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Transplantes. Clarissa Duarte 2009. Transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na troca de um órgão (coração, rim, pulmão e outros) de um paciente doente (Receptor) por outro órgão normal de alguém que morreu (Doador). Os transplantes inter-vivos são realizados com menos freqüência
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Transplantes Clarissa Duarte 2009
Transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na troca de um órgão (coração, rim, pulmão e outros) de um paciente doente (Receptor) por outro órgão normal de alguém que morreu (Doador). Os transplantes inter-vivos são realizados com menos freqüência • Os transplantes são realizados, somente, quando outras terapias já não dão mais resultados. Para alguns, portanto, é o único tratamento possível que possibilite continuar vivendo. • Alotransplante: técnica de transplante em que se utiliza órgão de animais da mesma espécie. • Xenotransplante: os órgãos oriundos de outras espécies animais. • Transplante heterotópico: ex - o coração do doador é colocado ao lado do coração do receptor (PORTO, 1998). • Transplante ortotópico: ex - o coração do receptor é retirado e substituído pelo coração do doador (PORTO, 1998).
História dos transplantes • Bíblia, no livro de Gênesis 2:21-22. Nesse relato Adão aparece como o primeiro doador. • Dois médicos chineses, Itoua To e Pien Tsio (Cosme e Damião), eram gêmeos e nasceram em 287 d.C., tendo estudado medicina na Grécia e Cecília, na Ásia Menor. Conta-se que esses médicos teriam transplantado a perna de um soldado negro que acabara de morrer em outro homem, um velho branco que havia perdido a perna naquele mesmo dia. Eles atendiam as pessoas sem cobrar e, por isso, foram perseguidos, julgados e executados por Deocleciano e posteriormente, tornaram-se mártires e santos. Hoje, são os padroeiros dos médicos cirurgiões (Fundação Banco de olhos, 2000; Pereira, 2004). • As primeiras tentativas de transfusão de sangue foram sem sucesso até a descoberta dos diferentes tipos de sangue e suas mútuas compatibilidades ou incompatibilidades. A enorme necessidade e o grande uso de transfusão de sangue na Guerra de 1914-1918 propiciou o surgimento dos bancos de sangue para a armazenagem dos mesmos. Esse evento talvez foi um dos mais importantes passos na história dos transplantes. A transfusão de sangue, não trata da natureza dos problemas éticos e filosóficos associados com os transplantes de órgãos sólidos não regeneráveis tais como rins, corações, pulmões, pâncreas e fígados (Lamb, 2000).
O transplante de órgãos não vitais aumentou significativamente no século 20. Os enxertos de pele iniciaram no fim dos anos 20, como medida paliativa nos casos de queimaduras. Os primeiros transplantes de córnea começaram em 1905, e sua prática cotidiana só foi consolidada em 1944, quando o primeiro banco de olhos mundial foi inaugurado, o Hospital Manhattan de Olhos, Ouvidos e Garganta. A eficácia do transplante de córnea na recuperação da visão, possibilitou à integração deste serviço aos sistemas de saúde pública de vários países. • Entretanto, a era moderna dos transplantes começou na década de 1950 com o transplante de órgãos não regeneráveis, salientando-se as contribuições dos cirurgiões Aléxis Carrel (1873-1944, Prêmio Nobel de 1912) e Charles C.Guthrie (1880) que desenvolveram a técnica de sutura dos vasos sanguíneos. Também, Emmerich Ullmann (1861-1937) removeu um rim de um cachorro e o manteve funcionando por poucos dias no corpo de outro cachorro. O insucesso desse transplante revelou o problema da rejeição e experiências ulteriores mostraram a necessidade da semelhança genética estrita entre o doador e o receptor para o sucesso desse transplante (Lamb, 2000). • Peter Medawar ganhador do prêmio Nobel (1960), em seu trabalho sobre a imunologia dos transplantes identificou a importância da imunidade celular no processo de rejeição dos enxertos, permitindo o desenvolvimento dos protocolos de imunossupressão (Salmela et al, 1995).
Nos anos seguintes os esforços foram no sentido de superar o problema da rejeição através do desenvolvimento de novos imunosupressores. Nas décadas de 60 e 70 desenvolveram-se fármacos com uma melhor ação imunossupressora e expressivos efeitos colaterais, tais como a nefrotoxicidade, hipertensão arterial, neurotoxicidade, hiperglicemia, neoplasias, infecções, hiperlipidemia e hiperpotassemia. Em 1983, uma nova droga com característica mais seletiva e de menor efeito colaterais, a ciclosporina foi desenvolvida, a qual transformou os transplantes de uma simples curiosidade, para uma terapia efetiva (Lamb, 2000; Schafer, 2001; Harjula et al, 1995). • A década de 80 foi marcada pelo surgimento de vários eventos tais como novas drogas imunossupressoras, a ciclosporina e o tacrolimus, a padronização nas retiradas múltiplas dos órgãos dos doadores cadáveres e o desenvolvimento por Belzer de uma no va solução de conservação dos órgãos. Estes avanços permitiram obter resultados encorajadores nos transplantes do rim, coração e fígado proporcionando uma sobrevida de até 80% em dois anos aos pacientes transplantados (Pereira, 2004). • O transplante renal foi o primeiro dos procedimentos de transplante de • órgãos largamente utilizados no tratamento de falência termina l de órgãos. As técnicas cirúrgicas básicas, usadas no transplante renal foram desenvolvidas no princípio do século XX por Alexis Carrel ganhador do prêmio Nobel de 1912, e que ainda hoje são adotadas (Salmela et al, 1995).
A doação de órgãos é um ato pelo qual você manifesta a vontade de que, a partir do momento de sua morte, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos), em condições de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar outras pessoas. • Cerca de 1% de todas as pessoas que morrem são doadores em potencial. Entretanto, a doação pressupõe certas circunstâncias especiais que permitam a preservação do corpo para o adequado aproveitamento dos órgãos para doação. • É possível também a doação entre vivos no caso de órgãos duplos. É possível a doação entre parentes de órgãos como o Rim, por exemplo. No caso do Fígado, também é possível o transplante intervivos. Neste caso apenas uma parte do Fígado do doador é transplantado para o receptor. Este tipo de transplante é possível por causa da particular qualidade do Fígado de se regenerar, voltando ao tamanho normal em dois ou três meses. No caso da doação inter-vivos, é necessária uma autorização especial e diferente do caso de doador cadáver. • Não existe limite de idade para a doação de córneas. Para os demais órgãos, a idade e história médica são consideradas. • Não podem ser considerados doadores pessoas portadoras de doenças infecciosas incuráveis, câncer ou doenças que pela sua evolução tenham comprometido o estado do órgão. Os portadores de neoplasias primárias do sistema nervoso central podem ser doadores de órgãos. • Também não podem ser doadores: pessoas sem documentos de identidade e menores de 21 anos sem a expressa autorização dos responsáveis.
A doação de órgãos como Rim e parte do Fígado pode ser feita em vida. • Mas em geral nos tornamos doadores quando ocorre a MORTE ENCEFÁLICA. Tipicamente são pessoas que sofreram um acidente que provocou um dano na cabeça (acidente com carro, moto, quedas, etc). • Pessoas sem identidade, indigentes e menores de 21 anos sem autorização dos responsáveis, não são consideradas doadoras.
Morte encefálica significa a morte da pessoa. • É uma lesão irrecuperável do cérebro após traumatismo craniano grave, tumor intracraniano ou derrame cerebral. • É a interrupção definitiva e irreversível de todas as atividades cerebrais. Como o cérebro comanda todas as atividades do corpo, quando morre, os demais órgãos e tecidos também morrem. Alguns resistem mais tempo, como as córneas e a pele. Outros, como o coração, pulmão, rim e fígado sobrevivem por muito pouco tempo. • A morte encefálica pode ser claramente diagnosticada e documentada através do exame da circulação cerebral por técnicas extremamente seguras, embora existam opiniões contrárias a esta afirmativa. • Por algum tempo, as condições de circulação sangüínea e de respiração da pessoa acidentada poderão ser mantidas por meios artificiais, ou seja, atendimento intensivo (em UTI, com medicamentos que aumentam a pressão arterial, respiradores artificiais, etc), até que seja viabilizada a remoção dos órgãos para transplante. • É importante que não se confunda morte encefálica com COMA. O estado de coma é um processo reversível. A morte encefálica não. Do ponto de vista médico e legal, o paciente em coma está vivo. Para que a morte encefálica seja confirmada é necessário o diagnóstico de, pelo menos, dois médicos, sendo um deles neurologista. Estes médicos não podem fazer parte da equipe que realizam o transplante. Os exames complementares, ou seja, além do exame clínico, para confirmar a morte encefálica, que inclui eletroencefalograma e arteriografia cerebral, são realizados, pelo menos duas vezes, com intervalo de seis horas. Só então a morte encefálica pode ser confirmada.
O intervalo máximo entre a retirada e a doação não deve exceder quatro horas. O ideal é que as duas cirurgias ocorram simultaneamente. O Fígado resiste até 24 horas fora do organismo. O Rim é bastante resistente, se comparado a outros, e a espera pode ser de 24 a 48 horas. O Pâncreas, como no caso do coração e do pulmão, exige que as cirurgias de retirada e doação, sejam feitas quase que simultaneamente. A Córnea pode permanecer até sete dias fora do organismo, desde que mantida em condições apropriadas de conservação. • Se existe um doador em potencial (vítima de acidente com traumatismo craniano, derrame cerebral, etc.) a função vital dos órgãos deve ser mantida pelo hospital. É realizado o diagnóstico de morte encefálica e a Central de Transplantes é notificada. A Central localiza e entra em entendimento com a família do doador e pede o seu consentimento mesmo que a pessoa tenha manifestado em vida o desejo de doar. Após isso, o doador é submetido a uma bateria de exames para verificar se não possui doenças que possam comprometer o transplante (hepatite, AIDS, etc.) Com tudo OK, a Central de Transplantes faz um cruzamento de compatibilidade com os pacientes em lista de espera, identifica um receptor e aciona as equipes de captação e de transplante.
Nem o doador, nem seus familiares, podem escolher o receptor. A não ser no caso de órgãos duplos e doação em vida. Caso contrário, o receptor será sempre indicado pela Central de Transplantes com base em uma série de critérios que incluem: • 1) compatibilidade sangüínea; • 2) histocompatibilidade; • 3) peso e tamanho do órgão. Encontrado(s) o(s) paciente(s) que apresentam o perfil adequado para receber o órgão, será escolhido aquele em estado mais grave. Este poderá ser (ou não) o seu familiar. Em resumo: nós não podemos escolher quem receberá os órgãos de um familiar com morte encefálica. Isso evita a comercialização de órgãos.
Aspectos éticos e legais • Ética “é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade”. • Princípios bioéticos: . O PRINCÍPIO DE NÃO MALEFICÊNCIA: De acordo com este princípio, o profissional de saúde tem o dever de, intencionalmente, não causar mal e/ou danos a seu paciente. . O PRINCÍPIO DE BENEFICÊNCIA: A beneficência tem sido associada à excelência profissional desde os tempos da medicina grega, e está expressa no Juramento de Hipócrates: “Usarei o tratamento para ajudar os doentes, de acordo com minha habilidade e julgamento e nunca o utilizarei para prejudicá-los”. . O PRINCÍPIO DE RESPEITO À AUTONOMIA:Autonomia é a capacidade de uma pessoa para decidir fazer ou buscar aquilo que ela julga ser o melhor para si mesma. Para que ela possa exercer esta autodeterminação são necessárias duas condições fundamentais: a) capacidade para agir intencionalmente, o que pressupõe compreensão, razão e deliberação para decidir coerentemente entre as alternativas que lhe são apresentadas; b) liberdade, no sentido de estar livre de qualquer influência controladora para esta tomada de posição. . O PRINCÍPIO DE JUSTIÇA:A ética biomédica tem dado muito mais ênfase à relação interpessoal entre o profissional de saúde e seu paciente, onde a beneficência, a não maleficência e a autonomia têm exercido um papel de destaque, ofuscando, de certa maneira, o tema social da justiça. Justiça está associada preferencialmente com as relações entre grupos sociais, preocupando-se com a eqüidade na distribuição de bens e recursos considerados comuns, numa tentativa de igualar as oportunidades de acesso a estes bens.