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Fundamentos Filosóficos da Educação. Célio Juvenal Costa (organizador). Apresentação.
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Fundamentos Filosóficos da Educação Célio Juvenal Costa (organizador)
Apresentação O assunto deste livro é a Filosofia da Educação. Para desenvolvê-lo, optamos por tratar a educação e a filosofia historicamente, por meio da exposição sobre autores e teorias que se fizeram presentes ao longo da história da sociedade ocidental. Como a filosofia em si é muito ampla e como a educação em si é uma particularidade, ou seja, um objeto restrito, o leitor observará que nos capítulos procuramos evidenciar, primeiramente, os aspectos políticos, sociais e humanos da filosofia, bem como as concepções de ser humano, de natureza e de sociedade presentes nos filósofos e nas correntes filosóficas. Esse procedimento abre um campo de análise que nos permite abordar a educação como uma atividade humana essencialmente social.
CAPÍTULO 1 MITOLOGIA GREGA E EDUCAÇÃO Vladimir Chaves dos Santos CAPÍTULO 2 O NASCIMENTO DA FILOSOFIA: OS FILÓSOFOS DA NATUREZA E SÓCRATES Célio Juvenal Costa CAPÍTULO 3 PLATÃO, ARISTÓTELES E O HELENISMO Célio Juvenal Costa CAPÍTULO 4 A ORGANIZAÇÃO DO PENSAMENTO CRISTÃO José Joaquim Pereira Melo CAPÍTULO 5 A FILOSOFIA MEDIEVAL: UMA PROPOSTA CRISTÃ DE REFLEXÃO Terezinha Oliveira CAPÍTULO 6 FILOSOFIA NO RENASCIMENTO Jorge Cantos CAPÍTULO 7 FILOSOFIA MODERNA: BACON E DESCARTES Edeniuce Bernabé Gumieri CAPÍTULO 8 FILOSOFIA POLÍTICA MODERNA: HOBBES, LOCKE E ROUSSEAU José Carlos Rothen CAPÍTULO 9 ILUMINISMO, IDEALISMO E MATERIALISMO HISTÓRICO Alonso Bezerra de Carvalho CAPÍTULO 10 POSITIVISMO, FENOMENOLOGIA E EXISTENCIALISMO Alonso Bezerra de Carvalho CAPÍTULO 11 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO Divino José da Silva Pedro Ângelo Pagni Capítulos e Autores
Mitologia Grega e EducaçãoVladimirChaves dos Santos(1) • Mitologia: etimologicamente, significa o conhecimento dos mitos. • O mitos não tem uma autoria individual, como entendemos modernamente; ele é o resultado de diversas intervenções e, por fim, chega aos rapsodos: Homero e Hesíodo, por exemplo. O mitos pertence ao que chamamos de domínio público.
Mitologia Grega e EducaçãoVladimirChaves dos Santos(2) • A ciência, tal como é entendida pela modernidade, surgiu da negação do mitos, como fala sem justificativa e sem autoria, e da afirmação do logos, a fala que tem razão e autor. • Se há duvidas de que haja ciência nos mitos, isso não quer dizer que se duvide de que neles haja sabedoria.
Mitologia Grega e EducaçãoVladimirChaves dos Santos(3) • Mitos: motivações políticas (Orfeu, Zeus) • Mitos: motivações morais (Aquiles, Ulisses, Hefesto/Afrodite/Ares, Ícaro/Dédalo, Atenas/Afrodite) • Mitos: memória e tradição oral (imortalizar) • A mitologia é na verdade uma grande teia de mitos, de tal modo costurados, que é impossível contar o mito de um personagem sem contar o de outros • Ilíada x Odisséia • Musas: deusas das festas e do canto.
Mitologia Grega e EducaçãoVladimirChaves dos Santos(4) • Além de ser útil para o exercício da imaginação e para o reconhecimento da beleza da sabedoria popular, o estudo da mitologia tem um valor histórico: sem ele, não há como compreender o nascimento da filosofia. Embora, em certo sentido, a filosofia nasça em contraposição ao pensamento mitológico, há muitos temas que se conservam na passagem da mitologia à filosofia: o tema da virtude, o tema da constituição do universo com base em elementos simples etc. Apesar das rupturas evidentes, ambas são formas de paidéia, isto é, de educação. De fato, a filosofia como forma de paidéia, tal como no-la apresentou Platão, preserva vivo o sentido social do saber, presente na velha paidéia da mitologia.
Capítulo 1 – Proposta de Atividades • Quais as diferenças entre mitos e logos? • Qual a relação entre mitologia e sabedoria popular? • Há filosofias nos mitos? Explique
O nascimento da FilosofiaCélio Juvenal Costa(1) • A filosofia é a reflexão do homem sobre o homem. Uma reflexão diferente da religiosa, pois busca, por vias racionais, científicas, chegar a concepções que expliquem a existência do ser humano, em si e em suas relações e ambientes • A filosofia é o logos em oposição ao mitos • A filosofia é filha da periferia • Cidades gregas (pólis) • A moeda, a escrita e o artesanato (técnica)
O nascimento da FilosofiaCélio Juvenal Costa(2) • 1a. fase: Filosofia da Natureza • Filósofos Pré-Socráticos • Séculos VII a V a.C. • 2a. fase: Filosofia Antropológica ou Sistemática • Sócrates, Platão e Aristóteles • Séculos V e IV a.C. • 3a. Fase: Filosofia Ética • Epicurismo, Estoicismo, Ceticismo e Ecletismo • Séculos IV e III a.C.
O nascimento da FilosofiaCélio Juvenal Costa(3) • Filosofia naturalista • Preocupação cosmológica • Busca da arkhé (princípio primordial, originário, constitutivo, dirigente e ordenador de todas as coisas e de todo o universo, até em sua diversidade e contraditórios aspectos)
O nascimento da FilosofiaCélio Juvenal Costa(4) • Escola de Mileto (Ásia Menor) • Tales (640-546 a.C.) • Arkhé = Água • Anaximandro (610-547 a.C.) • Arkhé = Ápeiron (ilimitado,infinito) • Anaxímenes (585-547 a.C.) • Arkhé = Pneuma Ápeiron
O nascimento da FilosofiaCélio Juvenal Costa(5) • Pitágoras (580-497 a.C.) de Samos (Ásia Menor • Arkhé = Número • Distinção entre corpo e alma • Escola Eleática (Eléia na Magna Grécia) • Xenófanes (580-475 a.C.) • Parmênides (530-460 a. C.) • Zenão (480-430 a.C.) • Arkhé = ser • Não há movimento • Filosofia da essência
O nascimento da FilosofiaCélio Juvenal Costa(6) • Heráclito (540-470 a.C.) de Éfeso (Ásia Menor) • Arkhé = fogo (material e metafórico) • O movimento existe e é contínuo • Filosofia da existência • Empédocles (492-432 a.C.) de Agrigento (Magna Grécia) • Arkhé = 4 raízes (ar, água, terra e fogo) • Nascimento=associação / morte=dissociação
O nascimento da FilosofiaCélio Juvenal Costa(7) • Escola Atomista • Leucipo (500-? a.C.) de Agrigento • Demócrito (470-380 a.C.) de Abdera • Arkhé = Átomo • Ser = átomo = descontínuo corpóreo • Não-Ser = vazio = contínuo incorpóreo
O nascimento da FilosofiaCélio Juvenal Costa(8) • Período antropológico ou sistemático. • Atenas – século V (apogeu e início das crises) • Legisladores • Guerras Médicas • Tragédias Gregas • Péricles • Sócrates • “só sei que nada sei” • “conhece-te a ti mesmo” • Ironia x maiêutica
Capítulo 2 – Proposta de Atividades • 1.Relacione as diferenças entre o pensamento filosófico e o pensamento mitológico. • 2. Qual a importância da moeda, da escrita e do artesanato para o surgimento da filosofia? • 3. Por que o período dos chamados pré-socráticos é chamado de cosmológico? • 4. Escolha um pensador pré-socrático e defenda suas idéias como se estivesse em um tribunal. • 5. Faça com um colega uma tentativa de aplicação do método socrático, discorrendo sobre a virtude, ou sobre a justiça, a felicidade, o amor etc. • 6. Se você estivesse, como jurado, no tribunal que julgou Sócrates, você votaria contra ou a favor dele? Por quê?
Platão, Aristóteles e o HelenismoCélio Juvenal Costa(1) • Atenas – século IV (declínio) • Guerra do Peloponeso (conseqüências) • Sofistas Gregos • Críticas à validade positiva das leis • Valorização da retórica • Comédias Gregas • Platão • Aristóteles
Platão, Aristóteles e o HelenismoCélio Juvenal Costa(2) • Platão (427-347 a.C.) • Crítico de sua sociedade, considerando-a injusta, ou propiciadora da injustiça • A República – obra fundamental de filosofia política e educacional • 3 partes • Livro I e parte do II – crítica à sociedade • Livro II – construção lógica da cidade • Livro II ao final (X) – construção da sociedade ideal. • É preciso deixar claro que, ao falar de uma sociedade utópica, Platão não está se alienando da realidade social, mas, sim, contrapondo-se ela: falar do ideal é falar do real.
Platão, Aristóteles e o HelenismoCélio Juvenal Costa(3) • A República • A alma da pessoas e os metais • Platão apresenta a idéia de que a alma das pessoas contém metais que determinam sua natureza. Ouro, prata, bronze e ferro estão presentes, misturados às almas dos indivíduos, e indicam a função deles na sociedade. Se existe ferro ou bronze na alma, a pessoa está mais apta a desenvolver trabalhos manuais, ou seja, deverá compor a classe produtiva; se o metal for a prata, está apta para se tornar um guardião da cidade; e, se for uma alma dourada, deverá ser o magistrado, o líder daquela sociedade
Platão, Aristóteles e o HelenismoCélio Juvenal Costa(4) • A República • O papel da Educação • Como identificar esses metais na alma humana? Por meio da “educação da infância e da juventude”, responde Platão, pois cabe a ela identificar e revelar a natureza humana. É por meio da educação que a sociedade toda pode conhecer qual é a aptidão do indivíduo e a melhor função que ele pode desempenhar na cidade.
Platão, Aristóteles e o HelenismoCélio Juvenal Costa(5) • O mito da Caverna e a Educação • O processo da educação é semelhante ao de sair da caverna; deve ser vagaroso, escalonado, passar, paulatinamente, do que é mais fácil para o que é mais difícil. Quem conduz o homem para fora da caverna é, para Platão, o filósofo, pois só ele consegue atingir o pleno conhecimento das coisas; só ele consegue olhar o sol e compreender toda a sua plenitude; e, portanto, ele é quem deve conduzir a sociedade para o bem.
Platão, Aristóteles e o HelenismoCélio Juvenal Costa(6) • O mundo inteligível (idéias) x mundo sensível (realidade) • O grande mérito de Platão é ter construído um sistema que, a partir daquele momento, praticamente definiu as partes da filosofia: metafísica, com o objetivo de conhecer o ser e o que está no princípio de tudo; a lógica, ou seja, a forma de comunicar esse conhecimento aos homens; e a ética, que é a vivência individual e, principalmente, social, das regras advindas do verdadeiro conhecimento
Platão, Aristóteles e o HelenismoCélio Juvenal Costa(7) • Aristóteles (384-322 a.C.) • Crítico da sociedade ateniense e do método platônico de conhecer a realidade. • Política • Preocupação com a indefinição dos papéis sociais • É uma análise realista da sociedade, não recorrendo à utopia.
Platão, Aristóteles e o HelenismoCélio Juvenal Costa(8) • Política • Conceito de natureza como sendo o estágio final de algo (cidade) • O homem como um animal político • A autoridade é diferenciada na cidade: autoridade do senhor e autoridade do cidadão • Justiça: o interesse do Estado (os pés e as mãos somente adquirem sentido fazendo parte do corpo)
Platão, Aristóteles e o HelenismoCélio Juvenal Costa(9) • Política • Neste contexto, a educação para o Estagirita adquire um tom bem mais realista e concreto do que em seu mestre, pois não há a idealização de uma forma e de um conteúdo educacional, até porque não há qualquer metal a ser descoberto na alma das crianças. O que háé a clareza de que a melhor educação para uma cidade é aquela que se amolda à própria constituição da cidade. Ou seja, numa democracia, a educação deverá formar o espírito democrático nas crianças; numa aristocracia, o espírito será aristocrático e assim por diante. É claro que Aristóteles também indica que, como existem constituições melhores e piores, a melhor educação é aquela que corresponde à melhor constituição. No entanto, qualquer que seja a constituição, a educação das crianças e jovens deve ficar a cargo do Estado, pelo interesse direto que o governo deveria ter na formação do espírito de seus jovens.
Platão, Aristóteles e o HelenismoCélio Juvenal Costa(10) • Há apenas uma realidade: a dos seres singulares • Noção de ato x potência • Justiça está no meio-termo entre a falta e o excesso • Tanto a falta como o excesso de exercícios físicos prejudicam o vigor; o beber e o comer demais ou de menos prejudicam a saúde; a coragem está a meio caminho da covardia e da temeridade. São estes alguns exemplos desta noção de virtude, noção esta que é, porque não, também educativa, pois colabora para o viver bem, dignamente e com sobriedade
Platão, Aristóteles e o HelenismoCélio Juvenal Costa(11) • Período Ético • Helenismo: a expansão da cultura grega • A pólis dá lugar à cosmópolis • A filosofia grega do período helênico caracteriza-se pela preocupação com o homem em si, com o indivíduo. Por isso, esse período chamado de ético caracteriza-se por dar respostas acerca do que é a verdadeira felicidade e de como alcançá-la. Para isso, elaboram-se espécies de receituários sobre o que fazer para se tornar um indivíduo sábio e, portanto, feliz
Platão, Aristóteles e o HelenismoCélio Juvenal Costa(12) • Escolas Filosóficas • Epicurismo = Epicuro (341-270 a.C.) • Estoicismo = Zenão (336-274 a.C.) • Atitudes Filosóficas • Ceticismo • Ecletismo