1 / 0

IMPRESSIONISMO

IMPRESSIONISMO. IMPRESSIONISMO. O impressionismo foi um movimento artístico que revolucionou profundamente a pintura. Este movimento que surgiu na França no final do século XIX, desenvolvendo um estilo inteiramente  original. .

jam
Télécharger la présentation

IMPRESSIONISMO

An Image/Link below is provided (as is) to download presentation Download Policy: Content on the Website is provided to you AS IS for your information and personal use and may not be sold / licensed / shared on other websites without getting consent from its author. Content is provided to you AS IS for your information and personal use only. Download presentation by click this link. While downloading, if for some reason you are not able to download a presentation, the publisher may have deleted the file from their server. During download, if you can't get a presentation, the file might be deleted by the publisher.

E N D

Presentation Transcript


  1. IMPRESSIONISMO
  2. IMPRESSIONISMO O impressionismo foi um movimento artístico que revolucionou profundamente a pintura. Este movimento que surgiu na França no final do século XIX, desenvolvendo um estilo inteiramente  original. Os artistas abandonaram regras tradicionais para retratar as coisas da maneira como as viam, de acordo com suas impressões. Eles buscavam fugir do conceito do realismo, que buscava a realidade, e sim tentavam dar movimento e luz a obra. O precursor de todas essas mudanças foi o pintor francês Claude Monet.
  3. Mas o movimento só despertaria mesmo atenção na década seguinte, quando, em 1874, Monet e outros pintores, como Auguste Renoir, CamillePissarro, Alfred Sisley, Edgar Degas, Paul Cézanne e BertheMorisot, organizaram uma exposição para exibir seus trabalhos. A  mostra escandalizou o grande público e a crítica especializada, que encararam os quadros com efeito borrado e formas pouco definidas como uma provocação. Entre as obras expostas, destacava-se Impressão, nascer do Sol, de Monet. O crítico Louis Leroy se inspirou no título do quadro para afirmar, desdenhosamente, que a amostra não passava de “mero impressionismo”. Em vez de se ofenderem com o comentário, os pintores abraçaram a expressão, que acabou batizando o novo estilo.
  4. Características do impressionismo nas artes plásticas: A pintura deve registrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz solar num determinado momento, pois as cores da natureza se modificam constantemente, dependendo da incidência da luz do sol. As figuras não devem ter contornos nítidos, pois a linha é uma abstração do ser humano para representar imagens. As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam, e não escuras ou pretas, como os pintores costumavam representá-las no passado. Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores complementares. Assim, um amarelo próximo a um violeta produz uma impressão de luz e de sombra muito mais real do que o claro-escuro tão valorizado pelos pintores barrocos. As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura das tintas na paleta do pintor. Pelo contrário, devem ser puras e dissociadas nos quadros em pequenas pinceladas. É o observador que, ao admirar a pintura, combina as várias cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de ser técnica para se óptica.
  5. Características do impressionismo nas artes plásticas: Ênfase nos temas da natureza, principalmente de paisagens; Uso de técnicas de pintura que valorização a ação da luz natural; - Abandono do claro-escuro; Valorização da decomposição das cores; - Largas pinceladas, definindo as figuras; Pinceladas soltas buscando os movimentos da cena retratada; Uso de efeitos de sombras coloridas e luminosas; - Inspiração no Realismo – somente o que se vê é pintado; Uso de cores puras diretamente na tela. Eles não mais misturavam as tintas na paleta, a fim de obter diferentes cores, mas utilizavam pinceladas de cores puras que colocadas uma ao lado da outra, são misturadas pelos olhos do observador, durante o processo de formação da imagem.
  6. Principais artistas: Claude Monet Incessante pesquisador da luz e seus efeitos, pintou vários motivos em diversas horas do dia, afim de estudar as mutações coloridas do ambiente com sua luminosidade. Obras Destacadas: Mulheres no Jardim e a Catedral de Rouen em Pleno Sol. Auguste Renoir Foi o pintor impressionista que ganhou maior popularidade e chegou mesmo a ter o reconhecimento da crítica, ainda em vida. Seus quadros manifestam otimismo, alegria e a intensa movimentação da vida parisiense do fim do século XIX. Pintou o corpo feminino com formas puras e isentas de erotismo e sensualidade, preferia os nus ao ar livre, as composições com personagens do cotidiano, os retratos e as naturezas mortas. Obras Destacadas: Baile do Moulin de laGalette e La Grenouillière.
  7. Edgar Degas Sua formação acadêmica e sua admiração por Ingres fizeram com que valorizasse o desenho e não apenas a cor, que era a grande paixão do Impressionismo. Além disso, foi pintor de poucas paisagens e cenas ao ar livre. Os ambientes de seus quadros são interiores e a luz é artificial. Sua grande preocupação era flagrar um instante da vida das pessoas, aprender um momento do movimento de um corpo ou da expressão de um rosto. Adorava o teatro de bailados. Obra Destacada: O Ensaio.
  8. Destaques da obra “Impressão – Nascer do Sol”: As cores: Monet, em “Impressão – Nascer do Sol”, privilegia as cores complementares – tonalidades de azul e laranja. Para os impressionistas, as cores se influenciam mutuamente, e tons complementares dispostos lado a lado realçam um ao outro. As cores são utilizadas puras na tela, em pinceladas desassociadas. As pinceladas: sem contornos definidos, as formas são mais sugeridas do que representadas. Em “Impressão – Nascer do Sol”, as pinceladas são rápidas, pois a luz muda depressa e logo a referência visual se perde. Os impressionistas, como Monet, evitam pintar de memória. Composição: a névoa disfarça, mas sem ocultar, elementos do porto, como guindastes e navios. Os reflexos mostram o movimento das águas, que estão crispadas. A composição de “Impressão – Nascer do Sol”, plana e bidimensional. O tema:   na obra de Monet, a pintura de paisagem predomina sobre os demais temas. Paisagens são, igualmente, o assunto favorito dos impressionistas, pois permitem o estudo da luz e sua ação modificadora nos objetos da natureza.
  9. A revolução impressionista “A ‘natureza’ ou ‘motivo’ muda de minuto a minuto, quando uma nuvem passa sob o sol ou vento quebra o reflexo na água. O pintor que espera captar um aspecto característico não dispõe do tempo para misturar e combinar suas cores; ele tem que fixá-las imediatamente em sua tela, em pinceladas rápidas, cuidando menos de detalhes do que do efeito geral do todo. [...] E.H.Gombbrich, História da arte. A tela, pintada em 1872 e apresentada ao público em 1874, mostra o sol nascendo no horizonte, ainda envolto em névoa, no porto de Le Havre. Em pinceladas rápidas, o artista, em pleno contato com a natureza, pintando ao ar livre, registra o intenso cromatismo natural da cena.
  10. O SIMBOLISMO
  11. CONTEXTO HISTÓRICO NA EUROPA O Simbolismo representa, na Europa a estética do final do século XIX que se opõe às propostas do Realismo. Nas duas últimas décadas dos 1800, já percebemos, em boa parte dos autores realistas uma postura de desilusão, e mesmo frustração, em consequência das infrutíferas tentativas de transformar a sociedade burguesa industrial. “Do âmago da inteligência europeia surge uma oposição vigorosa ao triunfo da coisa e do fato sobre o sujeito - aquele sujeito a quem o otimismo do século prometera o paraíso mas dera senão o purgatório de contrastes e frustrações.” História concisa da literatura brasileira. 3ª.ed. São Paulo:Cultrix, 1989. O artista, oprimido pelo mundo material, vê abalado em meio a crises existenciais impotente para modificar o mundo exterior, a tendência natural é negá-lo e voltar-se para uma realidade subjetiva, as tendências espiritualistas renascem; o subconsciente e o inconsciente são valorizados, segundo a lição freudiana.
  12. No final do século XIX, começou-se a suspeitar que o progresso industrial isolava e apequenava o homem, ao invés de libertá-lo e potencializar suas faculdades.
  13. CONTEXTO HISTÓRICO NA EUROPA Simbolismo, que ocorreu em período de transição do séc. XIX para o séc. XX, rejeita as correntes materialistas, racionalistas, empíricas e mecânicas trazidas pelo avanço da ciência da época e valoriza valores e ideais que estavam esquecidos: o espírito, o sonho, o absoluto, o nada, o bem, o belo, o sagrado etc. A origem dessa tendência situa-se na aristocracia decadente e na classe média. Essas camadas sociais, por não participarem da a euforia do progresso materialista, que solidificou o poder burguês, propõem a volta da supremacia do sujeito sobre o objeto, rejeitando desse modo o desmedido valor dado às coisas materiais.
  14. Por isso, os Simbolistas procuraram resgatar a relação do homem com o sagrado, com a liturgia e com os símbolos. Buscam o sentimento de totalidade, que se daria numa integração da poesia com a vida cósmica, como se ela, a poesia, fosse uma religião. Dentro dessa nova concepção da realidade e da arte, as correntes materialistas racionalistas não correspondem às exigências Simbolistas e isso faz com que eles sejam criticados pela sociedade, que chegou a chamá-los de malditos ou decadentes. Apesar de ignorar a opinião pública e fechar-se, numa quase religião da palavra e de suas capacidades expressivas, os simbolistas não conseguem sobreviver por muito tempo. O mundo presencia a euforia capitalista causadas pelo o avanço científico e tecnológico, a burguesia vive um período de prosperidade, a "belleépoque", e isso só terminaria com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914. É nesse clima que o Simbolismo desaparece, porém, deixa para o mundo um alerta sobre o mal trazido pela civilização moderna e industrializada. Eles deixam também perspectivas literárias que abrem as portas para o surgimento de novas correntes literárias e artísticas.
  15. Em uma época que, sob o pretexto naturalista, a arte foi reduzida somente a uma imitação do contorno exterior das coisas, os simbolistas voltam a ensinar aos jovens que as coisas também têm alma, alma da qual os olhos humanos não captam mais do que o invólucro, o véu, a máscara. O Simbolismo define-se assim pelo anti-intelectualismo. Propõe a poesia pura, não racionalizada, que use imagens e não conceitos. É uma poesia difícil, hermética, misteriosa, que destrói a poética tradicional.
  16. Os simbolistas retomam a subjetividade da arte romântica com outro sentido. Os românticos desvendavam apenas a primeira camada da vida interior, onde se localizavam vivências quase sempre de ordem sentimental. Os simbolistas vão mais longe, descendo até os limites do subconsciente e mesmo do inconsciente.
  17. As Flores do Mal, de Charles Baudelaire Charles-Pierre Baudelaire foi um poeta e teórico da arte francesa. É considerado um dos precursores do Simbolismo, embora tenha se relacionado com diversas escolas artísticas. Sua obra teórica também influenciou profundamente as artes plásticas do século XIX. Nasceu em Paris a 9 de abril de 1821. Estudou no Colégio Real de Lyon e Colégio Louis-Le-Grand (de onde foi expulso por não querer mostrar um bilhete que lhe foi passado por um colega). Em 1840 foi enviado pelo padrasto, preocupado com sua vida desregrada, à Índia, mas nunca chegou ao destino. Pára na ilha da Reunião e retorna a Paris. Atingindo a maioridade, ganha posse da herança do pai. Por dois anos vive entre drogas e álcool na companhia de Jeanne Duval. Em 1844 sua mãe entra na justiça, acusando-o de pródigo, e então sua fortuna torna-se controlada por um notário.
  18. Diz Mallarmé: Os parnasianos tomam os objetos em sua integridade e mostram-nos. Por isso carecem de mistério. Descrever um objeto é suprimir três quartas partes do prazer de um poema, que é feito da felicidade de adivinhar-se pouco a pouco. Sugerir, eis o sonho. E o uso perfeito deste mistério é o que constitui o símbolo: evocar o objeto para expressar um estado de alma através de uma série de decifrações.
  19. "A música antes de qualquer coisa." A música é obrigatória, como nesta espécie de receita poética de Cruz e Sousa: Derrama luz e cânticos e poemasNo verso e torna-o musical e doce Como se o coração, nessas supremasEstrofes, puro e diluído fosse. Mesmo a morte, na obra do simbolista brasileiro, possui uma terrível musicalidade: Amúsica da Morte, a nebulosa,Estranha, imensa música sombria,Passa a tremer pela minh'alma e friaGela, fica a tremer, maravilhosa...
  20. "Nós não estamos no mundo", brada Rimbaud, o mundo concreto se esvaiu, perdeu sua inteligibilidade. Agora é puro mistério: atrás da ordem aparente das coisas estão o caos, a névoa, a bruma, a neblina, o incorpóreo, o fantasmagórico, o estranho, o inefável*. Só os "alquimistas do verbo" podem enxergar além da obviedade do cotidiano e deparar-se com a essência misteriosa da vida. Cruz e Sousa chega a implorar pelo mistério: Infinitos, espíritos dispersos,Inefável, edênicos*, aéreos,Fecundai o Mistério destes versosCom a chama ideal de todos os mistérios.
  21. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ESTÉTICA SIMBOLISTA. A estética simbolista rejeita o cientificismo, o materialismo, o racionalismo, valorizando, em contrapartida, as manifestações metafísicas e espirituais. O artista simbolista volta-se para uma realidade subjetiva. Os simbolistas buscam a essência do ser humano, aquilo que ele tem de mais profundo e universal ― a alma, que só liberta quando se rompem as correntes que a aprisionam ao corpo, ou seja, com a morte. Sublimação: a oposição entre matéria e espírito, a purificação, por meio da qual o espírito atinge as regiões etéreas, o espaço infinito. Valorização do inconsciente e do subconsciente, dos estados d’alma, da busca do vago, do diáfano, do sonho e da loucura. Linguagem carregada de símbolos (o tropós, isto é o “desvio”, a mudança de significado de uma palavra ou expressão), em clara oposição a uma linguagem literária mais seca e impessoal.
  22. Emprego de figuras como sinestesia e aliteração. Sinestesia – Os poetas, tentando ir além dos significados usuais das palavras, terminam atribuindo qualidade às sensações. As construções parecem absurdas e só ganham sentido dentro de um contexto poético. Vejamos algumas construções sinestésicas: Som vermelho, dor amarela, doçura quente, silêncio côncavo. Há perfumes de frescos tal a carnes de crianças, Doces como o oboé, verdes igual ao prado, – E outros, corrompidos, ricos e triunfantes. Musicalidade – Para valorizar os aspectos sonoros das palavras, os poetas não se contentam apenas com a rima. Lançam mão de outros recursos fonéticos tais como: Aliteração, Assonâncias, Reiteração
  23. Aliteração – Repetição sequencial de sons consonantais. A sequência de palavras com sons parecidos faz que o leitor menospreze o sentido das palavras para absorver-lhes a sonoridade. Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpia dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes, Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. (Violões que Choram) Assonância – É a semelhança de sons entre vogais de palavras de um poema. quando a manhã madrugavacalma alta claraclara morria de amor Reiteração – repetição de palavras ou versos inteiros. Soam suaves, sonolentos, Sonolentos e suaves
  24. Misticismo e espiritualismo – A fuga da realidade leva o poeta simbolista ao mundo espiritual. É uma viagem ao mundo invisível e impalpável do ser humano. Uso de vocabulário litúrgico: antífona, missal, ladainha, hinos, breviários, turíbulos, aras, incensos. Predominância da sugestão sobre a descrição. Estado de solidão – a subjetividade excessiva do simbolista leva-o a um estado solidão e de isolamento. Inconformado com realidade, cria sua “torre de marfim”, onde se refugia do mundo real e efetiva a busca de si mesmo. Preferência por imagens noturnas, pelo mistério e pela morte – o mundo profundo do simbolista pode ser metaforizado por imagens noturnas, como a sombra, o negro, a morte, névoa, a coruja. Uso de letras maiúsculas no meio do verso – Os poetas tentam destacar palavras grafando-as com letra maiúscula.
  25. CRUZ E SOUZA João da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Florianópolis (SC). Era filho de ex-escravos e ficou sob a proteção dos antigos proprietários de seus pais, Guilherme Xavier de Sousa e Clarinda Fagundes de Sousa, após receberem alforria. Por este motivo, recebeu uma educação exemplar no Liceu Provincial de Santa Catarina. Foi diretor do jornal abolicionista Tribuna Popular em 1881. Dois anos mais tarde, foi nomeado promotor público de Laguna (SC), no entanto, foi recusado logo em seguida por ser negro. Casou-se com Gavita Gonçalves, com quem teve quatro filhos, os quais morreram precocemente por tuberculose, o que deixou-a enlouquecida 1896. Foi o escritor quem cuidou da esposa, em casa mesmo. Essa é a temática de muitos poemas de Cruz e Sousa.
  26. Cruz e Sousa faleceu aos 36 anos, em 19 de março de 1898, vítima do agravamento no quadro de tuberculose. Obras de Cruz e Sousa Tropos e Fantasias, poesia em prosa, 1885 Missal, poesia em prosa, 1893 Broquéis, poesia, 1893 Faróis, poesia, 1900, póstuma Últimos Sonetos, poesia, 1905, póstuma Outras evocações, poesia em prosa, 1961, póstuma O Livro Derradeiro, poesia em prosa, 1961, póstuma Dispersos, poesia em prosa, 1961, póstuma Cruz e Sousa, Obra Completa, 1961, póstuma
  27. Características A morte A transcendência espiritual A integração cósmica O mistério O sagrado O conflito entre matéria e espírito A obsessão pela cor branca O erotismo e sua sublimação O sofrimento da condição negra
  28. No seus poemas, abundam substantivos comuns com iniciais maiúsculas e palavras raras. A linguagem denotativa quase desaparece na quantidade de símbolos, aliterações, sinestesias, esquisitas harmonias sonoras. Ao contrário do texto parnasiano, o simbolista exige do leitor um esforço de decifração, de "tradução" da realidade sugerida para a realidade concreta. A todo momento, o poeta apela para a linguagem metafórica.
  29. SONHO BRANCO De linho e rosas brancas vais vestido,Sonho virgem que cantas no meu peito!...És do Luar o claro deus eleito,Das estrelas puríssimas nascido. Por caminho aromal, enflorescido,Alvo, sereno, límpido, direito,Segues radiante, no esplendor perfeito,No perfeito esplendor indefinido... As aves sonorizam-te o caminho...E as vestes frescas, do mais puro linhoE as rosas brancas dão-te um ar nevado... No entanto, Ó Sonho branco de quermesse!Nessa alegria em que tu vais, pareceQue vais infantilmente amortalhado!
  30. VIDA OBSCURA Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,ó ser humilde entre os humildes seres.Embriagado, tonto dos prazeres,o mundo para ti foi negro e duro.Atravessaste no silêncio escuroa vida presa a trágicos deverese chegaste ao saber de altos saberes,tornando-te mais simples e mais puro.Ninguém te viu o sentimento inquieto,magoado, oculto e aterrador, secreto,que o coração te apunhalou no mundo.Mas eu que sempre te segui os passossei que cruz infernal prendeu-te os braçose o teu suspiro como foi profundo!
  31. Se compararmos este soneto, com anterior, percebemos a oposição que o poeta faz entre as cores branca e preta. A primeira, presente, no outro soneto (“Sonho branco”), está associado à pureza e à inocência; enquanto a segunda, presente em vários elementos deste soneto (“Vida obscura”), traz em si o signo da dor e da tragédia. Comparando os títulos, temos o branco ligado ao sonho (mesmo que natimorto) e o negro (escuridão), associado à dura vida e a seus problemas. Neste poema há outra oposição que merece destaque. Ela se dá entre o “eu” que diz os versos e o “tu” (uma segunda pessoa”), cuja vida é relatada. O primeiro apresenta-se como única testemunha da dor vivida pelo segundo, o que pode nos fazer pensar que ambos são a mesma. O ser que fala e o que é apresentado fundem-se em um único ser, cuja vida trágica nos é apresentada. Os versos finais da segunda estrofe nos falam que este alguém que é apresentado chegou “a saber de altos saberes”, numa clara alusão à consciência por ele desenvolvida. Esta consciência, porém, não lhe garante a felicidade. Ao contrário, ela só pode trazer a consciência da própria dor, o que, de certa forma, reforça a ideia de que o “eu” e o “tu” presentes no texto formam um só “eu”, consciente de sua desgraça, única testemunha da própria dor.
  32. Dos sofrimentos físicos e morais de sua vida, do seu penoso esforço de ascensão na escala social, do seu sonho místico de uma arte que seria uma 'eucarística espiritualização', do fundo indômito de seu ser de 'emparedado' dentro da raça desprezada, ele tirou os acentos patéticos que lhe garantem a perpetuidade de sua obra na literatura brasileira. Não há gritos mais dilacerantes, suspiros mais profundos do que os seus.
  33. Cárcere das almas Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza. Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades Rasga no etéreo o Espaço da Pureza. Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?!
  34. OBRAS: Poesia:"Broquéis" (1893)"Faróis" (1900)"Últimos Sonetos" (1905)"O livro Derradeiro" (1961).Poemas em Prosa:"Tropos e Fanfarras" (1885) - em conjunto com Virgílio Várzea"Missal" (1893)"Evocações" (1898)"Outras Evocações" (1961)"Dispersos" (1961)
  35. ALPHONSUS DE GUIMARAENS (1870-1921) É nome literário de Afonso Henriques da Costa Guimarães nascido no dia 24/07/1870. Alphonsus de Guimaraens estudou Engenharia na Escola de Minas Gerais e aos dezessete anos já escrevia versos inspirados em sua noiva, a prima Constança, filha de Bernardo Guimarães. Vitimada pela implacável tuberculose, sua musa morreu em Ouro Preto em 28/12/1888. A doença, que não perdoava, espiritualizou esse amor e a morte da noiva foi um tema constante na obra desse poeta mineiro. O autor morreu em 15 de julho do ano de 1921, conhecido como “O solitário de Mariana”, por ter vivido isolado dos acontecimentos. Alphonsus de Guimaraens foi um poeta que viveu intensamente este interesse o pelo indefinido e pelo mistério, sua poesia tem o clima do inexplicável, do vago, do sinestésico, do não conceitual, do intraduzível e apenas do que pode ser sentido. Dentre todos esses temas de difícil explicação ou tradução, a morte foi matéria expressiva na poesia de Alphonsus.
  36. Obras: Poesia: Setenário das dores de Nossa Senhora (1899); Câmara ardente (1889); Dona Mística (1889); Kyriale(1902); Pastoral aos crentes do Amor e da Morte (1923 , publicação póstuma) Prosa: Mendigos (1920)
  37. Hão de chorar por ela os cinamomosMurchando as flores ao tombar do diaDos laranjais hão de cair os pomosLembrando-se daquela que os colhia.As estrelas dirão: - "Ai, nada somos,Pois ela se morreu silente* e fria..."E pondo os olhos nela como pomos,Hão de chorar a irmã que lhes sorria.A lua que lhe foi mãe carinhosaQue a viu nascer e amar, há de envolvê-laEntre lírios e pétalas de rosa.Os meus sonhos de amor serão defuntos...E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,Pensando em mim: - "Por que não vieram juntos?" * Silente: silencioso, secreto.
  38. ISMÁLIA Quando Ismália enlouqueceu,Pôs-se na torre a sonhar...Viu uma lua no céu,Viu outra lua no mar.No sonho em que se perdeuBanhou-se toda em luar...Queria subir ao céu,Queria descer ao mar...E, no desvario seuNa torre pôs-se a cantar...Estava perto do céu,Estava longe do mar... E como um anjo pendeuAs asas para voar...Queria a lua do céu,Queria a lua do mar...As asas que Deus lhe deuRuflaram de par em par...Sua alma subiu ao céu,Seu corpo desceu ao mar
  39. A catedral Entre brumas ao longe surge a aurora,O hialino orvalho aos poucos se evapora,Agoniza o arrebol.A catedral ebúrnea do meu sonhoAparece na paz do céu risonhoToda branca de sol.E o sino canta em lúgubres responsos:"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"O astro glorioso segue a eterna estrada.Uma áurea seta lhe cintila em cadaRefulgente raio de luz.A catedral ebúrnea do meu sonho,Onde os meus olhos tão cansados ponho,Recebe a benção de Jesus.E o sino clama em lúgubres responsos:"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
  40. Por entre lírios e lilases desceA tarde esquiva: amargurada precePoe-se a luz a rezar.A catedral ebúrnea do meu sonhoAparece na paz do céu tristonhoToda branca de luar.E o sino chora em lúgubres responsos:"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"O céu e todo trevas: o vento uiva.Do relâmpago a cabeleira ruivaVem acoitar o rosto meu.A catedral ebúrnea do meu sonhoAfunda-se no caos do céu medonhoComo um astro que já morreu.E o sino chora em lúgubres responsos:"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!" Hialino: transparente, Arrebol: vermelhidão do nascer ou do pôr do sol, Ebúrnea: de marfim, Responsos: versículos rezados ou cantados.
  41. Este poema de Alphonsus de Guimaraens estabelece um diálogo constante entre o transcorrer do dia e os sentimentos do poeta. Cada uma das quatro partes do poema nos mostra uma parte do dia: a primeira nos fala do amanhecer, a segunda apresenta o dia com o sol alto, a terceira nos mostra o entardecer e na última temos a noite fechada. Este transcorrer do dia é uma possível metáfora para o transcorrer da vida ─ neste caso, as fases do dia seriam as fases da vida: infância, juventude, maturidade e velhice ─ e para cada momento o coração do eu lírico (a catedral ebúrnea dos sonhos) vai aparecer de uma forma diferente. A preocupação sonora dos simbolistas pode ser observada neste poema na utilização que é feita do nome do poeta, que aqui aparece como uma reprodução do badalar de um sino. A cada momento este sino se manifesta de uma forma diferente. Primeiro ele canta, depois clama, mais tarde ele chora e no final ele geme. Estas respostas dadas pelo sino estão diretamente relacionadas com as fases do dia (da vida) anteriormente apresentadas. O curioso é que ao longo de todas estas transformações que ocorrem no dia, na vida, no homem, só uma se mantém igual: o caráter lúgubre, triste, deste ser que se revela.
More Related