarou-os pouco a pouco, ao ver que eles não tinham outras mangas, e assim os foi descobrindo, mirando e amando. No fim de três semanas eram eles, moralmente falando, as suas tendas de repouso.

  22. Dom Casmurro (...) Foi o caso que a minha vida era outra vez doce e Plácida,a banca do advogado rendia-me bastante, Capitu estava mais bela, Ezequiel ia crescendo. Começava o ano de 1872. - Você já reparou que Ezequiel tem nos olhos uma expressão esquisita? perguntou-me Capitu. Só vi duas pessoas assim, um amigo de papai e o defunto Escobar. Olha, Ezequiel; olha firme, assim, vira para o lado de papai, não precisa revirar os olhos, assim, assim... Era depois de jantar, estávamos ainda à mesa, Capitu brincava com o filho, ou ele com ela, ou um com outro, porque, em verdade, queriam-se muito, mas é também certo que ele me queria ainda mais a mim.

  23. Aproximei-me de Ezequiel, achei que Capitu tinha razão; eram os olhos de Escobar, mas não me pareceram esquisitos por isso. Afinal não haveria mais que meia dúzia de expressões no mundo, e muitas semelhanças se dariam naturalmente. Ezequiel não entendeu nada, olhou espantado para ela e para mim, e afinal saltou-me ao colo: - Vamos passear, papai?

  24. E lá o levei e deixei. A ausência temporária não atalhou o mal, e toda a arte fina de Capitu para fazêlo atenuar, ao menos, foi como se não fosse; eu sentia-me cada vez pior. A mesma situação nova agravou a minha paixão. Ezequiel vivia agora mais fora da minha vista; mas a volta dele, ao fim das semanas, ou pelo descostume em que eu ficava, ou porque o tempo fosse andando e completando a semelhança, era a volta de Escobar mais vivo e ruidoso. Até a voz, dentro de pouco, já me parecia a mesma. Aos sábados, buscava não andar em casa e só entrar quando ele estivesse dormindo; mas não escapava ao domingo, no gabinete, quando eu me achava entre jornais e autos.

  25. Ezequiel entrava turbulento, expansivo, cheio de riso e de amor, porque o demo do pequeno cada vez morria mais por mim. Eu, a falar verdade, sentia agora uma aversão que mal podia disfarçar, tanto a ela como aos outros.

  26. O Primo Basílio Uma das partes mais conhecidas do romance corresponde à chantagem da empregada Juliana ao descobrir o adultério da patroa: “ – Seiscentos mil-réis! Onde quer você que eu vá buscar seiscentos mil-réis? - Ao inferno!- gritou Juliana. -Ou me dá seiscentos mil-réis, ou tão certo como eu estar aqui, o seu marido há de ler as cartas! Luísa deixou-se cair numa cadeira, aniquilada. - Que fiz eu para isto, meu Deus? Que fiz para isto? Juliana plantou-se-lhe diante, muito insolente”.

  27. Criterios Criticáveis Os criterios empregados por Machado são surpreendentemente moralistas- e não no sentido e não no sentido do moralismo francês do século XVII, sentido tão próximo ao próprio Machado, mas na acepção burguesa tão satirizada por Flaubert, atacada por Eça e exposta a seco nas Memórias póstumas. Eis como o leitor de O Primo Basílio descreveu o caso de Luísa e Basílio: “essa ligação de algumas semanas, que é o fato inicial e essencial da ação, não passa de um incidente erótico, sem relevo, repugnante, vulgar” (ASSIS, 1986, p. 906)

  28. Por que repugnante e vulgar? Talvez simplesmente por ser um incidente erótico, ou como Machado esclareceu um pouco adiante, condenando a “fatalidade das obras do Sr. Eça de Queirós ou, noutros termos, do seu realismo sem condescendência: é a sensação física”.

  29. O Machado de 1878, isso é, o leitor de O Primo Basílio, certamente condenaria o Machado de 1880, ou seja, o autor de Memórias póstumas de Brás Cubas. Para o crítico normativo de 1878, as aventuras de Brás Cubas pareceriam desnecessariamente eróticas; O móvel de suas ações pouco claro, uma vez que o personagem caracteriza-se por uma volubilidade estrutural; sobretudo, o crítico normativo de 1878 rejeitaria a falta de verossimilhança de um defunto narrador e apontaria a falha fundamental da estrutura: ora, como principiar uma história pela sua conclusão?

  30. Sobretudo: como deixar de condenar um romance em que o acessório parece sempre impor-se em relação ao essencial, através da técnica da digressão, com inegável sabor sterniano?

  31. Eça x Machado 1 X 0

  32. Bibliografia FRANCHETTI, Paulo. Apresentação. In: QUEIRÓS, Eça de. O Primo Basílio. Episódio doméstico. 3. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004. ROCHA, João Cezar de Castro. Machado de Assis e Eça de Queirós: formas de apropriação. Floema, n.9, jan/jun 2011.

More Related