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CONTOS DE APRENDIZ

CONTOS DE APRENDIZ. Carlos Drummond de Andrade. A OBRA.

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CONTOS DE APRENDIZ

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Presentation Transcript


  1. CONTOS DE APRENDIZ Carlos Drummond de Andrade

  2. A OBRA • A primeira obra de contos de Drummond, publicada em 1951, foi Contos de aprendiz (que incorporou o conto "O gerente", publicado em edição autônoma, em 1945). Trinta anos depois, em 1981, ele publicou a segunda e última obra de contos, Contos plausíveis. A se considerar a vastíssima produção de Drummond como poeta e como cronista, pode- se dizer que esse quantidade, em relação aos contos, é pouco expressiva. Mas falar da quantidade de obras que CDA produziu como contista não é relevante. O que interessa é a importância dos contos no conjunto da produção literária drummondiana e a visão que Drummond tinha de si mesmo como escritor de contos.

  3. O TÍTULO • O título da primeira obra é significativo: o autor, proclamado e ovacionado como um dos maiores mestres da poesia modernista brasileira, autodenomina-se aprendiz. • E a pergunta que logo instiga é: aprendiz de quê ou em relação a quem? Se aprendiz em relação a Machado de Assis, quem sabe. • O bruxo de Cosme Velho foi um dos precursores e é considerado o grande mestre da contística brasileira. Os contos drummondianos, especialmente os de Contos de aprendiz, sem dúvida, guardam, em uma ou outra medida, alguma ressonância dos contos machadianos. Se aprendiz do ofício de contista, com a palavra João Gaspar Simões: "O ofício de contista não precisa o poeta de o aprender, pois que o poeta é mestre natural do contista e Carlos Drummond de Andrade é mestre de poetas."

  4. O TÍTULO • E, para reforçar a afirmação do crítico, Julio Cortázar, também contista, ao teorizar sobre o conto, diz que este é o "irmão misterioso da poesia", portanto, se Drummond é mestre dos poetas, naturalmente, só lhe cabe penetrar e realçar os mistérios do conto, em vista do parentesco deste com a poesia. • A modéstia de Drummond, que vai se mostrando marotamente dissimulada, não se encerra no título Contos de aprendiz. A edição de Contos plausíveis, da editora José Olympio, traz no início de sua nota de abertura um questionamento sobre a autenticidade dos contos: "Estes contos (serão contos?) ..." • A pergunta entre parênteses evidencia uma aparente insegurança quanto à sua condição de contista que em muito se aproxima da autodenominação “aprendiz” da primeira obra. E, na mesma nota, Drummond diz que “verdadeiramente” não escreveu os seus contos, eles “escreveram-se no dia-a-dia do JORNAL DO BRASIL”.

  5. A AUTONOMIA DOS CONTOS • A autonomia que dá aos seus contos exime-o do papel (em sua concepção “de superfície”, ineficiente) de contista. E, na edição de Contos plausíveis, da editora Record, Drummond inicia com uma nota de abertura, dizendo que há muita coisa a emendar em seus contos e que, às vezes, eles saem totalmente contrários àquilo que pretendiam contar. • Mais adiante, na mesma nota, diz o seguinte: "Duas historietas exigiram que eu as concluísse confessando minha incapacidade de contista. Como eu recusasse a atendê-las, retrucaram: 'Não faz mal. Não é preciso confessar; todos sabem.‘ • Ao se qualificar aprendiz, incapaz, Drummond revela-se o contrário e afirma a sua capacidade de contista (o que confirma a teoria do negar para afirmar recorrente em sua obra), porque, poesia, conto, crônica ou ensaio são apenas "modos variados de penetrar a humana.”

  6. O VERSO E A PROSA • A mesma mestria com que maneja o verso, maneja a prosa. No entanto, há uma preferência de Drummond por seus predicados de poeta. • Um episódio, para o qual também chama a atenção Flora Süssekind (2004), com o propósito de apontar uma consciência dos efeitos da prosa e da orientação narrativa na trajetória poética drummondiana, é significativo nesse sentido. John Gledson (1981) cita uma entrevista de Emílio Moura, no Diário de Minas, de 19 de outubro de 1952, em que este conta sobre um diálogo entre seus dois conterrâneos: Pedro Nava e Drummond. • Nava, reunido com o entrevistado e com Drummond, "nas imediações do 'Bar do Ponto'", teria lido e relido dois novos poemas de Drummond, escritos naquele dia, e dito ao companheiro: — Sabe de uma coisa, Carlos? Estão bons, é claro, mas o seu forte é mesmo a prosa, não há dúvida. Drummond fitou-o com espanto, como se não houvesse compreendido. E replicou, quase secamente: — Pois você está enganado. O que eu sou é poeta.

  7. POR QUE NÃO OS CONTOS? • Esse episódio, contextualizado nos anos 20 (SÜSSEKIND, 2004), parece ser ilustrativo de um Drummond que se considerava melhor poeta que prosador, já àquela época. Na introdução de Confissões de Minas, obra de 1944, o escritor diz: "É um livro de prosa, assinado por quem preferiu quase sempre exprimir-se em poesia. Esse suposto poeta não desdenha a prosa, antes a respeita a ponto de furtar-se a cultivá-la." (CM,1944, p.07). • Em Contos plausíveis, obra de 1981, Drummond diz, de forma irônica, que seus contos pedem que ele se declare incapaz de escrevê-los. O que aparentemente parece opção por esse ou aquele gênero, na verdade, revela um escritor que é um lírico em essência e a estratégia de se qualificar aprendiz, incapaz, ineficiente afirma a lucidez crítica do escritor que se antecipa à crítica propriamente dita quanto à receptividade de seus contos junto aos leitores.

  8. A AUTO-IRONIA DE DRUMMOND • Essa modéstia, com forte ar de vaidade ao revés, é uma característica marcante da personalidade de Drummond. Tal se comprova pela presença da auto-ironia sempre recorrente em seus textos literários, seja poemas, contos ou crônicas; pelas negações veementes, em entrevistas, de que não é o maior poeta da literatura brasileira e pela escolha de ficar no recolhimento, à margem de badalações. É o que comprova, por exemplo, este trecho de entrevista do Jornal do Brasil, (08/08/1987), republicada por Geneton de Moraes Neto: • — O fato de ser considerado o maior poeta brasileiro não é um acontecimento importante na vida do senhor? Drummond: Em primeiro lugar, não é unanimemente. Diariamente... Não digo diariamente, mas freqüentemente saem artigos fazendo restrições a mim, acham que sou um poeta decadente, que já dei minha mensagem, hoje já não tenho mais nada a dizer. Há outros que não gostam da mensagem que eu teria manifestado. Nunca pretendi manifestar mensagem nenhuma. Eu procurei é dizer os meus versos transmitindo a emoção que eu sentia no momento. Assim, não é unânime. Em segundo lugar, a maioria das pessoas que me consideram o maior poeta brasileiro não leu o que eu escrevi! Ouviu falar. Como acham que fulano de tal é o maior craque de futebol, o outro fulano é o maior compositor, o outro é o maior pintor, eu fiquei sendo o maior poeta por um julgamento que não é julgamento literário: é uma opinião transmitida socialmente, mas sem nenhuma ponderação crítica (1994, p. 25).

  9. A MODÉSTIA • Em meio à crítica, são quase consensuais duas outras características de Drummond: a inteligência e a sensibilidade. Isso confirma que a modéstia tão afetada em Drummond é, na verdade, um procedimento retórico, uma modéstia dissimulada, uma espécie de escusa, de desculpa, para ganhar a benevolência do leitor, sobretudo, na prosa de ficção, gênero a que menos se dedicou. • Michel Butor diz que “o maior crítico, o mais inventivo, é o mais modesto. Quando o lemos, ele nos dá imediatamente vontade de voltar ao próprio texto” (1974, p. 200), e, ao que parece, Drummond tinha ciência de que, com sua modéstia, conseguiria também a empatia de seus leitores. • Mário de Andrade chama-o “inteligentíssimo, timidíssimo, sensibilíssimo”, ao analisar-lhe a medida psicológica; Abgar Renault chama a atenção para a “contínua fricção entre inteligência e sensibilidade” em Drummond.

  10. RELAÇÃO COM A OBRA MACHADIANA • E por falar em aprendiz, é evidente, senão a filiação dos contos drummondianos aos contos machadianos, pelos menos, uma influência do mestre Machado de Assis, principalmente na primeira obra, Contos de aprendiz. • A aproximação do narrador com o leitor no interior da narrativa; a ironia fina e contundente; uma certa dose de absurdo instalada nas situações cotidianas; os contos com desfechos abertos ou ambíguos; as digressões; a lucidez diante dos conflitos essenciais do homem consigo mesmo, com o outro e com o mundo; tudo isso que está presente nos contos machadianos, está também visivelmente marcado nos contos de Drummond. • Cândido, ao analisar Machado de Assis, aponta nele algumas características que podem ser constatadas também na prosa de ficção drummondiana: • A técnica consiste essencialmente em sugerir coisas tremendas da maneira mais cândida (como os ironistas do século XVIII); ou em estabelecer um contraste entre a normalidade social dos fatos e a sua anormalidade essencial; ou em sugerir, sob aparência do contrário, que o ato excepcional é normal, e anormal seria o corriqueiro. Aí está o motivode sua modernidade, apesar do seu arcaísmo de superfície (1977, p.23).

  11. O “GERENTE” • Em Contos de aprendiz, o conto “O gerente” expressa exatamente uma situação tremenda contada de maneira cândida e o excepcional como normal, de tal modo que o insólito torna corriqueiro pelo modo como é contado. • Um “socialmente” bem educado e pacífico gerente de banco come dedos de senhoras, “não de senhoritas” (essa exclusão mesma das senhoritas é ironicamente machadiana). No nível da aparência, a retidão do gerente de banco é inquestionável, mas, na essência, esconde uma anormalidade comprometedora ou uma normalidade “com dentes afiados”, • Como dirá José Castello, no prefácio de Contos de aprendiz Indícios muito sutis de uma normalidade por demais excessiva em Samuel são pistas para descobrir nele a tendência canibal: Samuel tem hábitos antigos; guarda a simpatia das pessoas mais velhas; é excessivamente cavalheiro (essa característica justifica o fato de ele sempre cumprimentar as “senhoras” com um beijo na mão, o que facilita o acesso ao seu objeto principal de desejo – o dedo), apesar de ser “bom partido” não tem “vocação para o matrimônio” e não se veste como as outras pessoas, é um homem mais clássico, mais “à moda antiga”, pode-se dizer: • “Distinguia-se pela correção de maneiras e pelo corte a um tempo simples e elegante de roupa. Ou melhor, não se distinguia, pois o homem bem vestido e de maneiras discretas passa mais ou menos despercebido nos dias que correm, entre moças e rapazes americanizados, de gestos soltos, roupas vistosas (CA, 2002, p. 93).”

  12. O “GERENTE” • E Samuel morre de “uremia”. Essa informação, dada no início do conto, é bem ao estilo de Machado de Assis que, em vários contos, faz um resumo da vida e morte da personagem para depois contar sobre ela um fato curioso ou uma deformidade de caráter. A causa mortis, além de irônica, é um indício do canibalismo da personagem, uma vez que a uremia é uma doença provocada por uma substância proveniente do excesso de alimentos que contém proteínas como os alimentos de origem animal (para um homem que mantinha o rito de comer dedos femininos é natural que isso desencadeasse um mal nesse sentido). • Além disso, tal doença está ligada a um dos quatro humores (ao sangue, em específico) e, ao que parece, é causada por um rompimento do equilíbrio entre os humores responsáveis pelo temperamento. Nesse caso, a aparente normalidade de Samuel e a sua prática inusitada de comer dedos de senhoras em situações completamente imprevisíveis se justificaria por uma falha orgânica, por uma patologia.

  13. OUTRAS RELAÇÕES COM MACHADO DE ASSIS • Nesse aspecto, Samuel lembra bastante a personagem Nicolau do conto “Verba testamentária”, de Machado de Assis. Em alguma medida, esse conto de Drummond remete ainda ao conto “A causa secreta”, de Machado de Assis, em que há a personagem Fortunato, um homem rico (o próprio nome já sugere isso) que vive de rendas e goza do respeito da sociedade. Mas a sua normalidade é apenas aparente, pois, na essência, é um degenerado que sente um prazer monstruoso em testemunhar o extremo sofrimento alheio, seja de um rato, de um amigo ou da esposa a quem supostamente amava. • Antonio Candido diz de Machado de Assis o que poderia também servir para Drummond, sobretudo, se se considerar esse conto “O gerente”: “O senso de Machado dos sigilos da alma se articula em muitos casos com uma incompreensão igualmente profunda das estruturas sociais [...]” (1977, p.31).

  14. OS CONTOS • Drummond conta as histórias que acontecem ou podem acontecer, na medida em que o acaso ou outro poder as torna possíveis, com o auxílio da imaginação alerta. • Drummond gosta de relatar aquilo que parece o mínimo porém está cheio de significado na memória de cada um, como a surpresa e a decepção do primeiro sorvete, ou uma briga de irmãos que transforma a penitência infantil em pecado. Ou, senão, a simples troca de palavras entre um homem e uma mulher, no coletivo, em que o olhar perturbado entra com sua carga de sensualidade. E ainda o devaneio da moça que prepara as figuras do presépio, na véspera de Natal, com o pensamento não no que fazia, mas no namorado. • Drummond escreve uma prosa limpa, evidentemente com prazer - o prazer de contar sem intenção de brilhar.

  15. OS CONTOS • A trama dos contos oscila entre a descoberta da cidade interiorana, seus códigos de comportamento, angústias e alegrias, e momentos inusitados na vida atropelada da então capital do país. • A metrópole enlaça e abraça os seus habitantes, para mais pungente tornar a solidão humana. Sobressai-se nestes contos a presença de uma voz amiga. Como diz o próprio contista, "é doce ouvir amigos, ainda quando não falam, porque amigo tem o dom de se fazer compreender até sem sinais. Até sem olhos". • Em Contos de aprendiz, ao lado da contida, mas intensa expressão de afeto e rejeição ao absurdo do mundo, perpassa um humor irônico em relação à diferença entre o que os homens mostram ou parecem ser e o que são, uma das tônicas da visão deste poeta que se definiu como "um gauche na vida".

  16. OS CONTOS • Com o espírito ávido de denúncias, o autor se ocupa sempre do povo e de seus problemas, dando ao leitor de hoje uma visão sincrônica de tudo quanto ele, na pele de seus concidadãos, vivenciou e sofreu. A obra drummondiana se mantém atualizada em nossos dias; dela se depreende a visão crítica de um mundo cujas conseqüências repercutem ainda em nossas existências.Como já vimos, muitos dos contos se realizam sobre as recordações dos tempos infantis, estando assim impregnados de suave ondulação emocional, colocando o leitor tão próximo de outra realidade, que ele fica pensando que, se houve por ali algum cronista, ele acabou sufocado pelo peso da narrativa ou, como quer o poeta, “pelo mau cheiro da memória”. • Há também contos de maior fôlego, como os já citados “Flor, telefone, moça” e “O gerente”, que participam de um superior tratamento da matéria ficcional. Neles estamos diante de exemplos de perfeição no gênero. Drummond conseguiu imprimir sobre estruturas tradicionais a graça, a poesia e o mistério dos contos modernos, criando uma atmosfera de penumbra em que a linguagem mais sugere que descreve, e em que o leitor se vê obrigado a participar da obra para tentar descobrir as suas mais íntimas intenções.

  17. PEQUENO RESUMO DOS CONTOS • A salvação da alma – Eram cinco filhos, quatro meninos e uma menina. Moravam em uma cidadezinha onde brigar era coisa comum e questão de fazer valer sua honra. Os meninos mesmo brigavam muito entre si. O filho mais velho, Miguel, tinha ido pra cidade grande fazer o colegial deixando os outros irmãos que sempre imaginavam que com o irmão mais velho ali as coisas seriam diferentes. Ester, a única filha mulher, era o meio dos rapazes conseguirem dinheiro, vendiam a ela coisas que encontravam e ela sempre comprava, pois o pai sempre lhe dava dinheiro. Com a chegada de alguns padres na região os meninos foram levados pra confessar. Depois disso Tito, que era o penúltimo filho, chegou ao seu irmão mais novo com quem sempre brigava e humilhava nas lutas e pediu perdão, ofereceu-se a fazer qualquer coisa, primeiramente o menino disse que já tinha o perdoado, mas depois deu a ele pra se redimir a pena de levá-lo montado em suas costas e a cada distância gritar que era um burro. Como o irmão passara a andar devagar com ele em cima o mais novo lhe chutou as virilhas. Rolaram no chão em brigas e no outro dia não puderam comungar. Sorvete – Joel e seu colega moravam em uma pequena cidade, no entanto, para quem vinha do campo já era de se impressionar. Os meninos costumavam ir ao cinema, mas em uma tarde ao passarem pela confeitaria viram um anúncio em que se oferecia sorvete de abacaxi, especialidade da casa. O amigo de Joel quis deixar o filme para ficar e tomar o sorvete, porém acabaram indo para o cinema. Lá não conseguiam prestar atenção, só pensavam no sorvete. Abandonaram o filme e foram à confeitaria. Experimentaram e odiaram, Joel comeu do mesmo jeito e o amigo foi obrigado a comer também. Deixar o sorvete na taça era ferir a honra da família. Ambos tomaram até o fim aquele sorvete que odiaram.

  18. PEQUENO RESUMO DOS CONTOS • A doida – Na cidade havia uma doida, muitas justificativas do porquê que se tornara louca. Vivia em uma casa isolada de onde, às vezes, saia uma negra que por três meses ou menos trabalhou ali como doméstica. Os adultos para assustar as crianças faziam ameaças como: “você vai almoçar com a doida, dormir, morar com ela”. Certa vez um grupo de meninos tacava pedras na casa da doida, queriam vê-la sair da janela gritando palavrões, no entanto, ela não apareceu. O mais novo dos garotos encheu-se de coragem e penetrou o jardim, logo estava dentro da casa e os outros meninos já tinham ido embora. Na casa suja e destruída encontrou um quarto nas mesmas circunstâncias, porém ali estava a doida, ao vê-la não quis mais machucá-la, pelo contrário, percebeu que ela estava à beira da morte e se compadeceu, ficando junto dela esperando o momento chegar. • Presépio – Das dores era jovem e seu pai a enchia de tarefas para que ela não ficasse com tempo vago pra pensar em bobeiras. Nem por isso a menina deixara de viver, tinha um namorado, Abelardo. Naquele dia era véspera de natal e ele tinha ido visitá-la. A visita atrasou a finalização do presépio. Era isso que afligia Das dores, ela era a única que sabia montar corretamente o presépio e tinha que terminá-lo naquela noite, mas terminar aquilo a impediria de ir à missa de galo para ver Abelardo. Ela conhecia bem o relógio e como as horas voam quando se precisa dela, os irmãos ainda a atrapalhavam e a visita de amigas para combinar o horário de irem à missa também. Das dores montava o presépio, mas em cada objeto só via e pensava em Abelardo.

  19. PEQUENO RESUMO DOS CONTOS • Câmara e cadeia – Estavam todos os homens da Câmara Municipal ali discutindo os impostos a serem cobrados, no entanto, entre todos aqueles homens só um fazia o trabalho, Valdemar. O calor abafava a sala e ele foi até a janela onde ficou olhando as redondezas. Embaixo da câmara ficava a cadeia, ele se lembrou de quando era menino e como a imagem dos presos já lhe era familiarizada. Foi em meio a isso que ouviu barulhos que o fez voltar à sala. Um preso havia fugido e ido lá para a câmara, os homens gritavam querendo o submeter à sua “autoridade”, Valdemar convenceu o preso de se sentar e ali ele contou que abrira a fechadura e saíra, tinha ido até lá para ver os homens que pisam na cabeça dos presos, contou também do calor e das nojentas refeições da cadeia. Até que Valdemar levantando disse que teria que prendê-lo novamente, o preso naturalmente tentou fugir, Valdemar deixou o problema com os policiais que já o perdiam de vista na fuga. Beira rio – As chamadas terras da companhia eram lideradas pelo capitão Bonerges. Lá as bebidas alcoólicas eram proibidas e talvez por isso os trabalhadores fossem tão desanimados, não tinham o que lhes fizesse esquecer a realidade. Até que chegou por ali um negro que vendia bebida, claro que agia de forma escondida, porém nos trabalhadores logo se encontrou uma animação e disposição para o trabalho nunca visto. Bonerges desconfiando enviou dois homens para que rondassem o negro e o retirassem das terras com suas bebidas, no entanto eles voltaram alegando nada ter encontrado, mas seus bafos eram de bebida. Bonerges então chamou o capitão do destacamento policial. Eles chegaram e logo o negro afirmou ter licença do governo para ter aquele comércio ali, no entanto os homens destruíram a vendinha e todos os produtos obrigando o negro ir embora, esse foi, mais sem pressa, caminhando lentamente mesmo ao som dos tiros.

  20. PEQUENO RESUMO DOS CONTOS • Meu companheiro – O homem na estrada pagara mais que o necessário por um cachorrinho, não passava de um vira-lata, mas tinha traços de cães de raça. Levou-o pra casa e já lhe dera o nome de pirulito para evitar confusões. A mulher não era muito chegada a animais de estimação, gostava do bichinho, mas não se aproximava. Ao filho mais novo foi dado o título de dono, porém pirulito gostava mesmo era do homem e ele do cachorrinho. Os dois eram companheiros e se punham a conversar, os meninos até implicavam, pois o cachorro gostava de gente “velha”. Então certo dia o cachorro desapareceu, o homem até pensou ter sido ação da esposa, mas logo desconsiderou, só sabia que o amigo tinha ido embora como muitas pessoas fazem. • Flor, telefone, moça – Uma amiga lhe contou essa história. Uma moça morando em uma cidadezinha vivia em uma casa ao lado do cemitério. A diversão muitas vezes era assistir os velórios. A menina de tanto acompanhar tais eventos se habituou ao cemitério e por lá já passeava. E foi em um de seus passeios que arrancou do chão uma florzinha insignificante e, instantes depois, a lançou fora sem maiores preocupações. Foi ai que começou a receber ligações de uma voz distante e suplicante que todo dia ao mesmo horário pedia sua flor de volta, aquela que nascera em sua cova. Como as ligações não paravam a menina contou aos pais que pediram ajuda policial até que só passaram a acreditar no conteúdo espiritual daquela voz e procuraram em centros ajuda. A voz não parou e ligou até que a menina de tal forma perturbada morreu.

  21. PEQUENO RESUMO DOS CONTOS • O gerente– Samuel não se casara, era o gerente bem sucedido do banco, vivia a freqüentar a sociedade até que incidentes se deram. Primeiro ao beijar a mão de uma dama a quem cumprimentava essa começou a sangrar, outra vez depois do jockey novamente quando ia beijar a dama em despedida passou correndo em um cavalo um homem e logo se viu a Mão da mulher sangrando. O médico avaliou que o dedo tinha perdido sua ponta através de uma mordida e logo acusaram Samuel, a polícia o questionou mas em nada resultou. Em uma festa, novamente ao cumprimentar uma dama, ao mesmo tempo em que um garçom passava a ponta do dedo lhe foi arrancada. A essa altura as mulheres temiam os cumprimentos de Samuel. Teve por fim uma última dama com quem tomara um sorvete e conversara sobre o inventário e outra coisa, quando foi se despedir entrou um homem vendendo lâminas e o dedo da viúva sangrou depois do beijo. Com isso, Samuel foi afastado do banco e foi morar em São Paulo, trabalhando no banco de lá, anos depois voltou ao Rio e se encontrou com a viúva que perdera a ponta do dedo, porém ela tinha adquirido uma infecção e teve o braço amputado. Os dois continuaram o encontro, porém apenas bebendo muito. Na manhã seguinte Samuel voltou a São Paulo sem finalizar o negócio que tinha levado ao Rio.

  22. PEQUENO RESUMO DOS CONTOS • A baronesa – Luis vivia naquela casa há um bom tempo e só vira a rica baronesa quatro vezes. E no dia da morte dela, saiu correndo em busca de Renato, o sobrinho-neto. Chegou a casa dele e juntos voltaram para a casa onde a baronesa vivia. Tratava-se de uma rica senhora e quanto mais cedo se chegasse de mais jóias se apoderaria. Renato chegou, entrou no quarto e pegou o poço que sobrara, incomodando a posição de morte da baronesa, e depois que saiu do quarto. Luis o esperava, entraram no banheiro e fizeram a partilha justa das jóias da morta. • Nossa amiga – Uma menina de três anos vivia entre duas casas, para as quais ia sozinha mesmo. Para evitar a mão bisbilhoteira criaram Catarina, uma menina que por brincar com um cachorrinho de vidro que a mãe não tinha permitido, quebrou-o e virou uma borboleta “bruxa”. E Pepino que era um velho bêbado e curvado que pegava as crianças. Às vezes a menina não queria ir embora de uma casa para outra com medo do Pepino, falavam que iriam dar uma festa e chamar Pepino só para a menina ver como ele era bonzinho e ela com raiva ia embora dizendo que não viria à festa, mas logo voltava arrumada e de banho tomado. Festas era o motivo pelo qual ela tomava banho. Por fim, brincava também de mamãe, usando frases colhidas da conversa dos adultos.

  23. PEQUENO RESUMO DOS CONTOS • Miguel e seu furto – Miguel se tornou um homem simpático, porém nunca assumira uma posição na vida e agora, findado o seu sustento, dormia em jornais. E foi lendo as manchetes desses que teve a grande idéia de roubar o mar. E assim o fez, mesmo que o mar ficasse no mesmo local novas regras tinham sido estabelecidas, como o imposto pago a Miguel e a proibição dos banhos para manter a moralidade. Ele se tornou tão rico que queimava sua riqueza para ter onde guardar as coisas que constantemente adquiria. Porém, um dia um menininho saiu correndo e arrancando suas roubas corajosamente nadou no mar e logo o povo juntou pra ver, e outro menino entrou e de repente todos se apoderavam novamente do mar. Miguel depositou sua fortuna em bancos seguros e passou a colecionar conchinhas para se lembrar de sua ex-propriedade. Conversa de velho com criança – Ele observa o velho e a menina no ônibus. A menina, como descobriu perguntando, chamava Maria de Lourdes e o velho descobriu que chamava-se Ferreira ouvindo a conversa dos dois. A menina trazia um pacote de balas como a um tesouro e o velho vinha carregado de compras e em pé. Quando o cobrador veio, com dificuldade o velho arrancou do bolso uma moeda para pagar a passagem, porém essa lhe caiu das mãos indo parar na rua. Pararam o bonde e procuraram a moeda e como não a acharam o velho não teve que pagar. A menina ofereceu uma bala a Ferreira que aceitou, ambos eram amigos, notava-se só de olhar, percebia-se também que a menina só oferecera a bala para ela também poder comer. Quando o bonde parou os dois desceram e o homem ficou a se perguntar se eram grandes amigos ou apenas vô e neta muito amigos.

  24. PEQUENO RESUMO DOS CONTOS • Extraordinária conversa com uma senhora de minhas relações – Ele estava em pé no ônibus se segurando pelas argolas que ficam no teto, ela estava sentada e, como eram conhecidos, sorriram. Ele não se lembrou da imagem dela, até porque a via de cima pra baixo, então quando ela o cumprimentou com um bom dia tentou decifrar quem era através da lembrança da voz. Não conseguiu e se pôs em avaliações sobre o vestido dela, o valor que dava as curvas certas e os limites que impunha. Ela lhe perguntou como ia e só na segunda vez que ele a respondeu com versos, segundos depois corrigidos pela pergunta certa, “Vou bem. E a senhora como vai?”, ao que ela lhe falou sobre sua preocupações com um gato, eletrocardiogramas e etc. No entanto, ele não a ouvia pois se questionava sobre ultrapassar ou não os limites. Depois disso o ônibus parou e ela desceu, sendo pra ele essa a mais extraordinária conversa que tivera com damas de sua relação. • Um escritor nasce e morre – Ele morava em uma cidadezinha pequena e em uma aula de geografia a professora falava sobre países longes e citou o Pólo Norte, foi ali que o escritor nasceu. Escreveu a viagem da sua cidadezinha ao Pólo Norte, a professora tomou o texto e o afirmou como um grande escritor. Foi assim que ele cresceu e foi embora, escreveu contos e poesias, não gostava de se achar um escritor literado e fazia críticas aos outros. Ao fundo ouvia uma voz que lhe afirmava ser um artista nato. Então aos trinta anos morreu.

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