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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Observatório Dietrich Schiel. Parceria entre professor e centro de ciências. Encontros II “Parte A” Temas 4 e 6. Profa . Dra. Claudia Munte Instituto de Física de São Carlos - USP Pedro Donizete Colombo Junior pedro.colombo@usp.br. O ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO.
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Observatório Dietrich Schiel Parceria entre professor e centro de ciências... Encontros II “Parte A” Temas 4 e 6 Profa. Dra. Claudia Munte Instituto de Física de São Carlos - USP Pedro Donizete Colombo Junior pedro.colombo@usp.br
O ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO Adaptado de http://blogs.edf.org/climate411/wp-content/files/2007/07/ElectromagneticSpectrum.png
NOSSA FONTE DE LUZ: O SOL http://osoleasaude.blogspot.com/2007/05/radiao-solar.html
HISTÓRIA DA ESPECTROSCOPIA ~330 a.C. Aristóteles Luz existe independentemente do olho humano ~295 a.C. Euclides de Alexandria 1º tratado de Ótica: engloba tudo relacionado à visão direta (não refração nem reflexão) “Raios de Visão”: para que um objeto possa ser visto devemos (a) iluminá-lo e (b) olhar para ele ~250 a.C. Archimedes refração do raio de luz estuda o fenômeno do “arco-íris” ~55 a.C. Tito Lucrécio átomos são incolores; cores provém da incidência da luz
~ 145 Ptolomeu Ótica: inclui refração e reflexão ~ 1280 Alhazen (ibn al-Haitam) cores surgem devido a diferentes condições da luz pedra de leitura (lentes de cristais de rocha) 1289 Qutbaddin as-sIrazi explicação para o arco-íris por analogia entre gotas de chuva e esfera de vidro contendo água 1608 Hans Lipperhey descoberta da luneta (telescópio) 1609 Galileo Galilei constrói telescópio e o aponta para o céu: atronomia
1626 Rene Descartes Lei da Refração 1666 Isaac Newton decomposição da luz solar em um prisma: 6 ou 7 (!) cores recomposição em um segundo prisma luz branca é uma mistura de diferentes tipos de “raios luminosos”, refratados em ângulos ligeiramente diferentes, cada um produzindo uma cor espectral diferente
1777 Carl Wilhelm Scheele luz violeta é a mais energética do espectro 1800 Friedrich Herschel descobre a radiação infravermelha na luz solar região espectral acima da cor vermelha fornece uma grande potência calorífica
1802 Johann Ritter descobre a radiação ultravioleta na luz solar região espectral abaixo da cor violeta é capaz de reduzir melhor a prata
1802William Wollaston 5 ou 7 (!) linhas pretas no espectro solar 1802 Thomas Young fenômeno da interferência, cálculo de
1814 Joseph Fraunhofer desenvolvimento do espectroscópio: análise espectral espectro do Sol possui centenas de linhas negras sobre as cores espectro de cada estrela poderia fornecer sua composição química (“impressão digital“)?
Espectro luminoso e composição química da atmosfera de um gigante exoplaneta, que gira em torno de uma estrela normal, comparável ao Sol. (Janeiro de 2010) http://www.apolo11.com/spacenews.php?posic=dat_20100115-192511.inc
1848 Armand Fizeau objetos se afastando em alta velocidade causam o deslocamento das linhas espectrais para o vermelho (“red-shift”) movimento de uma estrela afeta a posição das linhas no seu espectro (1924 Edwin Hubble comprova a expansão do Universo)
1859 Robert Bunsen; Gustav Kirchhoff espectroscopia: cada elemento químico possui seu espectro único (“impressão digital”) descobrem novos elementos químicos (Césio, Rubídio) espectro de elementos químicos dentro do espectro solar: análise espectral de objetos cósmicos Lítio Sódio Cobre
H N O C Ar Fe
1864 James Maxwell luz é radiação eletromagnética 1868 Joseph Lockyer descoberta do gas solar Hélio (na Terra somente 27 anos depois) 1874 Hermann Vogel vapor d’água presente nos espectros das atmosferas de Marte e Saturno: habitáveis!! 1885 Johann Balmer linhas do espectro do Hidrogênio: Linhas de Balmer
ANÁLISE ESPECTRAL rede de difração Lâmpada incandescente espectrocontínuo gás quente espectro de emissão gás frio espectro de absorção
ESPECTRO ATÔMICO n=inteiro Eaumenta O elétron estando no estado excitado (n=2) retorna ao seu estado fundamental (n=1), e emite “algo” com energia E. O que é esse “algo”? O que leva o elétron ao estado excitado? emiteenergia E= E2- E1
Fóton: velocidade c(m/s) frequência (Hz ou s-1) comprimento de onda (m) energia E(J) e se relacionam: A energia do fóton será: O fóton será absorvido caso sua energia E for idêntica à diferença de energia Eentre o estado fundamental e o estado excitado c= 3 x 108 m/s (veloc. da luz) h= 6.624 x 10-34 J/s (const. de Planck) fóton estado fundamental fóton estado excitado estado fundamental
ÁTOMO DE HIDROGÊNIO limite de ionização série de Lymann (UV) série de Balmer série de Paschen (IR) estado fundamental
MOLÉCULAS Energias: translacional rotacional vibracional Os diversos estados (fundamental, excitado) apresentam uma grande quantidade de níveis de energia permitidos.
INÍCIO DO SÉCULO XX • Pilares • Mecânica (Newton) • Eletromagnetismo (Maxwell) • Físicos reescrevem a estória bíblica da criação na forma No início Ele criou os céus e a terra - e Ele disse, “Faça-se a luz” - • Terceiro suporte • Termodinâmica (Carnot, Mayer, Helmholtz, Clausius, Lord Kelvin) e Mecânica Estatística (Maxwell, Clausius, Boltzmann, Gibbs)
RADIAÇÃO DE CORPO NEGRO • Cálculo da intensidade de radiação emitida por uma cavidade aquecida, em um determinado comprimento de onda • Solução: Planck (1900) • Baseia-se na termodinâmica e na mecânica estatística • Início da Mecânica Quântica
1. Radiação Térmica Radiação emitida por um corpo devido à sua temperatura • Corpo emite e absorve para o meio, continuamente • Corpo mais quente que o meio: taxa de emissão > taxa de absorção • Corpo mais frio que o meio: taxa de emissão < taxa de absorção • Equilíbrio térmico: taxa de emissão = taxa de absorção
Matéria em estado consensado (sólido, líquido) emite um espectro contínuo de radiação • Espectro é praticamente independente do material • Espectro é dependente da temperatura do material • Temperatura usual: corpo é visível pela luz que reflete • Temperatura muito alta: corpo tem luminosidade própria • Maior parte da radiação emitida está na região do infra-vermelho (fora do visível) • Primeiras medidas precisas do espectro de radiação • Lummer, Pringsheim (1899) • Espectrômetro de prisma (lentes especiais transparentes em altos λ); bolômetro
Radiância espectral • = energia emitida em radiação com comprimento de onda entre λ e λ +dλ,por unidade de tempo e por unidade de área, de uma superfície à temperatura T • = ( ) • = potência irradiada entre λ e λ +dλ, por unidade de m2 , por um corpo à temperatura T • Radiância • = potência irradiada por unidade de m2 , por um corpo à temperatura T • = área total sob a curva • =
Espectro de radiação • Função de distribuição da radiância espectral em função do comprimento de onda λ da radiação emitida • versus λ
Características da função de distribuição observada • Baixas T : pouca potência irradiada em altos λ radiância nula para λ→ 0 ou λ→∞. radiância cresce rapidamente com λ, fica máxima em λmax e depois decai lenta mas continuamente • T mais altas: λmax diminui linearmente com o aumento de T potência irradiada cresce com T de forma mais rápida que a linear • Lei de Stefan (1879) • Potência irradiada obedece à equação • Equação empírica, baseada nas observações experimentais • 𝜎 = 5,67. 10-8 W.m-2.K-4 (constante de Stefan-Boltzmann) • Lei do Deslocamento de Wien (1894) • Comprimento de onda máximo obedece à equação • cW = 2,898. 10-3 m.K-1 (constante de Wien)
Lei exponencial de Wien (1896) • Função de densidade espectral deve ter a forma • F (λ,T): - relação entre F e a distribuição de velocidades de Maxwell; - impondo validade da Lei do Deslocamento: ⤇ • Experimentalmente confirmada por Paschen (1899) para baixos λ (1-4 m) • Discrepância para medidas posteriores (1900) em mais altos λ (4-60 m)
2. Corpo Negro • Características • Emite espectros térmicos de caráter universal • Superfícies absorvem toda a radiação térmica que incide sobre ela • Não reflete luz (é negro) • Exemplo especial de Corpo Negro • Cavidade ligada ao exterior por um pequeno orifício • Radiação térmica vinda do exterior incide sobre o orifício e é refletida repetidas vezes pelas paredes interiores, sendo eventualmente absorvida pelas paredes • Área do orifício é muito pequena: essencialmente toda a radiação que incide sobre o orifício será absorvida pelo corpo (reflexão para fora é desprezível) orifício absorve toda orifício tem as a radiação térmica ⤇ propriedades de incidente sobre ele um corpo negro
Aquecendo-se uniformemente as paredes da cavidade até a temperatura T: Paredes irão emitir radiação térmica que vai encher a cavidade A pequena fração de radiação térmica que incidir sobre o orifício irá atravessá-lo Orifício irá atuar como um emissor de radiação térmica Como o orifício tem as propriedades de um corpo negro, irá emitir uma radiação com espectro de corpo negro Mas o orifício nos dá uma amostra da radiação dentro da cavidade Radiação dentro da cavidade tem um espectro de corpo negro à temperatura T
Densidade de energia (cavidade) • = energia contida em radiação com frequência entre ν e ν +dν,por unidade de volume da cavidade à temperatura T • = • Fluxo de energia (buraco) • = energia emitida em radiação com frequência entre ν e ν +dν,por unidade de área do buraco à temperatura T, por unidade de tempo • = T aumenta ⤇ aumenta ⤇ aumenta Cavidade Buraco (calculado) (medido)
3. Encontrando a função de distribuição • Supondo uma cavidade com paredes metálicas (temperatura T ) Agitação térmica movimento dos elétrons paredes emitem radiação eletromagnética na faixa térmica dos comprimentos de onda
Objetivo • Estudar o comportamento das ondas eletromagnéticas no interior da cavidade • Obter a função de distribuição espectral da cavidade e do buraco • Estratégia • Mostrar que dentro da cavidade a radiação deve existir na forma de ondas estacionárias com nós sobre as superfícies metálicas (eletromagnetismo clássico) • Fazer uma contagem do número de ondas com frequências entre ν e ν +dν (argumentos geométricos) • Calcular a energia média dessas ondas quando o sistema está em equilíbrio térmico CLÁSSICA versus QUÂNTICA!!!!! • Obter a densidade de energia multiplicando o número de ondas estacionárias, na unidade de frequência, por sua energia média
ONDAS ESTACIONÁRIAS • Toda radiação que incidir sobre as paredes da cavidade será totalmente refletida, e portanto terá a forma de ondas estadionárias Prova: - onda eletromagnética é uma vibração transversal, com perpendicular à direção de propagação - direção de propagação é perpendicular à parede - direção de é paralela à parede - na parede não deve haver Radiação dentro da cavidade existe na forma de ondas estacionárias, com nós sobre as superfícies
Cavidade “unidimensional” • Campo elétrico para a onda estacionária unidimensional • Impondo as condições de contorno obtemos x = 0 , x = a ⤇condições de contorno
CONTANDO ONDAS (diagrama para n) • Em uma dimensão - número de pontos ni com frequência νi : ⤇ - número de pontos entre n e n+dn : - número de pontos com frequência entre ν e ν +dν : ⤇ 2 estados de polarização da luz
Número de ondas: resumo • Cavidade “unidimensional”: • Cavidade tridimensional: Próximo passo: calcular a energia média dessas ondas quando o sistema está em equilíbrio térmico CLÁSSICA versus QUÂNTICA!!!!! Finalmente: calcular a densidade de energia espectral
Tentativas de resolver o problema • Cavidade oca é preenchida por radiação preta, independentemente da composição da cavidade • Modelo simples para a substância da cavidade: cargas positivas e negativas acopladas por forças elásticas entre si = osciladores com uma própria • Radiação dos osciladores e sua interação com o campo de radiação deve seguir as leis da eletrodinâmica Leis da eletrodinâmica ⤇ equações para o número de ondas Osciladores ⤇ energias médias
Primeira tentativa: Max Planck (1897-1899) - leis da termodinâmica macroscópica (relação entre entropia S e energia interna U) - partindo do princípio que a Lei de Wien é válida, a entropia de um oscilador deve ter a forma (a, b = constantes, e = base do ln) - a energia média do oscilador será portanto - função densidade de energia espectral: Lei de Wien-Planck Lei de Wien
Segunda tentativa: Rayleigh e Jeans (1900) - lei da equipartição de energia: energia média de um oscilador vale (por grau de liberdade) - para sistemas harmônicos teremos - nos 3 casos (1D, 2D, 3D) o grau de liberdade é 1 (amplitude do campo elétrico) e a energia média será - função densidade de energia espectral: Lei de Rayleigh-Jeans
R-J • Comparando Wien-Planck, Rayleigh-Jeans e experimental - Rayleigh-Jeans: boa para baixas frequências péssima para altas frequências (catástrofe do ultra-violeta) - Wien-Planck: boa para altas frequências ruim para baixas frequências W-P experimental Intensidade Frequência
Terceira tentativa: Planck (1900) - interpolação, considerada por muitos a mais importante da história da física; marca o início da evolução da teoria quântica - percebeu que as expressões para a entropia nos dois casos (R-J e W-P) levavam a equações semelhantes para sua segunda derivada Rayleigh-Jeans (R-J) Wien-Planck (W-P) - Utilizando chega à equação para a energia do oscilador: - função densidade de energia espectral: interpolação
- Combinando com as duas equações nos seus limites de validade: baixas frequências: Rayleigh-Jeans (R-J) devemos ter altas frequências: Wien-Planck (W-P) devemos ter - Solução: Lei de Planck
Descrição para a radiação de corpo negro – situação em 19.10.1900 Rayleigh-Jeans Planck Wien-Planck fundamentação existente ausente insatisfatória teórica validade baixas todas altas (altos ) (todos) (baixos)
Descrição completa em 14.12.1900 • Planck apresenta uma teoria completa para a radiação de corpo negro • Coloca a Lei de Planck em base sólida (fundamentação teórica) • Persiste no uso da entropia, porém parte para a termodinâmica estatística • Consequência: energia total deve ser distribuída por uma quantidade finita de osciladores • Osciladores só podem armazenar um múltiplo de um quantum de energia • Introduz a constante de Planck h • Início da Mecânica Quântica - função densidade de energia espectral: Lei de Planck