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Tipos de discurso

Tipos de discurso. Produção Textual 1m1, 1m2 e 1m3 Prof.: Maria Anna. O locutor.

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Presentation Transcript


  1. Tipos de discurso Produção Textual 1m1, 1m2 e 1m3 Prof.: Maria Anna

  2. O locutor • É o dono da voz; a voz que dialoga conosco, os ouvintes, ou os leitores de um texto. Pode abrir espaço para que os personagens se manifestem, falem , dialoguem. Teremos então outras vozes no texto, outros discursos além do discurso do locutor.

  3. Tipos de discurso • No caso das falas dos personagens, o narrador pode transcrevê-las literalmente ou reproduzi-las com suas palavras. • O mesmo acontece em textos não ficcionais (matérias jornalísticas, textos expositivos ou argumentativos, por exemplo), quando o locutor abre espaço para outras vozes, seja por citações diretas ou incorporadas ao seu discurso. • Assim teremos o discursodireto ou o discursoindireto.

  4. Discurso direto • Reprodução fiel da fala do personagem, devidamente marcada por dois pontos, travessão ou aspas. Nesse caso, poderíamos dizer que um “locutor 1” abre espaço para um “locutor 2”, “3”, “4” etc. É o que ocorre nos seguintes exemplos:

  5. “O Sem-Pernas não havia ainda voltado. Não havia ninguém no trapiche, o intermediário desapareceu no cais. Deviam estar todos espalhados pelas ruas da cidade, cavando o jantar. Os três saíram novamente e foram comer num restaurante barato que havia no mercado. Na saída do trapiche, o Gato, que estava muito alegre com o resultado do jogo, quis passar uma rasteira em Pedro Bala. Mas este livrou o corpo e derrubou o Gato: -Tou treinado nisso, bestão. Entraram no restaurante fazendo barulho. Um velho, que era o garçom, se aproximou com desconfiança. Sabia que os Capitães da Areia não gostavam de pagar e que aquele de talho na cara era o mais temível de todos. Apesar de haver bastante gente no restaurante, o velho disse: - Acabou tudo. Não tem mais boia. Pedro Bala replicou: - Deixa de conversa fiada, meu tio. Nós quer comer.” (AMADO, Jorge, Capitães da Areia. 111ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2003. p.19)

  6. Comentários: A fala inicial, em terceira pessoa, é do narrador. Nos diálogos, temos a fala de dois personagens – de Pedro Bala e do garçom. As falas, reproduzidas integralmente e introduzidas por travessão, são exemplos de discurso direto. Via de regra, elas vêm acompanhadas de um verbo de elocução (dicendi), ou seja, aquele que indica fala de personagem (dizer, falar, responder, perguntar, indagar, retrucar, afirmar etc.) seguido de dois-pontos. Alguns autores modernos dispensam o emprego dos verbos de elocução em favor de um ritmo mais veloz na narrativa. Outros, em busca de maior expressividade, utilizam estruturas inovadoras e criativas para reproduzirem diferentes vozes do texto.

  7. Exemplo: romance Memorial do Convento de José Saramago Num estilo muito particular, temos parágrafos de aproximadamente uma página, com textos ininterruptos e falas inseridas em meio à narração sem o recurso dos dois pontos, do travessão ou das aspas: “Quando Baltasar entra em casa, ouve um murmúrio que vem da cozinha, é a voz da mãe, a voz de Blimunda, ora uma, ora outra, mal se conhecem e têm tanto para dizer, é a grande interminável conversa das mulheres, parece coisa nenhuma, isto pensam os homens, nem eles imaginam que esta conversa é que segura o mundo na sua órbita, não fosse falarem as mulheres umas com as outras, já os homens teriam perdido o sentido da casa e do planeta. Deite-me a sua bênção, minha mãe, Deus te abençoe, meu filho, não falou Blimunda, não lhe falou Baltasar, apenas se olharam, olharem-se era a casa de ambos.”

  8. A expressividade do discurso direto • “No plano expressivo, a força da narração em discurso direto provém essencialmente de sua capacidade de atualizar o episódio, fazendo emergir da situação a personagem, tornando-a viva para o ouvinte, à maneira de uma cena teatral, em que o narrador desempenha a mera função de um indicador das falas. Estas, na reprodução direta, ganham naturalidade e vivacidade, enriquecidas por elementos linguísticos tais como exclamações, interrogações, interjeições, vocativos e imperativos, que costumam impregnar de emotividade a expressão oral.” (CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.)

  9. Discurso indireto • Ocorre quando o narrador utiliza as próprias palavras para reproduzir a fala de um personagem. Temos assim a mistura de duas vozes ou de dois enunciadores: “Compreendi que estava velho e precisava de uma força, mas o Quincas Borba partira seis meses antes para Minas Gerais, e levou consigo a melhor das filosofias. Voltou quatro meses depois, e entrou-me em casa, certa manhã, quase no estado em que eu o vira no Passeio Público. A diferença é que o olhar era outro. Vinha demente. Contou-me que, para o fim de aperfeiçoar o Humanitismo, queimara o manuscrito todo e ia recomeçá-lo.” (ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Scipione, 1994)

  10. A expressividade do discurso indireto • “No discurso indireto, o narrador subordina a si a personagem, com retirar-lhe a forma própria e afetivamente matizada da expressão. Mas não se conclua daí que tal modalidade de discurso seja uma construção estilística pobre. O seu uso ressalta o pensamento, a essência significativa do enunciado reproduzido, deixando em segundo plano as circunstâncias e os detalhes acessórios que o envolvem.” (CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.)

  11. Comentário: No discurso indireto também há verbo de elocução (que é o núcleo do predicado da oração principal), seguido de uma oração subordinada (a fala do personagem complementa o significado do verbo de elocução – contou-me que... – desempenhando a função de complemento verbal.) Esquematizando: Oração principal + Oração subordinada substantiva objetiva direta Contou-me +que queimara o manuscrito todo. (verbo transitivo direto e indireto)

  12. “O discurso direto permite melhor caracterização da personagem, com reproduzir-lhes, de maneira mais viva, os matizes da língua afetiva, as peculiaridades da expressão (gíria, modismos fraseológicos etc.). No discurso indireto, o narrador incorpora na sua linguagem a fala das personagens, transmitindo-nos apenas a essência do pensamento a ela atribuído.” (GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna. 7.ed.Rio de Janeiro: FGV, 1978.)

  13. O discurso indireto livre • Não há indicadores muito evidentes dos limites entre a fala do narrador e a fala da personagem. • Monólogo interior é a representação da linguagem espontânea e não suficientemente organizada que se vai formando no íntimo da personagem durante o fluxo da consciência. À medida que as lembranças, os sentimentos, as imagens fluem, a personagem “fala” dentro de si, consigo mesma. Essa “fala” não se dirige a ninguém, não se destina a informar, apenas contém e transporta “o conteúdo e os processos psíquicos da personagem, parcial ou inteiramente inarticulados, exatamente como esses processos existem em diversos níveis do controle consciente, antes de serem formulados para a fala deliberada.

  14. Tal ausência de intenção informativa e de “plateia” é que distingue o monólogo interior do solilóquio. O monólogo interior pode ser direto ou indireto. O monólogo interior indireto é a representação da “fala” interior da personagem diretamente inserida na linguagem do narrador, formando ambas o que se denomina discurso indireto livre. Observe-se bem que a fala é do narrador, mas nela há a inserção da “fala” interior da personagem. Essa fusão não afasta completamente a presença do narrador.

  15. A DECISÃO O homem entrou em casa com passadas firmes foi reto procurar a mulher que estava na cozinha, enchendo a chaleira d’água. Ele tinha a cara rubra, os olhos brilhantes mas os lábios estavam brancos e secos, teve que passar a ponta da língua entre eles para separá-los, a saliva virou cola? Antes de dizer o que estava querendo dizer há mais de cinco anos e não dizia, adiando, adiando. Esperando uma oportunidade melhor e faltava coragem, esmorecia, quem sabe na próxima semana, depois do aniversário do Afonsinho? Ou em dezembro, depois do aumento no emprego, teria então mais dinheiro para enfrentar duas casas – mas o que é isso, aumento no vencimento e aumento na inflação? Espera, agora a Georgeana pegou sarampo, deixa ela ficar boa e então. E então?! Hoje, HOJE! Tinha que ser hoje, já! As grandes decisões eram assim mesmo, como numa batalha, seguir a inspiração do momento e o e o momento era inadiável, maduro, estourando como um fruto, ele estourando também, aproveitar essa energia de lutador que lhe viera de um jato, sentiu-se um Napoleão, iluminado, o dedo apontando na direção do inimigo, avançar! Avançou e a fala ficou sem pausa e sem hesitação, fala treinada há cinco anos, ir no alvo, depressa!

  16. Ia deixá-la porque estava loucamente apaixonado por outra e de joelhos pedia perdão pelo sofrimento e pelo desgosto, está certo, podia chamá-lo de crápula por deixar uma esposa tão perfeita e uns filhos tão queridos mas se ficasse a vida acabaria num inferno tão insuportável que era melhor dizer tudo agora porque ia morrer se não dissesse esta coisa que lhe caíra na cabeça como um tijolo, esta paixão avassaladora, talvez se arrependesse um dia e até se matasse de remorso mas agora tinha que confessar, estava apaixonado por outra e ela devia entender e mais tarde os filhos iam entender também que tinha que ir porque estava APAIXONADO POR OUTRA – você está me ouvindo? A mulher pelejava por acender o fósforo úmido, não conseguiu, riscou outro palito e o palito falhou e experimentou um terceiro enquanto lhe gritava que chegasse dessa brincadeira besta, já não bastavam as crianças que hoje estavam impossíveis e também ele agora atormentando, heim?! Empurrou-o na direção da porta, mas vamos, não fique com essa cara, depressa, vá buscar uma caixa de fósf... ah! graças a Deus que este não molhou, vontade de um café com pão, de qualquer jeito ele tinha que sair para buscar pó de café e depressa que logo, logo a água estaria fervendo, queria o pó moído na hora e meia dúzia de pãezinhos que deviam estar saindo do forno e levasse também um pacote de fósforos marca Olho (e riu) que este é marca barbante para não dizer outra marca que começa com m

  17. (enxugou as mãos no avental), como se não bastassem as gracinhas do filho e também ele com as brincadeiras debilóides, um pouco velho para brincar assim, não? O homem pegou o Júnior pela mão, foi buscar o pó de café, os pãezinhos, os fósforos e não brincou mais. (TELLES, Lygia Fagundes. Ícaro Brasil, out. 1998)

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