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PESCA EM ÁGUAS PROFUNDAS LXX EVANGELIZAÇÃO NO TERCEIRO MILÊNIO. A ASTÚCIA DE DEUS.
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PESCA EM ÁGUAS PROFUNDAS LXXEVANGELIZAÇÃO NO TERCEIRO MILÊNIO A ASTÚCIA DE DEUS
Certa manhã no sítio Itacarará, no interior de Alenquer, Aurora, Hiléia e eu estávamos pescando camarão à beira do igarapé, quando dois passarinhos voavam até à ribanceira perto de nós, pegavam com o bico um pouco de barro e retornavam para o galho de um catauarizeiro próximo. Um vinha e o outro ía. Estavam nesse vai-e-vem bote tempo em cima carregando sempre aquele tiquito de barro no bico. - Mãe, quem ensinou o joão-de-barro fazer ninho diferente do japiim, perguntou Hiléia olhando para a árvore onde estava um dos passarinhos. - Este saber já está dentro deles desde quando Deus criou o mundo, respondeu Aurora limpando a camaroeira. - Quer dizer que eles já nasceram sabendo, não são como a gente que tem de aprender a fazer, assim como a senhora faz comigo para cozinhar, costurar, tornou a perguntar Hiléia se chegando para junto da mãe. - Deixa de te preocupar com essas besteiras e vem pegar camarão, que a água já está enchendo, respondeu Aurora mudando de assunto e descendo a ribanceira para colocar a camaroeira no igarapé...
Uma bocado de dias depois, eu pescava mandubé nesse mesmo lugar e o ninho do joão-de-barro no galho do catauarizeiro me chamou a atenção. Por curiosidade, subi na árvore para dar uma espiada bem de perto no dito. Bem, tive de quebrá-lo para ver por dentro. Seu interior tinha forma ligeiramente espiralada e um só compartimento com o piso forrado por fragmentos de pau e capim seco, traços de penugens, casca de ovo e excremento. Literalmente, o ninho estava vazio, as crias tinham batido asas mundo afora...
Até então eu nunca tinha reparado, detalhadamente, um ninho de passarinho, especialmente o do joão-de-barro, apesar de sempre estar vendo nos galhos das árvores com aquela imponência de casa sem janela e uma porta só de entrada e saída, sempre com a frente voltada para uma direção premeditada. Mas o que mais me chamou a atenção foi o fato de que expressava um aconchego e uma proteção que só essas avezinhas sabem fazer. O trabalho, a paciência e a arte estavam juntos como uma mensagem pedagógica.
A natureza é realmente a fonte de todos os conhecimentos. Descobrindo suas nuanças, conforme nossas aptidões apreendemos o conhecimento essencial para completar o que nos falta. Tudo tem uma razão de ser, nada foi criado por acaso. É uma obra que nos leva ao encontro do seu Criador, pois são vestígios de sua Presença no meio de nós. É como se Ele estivesse nos atraindo pacientemente para encontrá-Lo.
Claro que tudo na Criação tem uma finalidade sempre convergente para uma maior, que obedece a uma ordem preestabelecida num Plano planejado e não plano do acaso como muitos tentam explicar a não existência de Deus na tal geração espontânea. Contudo, cabe a nós tomarmos consciência da realidade desse Plano para vermos as coisas acontecerem dentro de seus reais objetivos e princípios. Caso contrário, viveremos sempre na ignorância, afastados do Deus vivo e cantante no meio de nós querendo nos abraçar.
Concluí que o conhecimento é uma energia que se adquire para aumentar a claridade da luz da sabedoria com a qual nascemos, a nata. Uma energia que, dependendo da disposição humana, alarga a inteligência e desvenda tudo o que está espalhado na vastidão do mundo, inclusive os astros do firmamento. Na verdade, é Deus se nos revelando e nos atraindo para si, que quer ser descoberto por sua mais perfeita e sublime criação, o homem, criado à sua imagem e semelhança
Foi assim que, tanto no sítio Itacarará como no Boa Esperança, observei árvores grelarem, florirem e frutificarem; e pássaros construírem ninhos, ovos nicarem e filhotes baterem asas vencendo distâncias das florestas, campinas, margens de lagos e rios; observei também tempos de céu estrelado, aberto de sol causticante e fechado por temporais; e convivi com homens que inventaram e construíram coisas no afã de dominar tudo o que existe ao redor. Ninguém ensinou a árvore frutificar, tampouco o passarinho construir ninhos, nem o céu apresentar a noite e o dia em perfeito equilíbrio e tempos definidos, muito menos o homem inventar coisas. Alguém dentro deles os instrui naturalmente chamando nossa especial atenção para descobri-Lo. Aí está a astúcia de Deus na natureza...
Diácono Eliezer de Oliveira MartinsARQUIDIOCESE DE SANTA MARIA DE BELÉM DO GRÃO-PARÁ, AMAZÔNIA DO BRASIL Meu irmão ou minha irmã, este texto possivelmente já lho enviei no natal de 2008, desejando um próspero 2009, mas assinado pelo pseudônimo Deuste Abençoetambém, agora o faço em meu próprio nome. Feliz Natal e Próspero ano de 2012. Deus é Pai!