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Quando Eu Me for. Poema de. Cida Valadares. Quando eu me for daqui. Por favor, faça-me um carinho, último. Não me procure por entre várzeas floridas, ou, não. Nem marque em seu calendário, qualquer estação. Não erga seu olhar aos ninhos dos passarinhos nem ao desabrochar de uma flor.
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Quando Eu Me for... Poema de Cida Valadares
Quando eu me for daqui... Por favor, faça-me um carinho, último.
Não me procure por entre várzeas floridas, ou, não. Nem marque em seu calendário, qualquer estação.
Não erga seu olhar aos ninhos dos passarinhos nem ao desabrochar de uma flor. Não permita que seus olhos ensaiem quaisquer lágrimas...
Deixe que apenas a relva molhe de orvalho os canteiros dos jardins e, faça exalar o perfume dos jasmins.
Quando eu me for daqui...Não folhei meus livros procurando, em meus poemas, vestígios de mim.
Quantas vezes, em minhas páginas, por mais que estivessem repletas de cenas e ação, escrevi apenas... Solidão.
Não cheire minhas roupas para sentir o perfume do corpo que não as veste.Quantas vezes, à sua espera, despi-me, sem ao menos ter ido, ao portão.
A nossa música preferida... Decorei-a, nota por nota, palavra por palavra, regendo-a, silenciosamente, entre os cantos do meu coração.
Tome-a, somente para você e escute-a enquanto joga, ao vento, nossas fotografias...Eis que se tornaram cinzas de uma história cremada pela separação.Mas, jogue-as, delicadamente...
Perpassei-as entre minhas mãos, lembrando um ritual de maltratos cada vez que eu folheava, nossos álbuns de retratos.
Por isso, quando eu me for daqui não me procure em lugares comuns.Procure-me por todos os caminhos que tive que seguir todas as vezes em que se separou de mim.
Procure-me entre os tropeços, as quedas, as lágrimas vertidas... Em vão. Tente encontrar-me além das promessas nas quais acreditei e nos sonhos que sonhei...Embalada nos braços seus.
Se quiser, pode procurar-me entre os sons dos meus sorrisos retinentes, como guisos a se perderem, espaço à fora de sua amnéstica memória.
Esmiúce os sonhos que sonhei e troque a personagem que não mais sou eu. Cumpra o ritual da saudade com que me presenteou...Ah! Como lá estou.
Depois, exauridas suas esperanças de me encontrar, entre tantas lembranças... Olhe o céu e, olhe a lua.
Não, não é o vento, tão pouco a brisa que lhe causa tanto arrepio. Sou eu! E, insanamente, este amor que sublimou todos os sentimentos da minha vida.
Sou eu... Agora estrela, agora lua... E, para sempre...Agora sua!