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Texto e Produção de Sentido.

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kesler
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Presentation Transcript


  1. Texto e Produção de Sentido.

  2. Enunciação: ato de produzir um enunciado, numa dada situação de interação verbal demarcada no tempo e no espaço, ocorrendo sempre determinada pelos gêneros do discurso. É uma seqüência obediente às regras da língua e ao acontecimento histórico que permite a emergência do enunciado. Ela, assim, não deriva do arranjo dos elementos lingüísticos em si, mas da combinação destes com o contexto de sua produção no processo de interação verbal.

  3. Para interpretar um texto, não basta recorrer à compreensão do que foi dito ou escrito. É necessário pôr em jogo também um conjunto de conhecimentos prévios que nos permite compreender, para além das unidades lingüísticas, a finalidade da enunciação presente no ato enunciativo.

  4. É a enunciação, portanto, que produz o texto, podendo este conter ou não marcas enunciativas que facilitam o trabalho de sua compreensão. Por ser produto da enunciação e não processo, o texto acaba tendo um caráter mais estável e permanente. O discurso é conhecido por sua historicidade e mobilidade.

  5. Textualidade: essa propriedade chamada coesão Um texto não se reduz a um amontoado de sentenças desconexas. O que caracterizaria, então, a textualidade? Diferentes estudiosos a têm considerado, de modo abrangente, como qualquer manifestação da competência textual humana. Nesse caso, podemos considerar como textos um desenho de Carybé, uma escultura de Michelângelo, uma música de Bach, um poema de Bandeira e até, entre outras possibilidades, um grafite num muro qualquer da cidade.

  6. As palavras texto e discurso, assim como as demais terminologias de toda área do conhecimento, são polissêmicas, isto é, podem ter mais de um significado. Num sentido mais abrangente, o texto pode ser entendido como qualquer expressão da capacidade simbólica do ser humano, desde uma poesia ou conto até um desenho a nanquim ou uma escultura. O texto inclui, deste modo, os variados eventos comunicativos realizados através de um sistema de signos.

  7. Já o discurso diz respeito a um tipo de atividade verbal, oral ou escrita, que acontece em determinadas condições, abrangendo tanto os enunciados produzidos por locutor(es) e interlocutor(es) quanto o acontecimento histórico de sua enunciação. Os textos, assim, num sentido mais restrito, acabam se transformando em materialização lingüística do discurso e constituem uma unidade significativa que assume sentido completo na interação verbal.

  8. A textualidade que nos interessa nesse tópico é aquela que consiste na materialização do discurso oral ou escrito e que se caracteriza por ter, como propriedade básica, uma unidade significativa. Tal unidade pode ser chamada de vários modos diferentes: "encadeamento semântico", "teia significativa", "tessitura semântica" etc. Não importa tanto o modo como o texto seja chamado, o que importa é que se saiba diferenciá-Io de um não-texto. Uma combinação de palavras tem de conter algumas marcas para que seja reconhecida como um texto.

  9. Poderíamos citar algumas delas relacionadas pela autora Fávero: contextualização, coesão, coerência, intencionalidade, informatividade, aceitabilidade, situacionalidade e intertextualidade. Dedicar-nos-emos, a seguir, primeiro à coesão e depois à coerência.

  10. A coesão textual, portanto, diz respeito ao fato de os diversos constituintes do texto estarem associa­dos, unidos, formando um todo entendido como um texto, em relação a um não-texto. A coesão, assim definida, é um dos fatores indispensáveis à noção de textualidade. Embora a coesão não ocorra somente entre sentenças, tecnicamente, podemos defini-Ia como "uma maneira de recuperar, em uma sentença B, um termo presente em uma sentença A".

  11. Considere o trecho inicial da reportagem: Fazendo-se passar por gari, o psicólogo Fernando Braga Costa varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado sobre a lnvisibilidade pública, Braga sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano.

  12. Nenhum usuário da língua portuguesa diria que se trata de um não-texto. Isso se deve a um elemento presente na sentença B, que faz uma ligação semân­tica com um termo já mencionado na sentença A - a palavra Braga, que repete parte do nome próprio do psicólogo Fernando Braga Costa.

  13. Caso a palavra Braga, no entando, fosse substituída pela expressão Essa invisibilidade, o resultado seria considerado um não-texto. Porque, apesar de recuperar gramaticalmente um termo presente na sentença A, a expressão introduzida não estabelece com o restante da sentença B um nexo semântico ou lógico. Decorre daí o mal-estar de um texto incoerente.

  14. Fazendo-se passar por gari, o psicólogo Fernando Braga Costa varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado sobre a "invisibilidade pública”. Essa invisibilidade sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano.

  15. Coesão referencial A coesão referencial é realizada por certos elementos lingüísticos cujo papel na língua é indicar, assinalar a referência, ou seja, são dependentes da referência para serem interpretados. Veja, a seguir, os elementos lingüísticos que realizam a coesão referencial.

  16. Os pronomes pessoais (ele, ela, nós, o, a, lhe e flexões) a) Em 1996, o psicólogo iniciara o trabalho de campo. Durante cinco anos, ele trabalhou como gari, de um a três dias por semana no Campus da Cidade Universitária da Capital Paulista. b) Um exemplo: Enquanto pessoas da classe média não cumprimentam o gari por entenderem que não se trata de uma pessoa e sim de uma função, ele tenta se proteger da violência da invisibilidade, não respondendo a um eventual cumprimento.

  17. Sem os elementos de coesão a) Em 1996, iniciara o trabalho de campo. Duran­te cinco anos, ele trabalhou como gari, de um a três dias por semana no Campus da Cidade Universitária da Capital Paulista. b) Um exemplo: enquanto pessoas da classe mé­dia não o cumprimentam por entenderem que não se trata de uma pessoa e sim de uma função, ele tenta se proteger da violência da invisibilidade, não respon­dendo a um eventual cumprimento.

  18. Os advérbios (aqui, ali, lá, aí) Eu vesti um uniforme que era todo vermelho, boné, camisa e tal. Chegando lá eu tinha a expectativa de me apresentar como novo funcionário, recém-contratado pela USP pra varrer rua com eles. Mas, os garis sacaram logo, entretanto nada me disseram. Existe uma coisa típica dos garis: são pessoas vindas do Nordeste, negros ou mulatos em geral. Eu sou branqueio, mas isso talvez não seja o diferencial, porque muitos garis ali são brancos também.

  19. Os artigos definidos o, a, os, as e suas contrações (no, na, nos, nas) Nós estávamos varrendo e, em determinado momento, comecei a papear com um dos garis. De repente, ele viu um sujeito de 35 ou 40 anos de idade, subindo a rua a pé, muito bem arrumado com uma pastinha de couro na mão. Osujeito passou pela gente e não nos cumprimentou, o que é comum nessas situações. Ogari, sem se referir claramente aohomem que acabara de passar, virou-se pra mim e começou a falar...

  20. Os pronomes possessivos (meu, teu, seu e flexões) a) Fazendo-se passar por gari, o psicólogo Fer­nando Braga Costa varreu as ruas da USP para concluir suatese de mestrado sobre a "invisibilidade pública “. b) Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os cole­gas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de suavida: "Descobri que um simples 'bom dia; que nunca recebi como gari, pode significar um so­pro de vida, um sinal da própria existência'; explica o pesquisador.

  21. Os pronomes demonstrativos (este, esse, aquele e suas flexões) a) Fernando cursava o segundo ano da faculdade e tinha uma disciplina voltada ao propósito de psicólogos desenvolverem estudos engajando-se na atividade escolhida. Esse método é conhecido como etnográfico. b) Acredito que essa experiência me deixou curado da minhadoença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos.

  22. d) Os garis e o psicólogo Fernando Braga Costa trabalharam juntos, varrendo as ruas da USP. Este ganhou notoriedade por sua esclarecedora pesquisa; aqueles, entretanto, continuam no anonimato. c) O uniforme simboliza a invisibilidade; temos de mudar isso, pois também se trata de uma violência.

  23. Os numerais (primeiro, segundo, ambos etc.) a) Com o mestrado, a pesquisa se desenvolveu em dois níveis. Primeiro, conhecer e avaliar as condições de trabalho dos garis, bem como as condições morais e psicológicas nas quais estão inseridos na cena pública. O segundo, analisar as aberturas e barreiras psicossociais que operam nos encontros entre o psicólogo social e os garis, ou seja, se havia aproximação e de que forma. b) Fernando e um gari resolveram almoçar no Bandejão Central da USP. Ambosse tornaram "invisíveis” pelo simples fato de estarem vestidos como garis. .

  24. Outros recursos de coesão Estão os demais recursos de coesão, de algum modo, ligados ao que se conhece nos domínios dos estudos do texto como coesão lexical. Esse mecanismo pode aparecer no texto sob a forma de palavras ou expressões repetidas, sinônimas ou pertencentes ao mesmo campo semântico ou expressões qualificativas. É bastante comum o emprego desse último para acrescentar novas informações ao texto.

  25. Expressões qualificativas ou epítetos Uma das saídas a esta situação, destaca o pesquisador, seria num primeiro momento ter consciência sobre a invisibilidade pública. Se o autor da matéria quisesse assumir um ponto de vista mais favorável ao psicólogo, poderia construir uma sentença assim: Uma das saídas a esta situação, destaca o dedicado pesquisador, seria num primeiro momento ter consciência sobre a invisibilidade pública.

  26. Repetição de uma palavra ou de expressões Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as Iatinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. (...) Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-Io, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as Iatinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo.

  27. Repetição do nome próprio ou parte dele Fazendo-se passar por gari, o psicólogo Fernando Braga Costa varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado sobre a "invisibilidade pública”, Braga sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano.

  28. Nominalizações ou emprego de substantivos abstratos (...) enquanto pessoas da classe média não cumprimentam o gari por entenderem que não se trata de uma pessoa e sim de uma função, ele tenta se proteger da violência da invisibilidade, não respondendo a um eventual cumprimento.

  29. Palavras ou expressões sinônimas ou quase sinônimas O estudioso comenta que a distinção de classe social determina a ação social. (...) enquanto pessoas da classe média não cumprimentam o gari (...) ele tenta se proteger da violência da invisibilidade não respondendo a um eventual cumprimento. Uma das saídas a esta situação, destaca opesquisador, seria num primeiro momento ter consciência sobre a invisibilidade pública.

  30. Coesão por metonímia Para o FMI, o governo brasileiro será tentado a gastar mais do que o previsto para este ano, mas Brasília deve resistir às pressões por gastos.

  31. Coesão pela relação entre hiperônimos e hipônimos É aquela realizada pela relação entre palavras ou expressões de sentido mais genérico e amplo e as de sentido mais específico e restrito. Um deles foi até o latão de lixo, pegou duas latinhas de refrigerante, cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali...

  32. Coesão por elipse ou ausência Trata-se de um mecanismo de retomada por supres­são de um elemento já mencionado anteriormente. Os garis são carregados na caçamba da caminhonete junto com as ferramentas. É como se eles fossem ferramentas também. Eles não deixaram eu viajar na caçamba, quiseram que eu fosse na cabine. Tive de : insistir muito para poder viajar com eles na caçamba. Chegando no lugar de trabalho, continuaramme tratando diferente.

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