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1. Cordis e Outros Poemas Patativa do Assar
2. Das brenhas da caatinga, o poeta da roa, irmo dos fabianos e severinos, vem, em chave de desafio, responder s classes dominantes, com uma poesia que promove a libertao da figura humilde dos que no tinham vez, nem voz. Pois tm agora ao menos voz: a voz viva de Patativa do Assar.
(Cludio Henrique Sales Andrade)
3. O Processo Criativo
Ah, isso a, s quem pode lhe dizer a natureza, o prprio poeta no pode no.
Ele no sabe o segredo, porque tudo isso uma bno de Deus. De qualquer coisinha eu crio aquilo que eu quero.
Muitas vezes s uma simples brincadeira, mas no entanto encerra uma verdade inegvel, e isso a que muita gente no entende, eu dentro da cultura popular, eu exponho muita coisa.
O Povo 28/02/1998.
4. UMA PATATIVA DE SANTANA A SORBONE
5. A Iniciao Segundo de cinco filhos de um casal de agricultores pobres, Antnio Gonalves da Silva nasce em 5 de maro de 1909, na Serra de Santana, no Cariri cearense, a 18 km de Assar. Aos quatro anos, perde uma das vistas, por cai de um sarampo. Aos doze, freqenta uma escola no campo por quatro meses aprendendo apenas a ler. Faz a seus primeiros versos. Aos dezesseis, vende uma cabra e compra uma viola, passando a cantar de improviso. Na poca j improvisa mesmo glosando, sem o instrumento. Canta quando o convidam a faz-lo casamentos e em outras festas.
Aos vinte anos, Antnio levado por um tio que viera do Par visitar a famlia. L, este o apresenta ao escritor cearense Jos Carvalho de Brito, autor de O Mulato Cearense e o Caboclo do Par, no qual dedica um captulo a Antnio Pede ao rapaz uns versos para publicar no Correio do Cear, do qual redator. Ele os concede, e o escritor, alm de public-los, faz-lhes uma apreciao e compara-lhe o canto ao de uma patativa. A partir da, o repentista, j aos vinte anos, ganha o epteto de Patativa.
8. DA ORALIDADE ESCRITA E AO SUCESSO Mais uma vez, a sorte se opera de modo justo na vida do poeta campons. Em 1955, Jos Arraes de Alencar, latinista cearense, domiciliado no Rio de Janeiro, mas em visita me no Crato, ouve-lhe uma recitao pelo rdio e manda cham-lo. Oferece-lhe publicao. Se houvesse sucesso, Patativa pagaria o impresso. Se no, nada lhe deveria. Dr. Moacir Mota, gerente do Banco do Brasil no Crato, filho do poeta Leonardo Mota, datilografa os poemas de Patativa e remete-os por o Rio de Janeiro. L, Arraes consegue que a Editora Borsoi os publique em Um livro e manda as cpias para a agncia do Banco do Brasil gerenciada pelo amigo datilografo. O poeta as vende no Crato e em Assar. Assim, nasce, em 1956, o primeiro livro do poeta: Inspirao Nordestina.
10. Epitfio
Conheo que estou no fim
e sei que a terra me come
mas fica vivo o meu nome
para os que gostam de mim.
11. Livros Publicados Inspirao Nordestina (1956 1 edio / 1967 2 edio);
Cante l que eu canto c (1978);
Ispinho e Ful (1988);
Balceiro (1991), em parceria com Geraldo Gonalves;
Aqui tem coisa (1994).
12. Aspectos Formais
A estrofao e a mtrica so populares. O que as marca a liberdade, que i possvel graas simplicidade. Patativa usa oitavas, sextilhas e dcimas, s vezes alternando os dois ltimos tipos de estrofes, com uma sextilha abrindo e outra fechando o poema. o que ocorre em "O Doutor Raiz" e em "As Faanhas de Joo Mole", que tem 28 sextilhas e 27 dcimas, sendo estas constitudas de pentasslabos e aquelas de heptasslabos, como se o verso menor unido estrofe mais longa a aproximasse em durao das sextilhas com versos maiores. J o poema "ABC do Nordeste Flagelado" tem 23 dcimas, uma para cada letra do alfabeto, e uma oitava de fechamento. O poema "Glosas Sobre o Comunismo" oito motes em dsticos alternados com 27 dcimas e uma oitava, cujos versos comeam com as letras do nome "Patativa". Constitudo o nome do poeta ( Acrstico)
13. Aspectos Temticos Dicotomias como a riqueza e a pobreza, a felicidade e o infortnio, o bem e o mal; aspectos como o social e o poltico; a tica, a honestidade, o perdo, a grandeza de alma, a democracia, a f em Deus e na religio, bem como a necessidade de justia social e de igualdade, a dimenso do sofrimento e do herosmo do povo nordestino, a tradio e a natureza so os temas mais recorrentes na potica de Patativa.
14. PRMIOS E HOMENAGENS 1982 - ttulo de Amigo da Cultura da Secretaria de Cultura do Estado e Centro Acadmico do Curso de Letras da UFC
1983 - ttulo de Cidado de Fortaleza, pela Cmara Municipal de Fortaleza,homenagem da Assemblia Legislativa, em 14 de junho
1987 - recebe a Medalha da Abolio, do Governo do Cear, "pelos relevantes servios prestados ao Estado"