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Auto da Barca do Inferno Gil Vicente

Auto da Barca do Inferno Gil Vicente. A Divina Comédia, Dante Alighieri O poema, no seu conjunto, é a história da conversão do pecador a Deus.

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Auto da Barca do Inferno Gil Vicente

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Presentation Transcript


  1. Auto da Barca do InfernoGil Vicente

  2. A Divina Comédia, Dante Alighieri • O poema, no seu conjunto, é a história da conversão do pecador a Deus. • O poeta tencionava fazer da "Divina Comédia" principalmente sua obra de doutrina e de edificação, uma "Suma" que compreendesse o saber do seu tempo, da ciência à filosofia e à teologia. • Por isso, o poema é repleto de significados alegóricos e ainda morais. • Assim, por exemplo, Virgílio, que cantou os ideais de paz e justiça do Império Romano no tempo de Augusto, e que guia o poeta através do Inferno e do Purgatório, simboliza a razão integrada com a sabedoria moral, e é também a voz da própria consciência de Dante. • Beatriz, a mulher amada que o guia no Paraíso, é a sabedoria cristã iluminada pela graça, a suprema sabedoria dos santos, a única que pode levar a Deus.

  3. Tudo no poema é perfeita construção alegórica, e nisto Dante limita-se a respeitar as regras do seu tempo: pois quantas não são de fato as obras medievais que referem as viagens ultraterrenas, devidamente arquitetadas para edificação do pecador? • Só que, no poema dantesco, há um sutil artifício que permite ao poeta encerrar nos seus cantos também a história do seu tempo. • Dante imagina fazer uma viagem em 1300 e portanto refere naturalmente tudo quanto aconteceu antes desta data; mas, reconhecendo aos mortos a capacidade de prever o futuro, põe-nos a profetizar os acontecimentos públicos e particulares que não deseja deixar em silêncio.

  4. Elogio da Loucura, Erasmo de Rotterdan “Mas, para responder aos que poderão me acusar de ter sido satírico, sustento que sempre foi permitido aos homens de letras gracejar sobre a vida humana, desde que esse gracejo não degenere em raiva ou furor. (...) Mas aquele que critica a vida humana, sem atacar ninguém em particular, não parece querer antes advertir e repreender por conselhos do que ferir pela sátira? Aliás, quantas vezes não sou eu mesmo atacado? Aquele que não poupa nenhuma condição humana faz ver claramente que são os vícios, e não os homens, que ele critica. Se houver portanto alguém que pense que o ofendi nessa brincadeira, então é que ou sua consciência o acusa em segredo, ou que ele teme que o público possa acusá-lo.”

  5. Na obra citada, ao narrar que foi amamentada pela Embriaguez e Ignorância, podemos perceber claramente o caracter irônico e ao mesmo tempo crítico de Erasmo: a Loucura entidade que só fala a verdade, foi sustentada quando pequena pela Embriaguez e pela Ignorância, entidades tidas como coisas negativas na época em que o autor vive mas que ao mesmo tempo legitimam a Loucura como portadora da verdade. • Depois, a Loucura apresenta as suas sete ajudantes: Amor Próprio, Lisonja, Esquecimento, Preguiça, Volúpia, Irreflexão, Languidez. • É importante lembrar que todas essas ajudantes se vinculam à verdade que a Loucura representa.

  6. Intertextualidade • No Inferno da Divina Comédia, de Dante Alighieri, as almas dos condenados se acham enredadas nos mesmos pecados que praticavam na vida: os arrogantes estão afundados em sua arrogância; os maldizentes estão envolvidos em uma língua de fogo, etc. No Inferno de Gil Vicente ocorre algo semelhante: os pecadores não se desligam dos objetos de seus pecados, ou seja, eles chegam para o julgamento trazendo os objetos que lhes fizeram pecar em vida. • A obra O Elogio da loucura, de Erasmo de Rotterdan, apresenta uma postura reformista, mesma característica que podemos observar na obra de Gil Vicente.

  7. I. Contexto Histórico e Movimento Literário • Transição do Feudalismo para o Mercantilismo • Grandes navegações • Crise do teocentrismo e ascensão do racionalismo. • Preparo para o Renascimento • Revolução de Avis: comprometimento do rei com a burguesia mercantilista

  8. II. O Autor • Criador do teatro português: 1502 – Auto da Visitação • Crítica às camadas sociais: nobreza, clero e povo. • Amplitude temática • Mistura de elementos sérios e cômicos • Possui grande religiosidade • Demonstra grande carinho e defende o lavrador (vítima da exploração) • Teatro de alegorias • Teatro de tipos: grande galeria de tipos sociais, sem profundidade psicológica. • Teatro de quadros: sucessão de cenas independentes (Sketches) • Ruptura com a linearidade do tempo • Despreocupação com a verossimilhança • Teatro cômico e satírico

  9. Importante: • Características medievais: religiosidade, redondilhas, ruptura com as três unidades do teatro clássico: • unidade de ação: a peça deve organizar-se em torno de uma só ação principal; • unidade de tempo: a ação deve restringir-se a um dia ou pouco mais; • unidade de lugar: a ação deve passar-se em um ou pouco lugares. • Características humanistas: presença de figuras mitológicas, crítica social, espírito reformista, etc.

  10. III. A Obra e seu Estilo • O auto possui versos, em sua grande maioria, redondilhos (maiores e menores). • Os versos são rimados entre si e organizados em oitavas. • Esquema de rimas, geralmente, é: ABBAACCA. • A obra capta uma imensa variedade de registros de linguagem: linguagem rústica, linguagem nobre, linguagem afetada, linguagem semiculta e culta,etc. • As personagens utilizam as formas lingüísticas próprias do seu meio social. • Assim encontraremos em suas peças variações do português: vulgar, médio, elegante ou pseudo-elegante, erudito ou pseudo-erudito, com muitos arcaísmos, que eram correntes na linguagem popular.

  11. Também encontraremos o espanhol e o saiaguês(dialeto rústico) • O objetivo do auto é moralizador, mas não se pode negar que, além disso, traz consigo uma faceta que o dramaturgo desenvolveu com capacidade ímpar: divertir enquanto critica fazer rir dos deslizes alheios como modo de educar os costumes da época. • Ninguém estava livre de críticas, sobretudo as que resultavam dos comportamentos individuais como o adultério, os jogos de interesse, o furto, as feitiçarias, a incompetência, a vaidade, a presunção, a burrice, a ambição, o orgulho e a falta de compreensão do mundo. • Estrutura: peça teatral em um único ato, subdividido em cenas marcadas pelos diálogos que o Anjo ou o Diabo travam com os personagens.

  12. IV. O Enredo • Duas barcas, uma do inferno e outra do céu (ou Glória), chegam a um ancoradouro onde devem esperar pelas almas dos que “por morte de seus corpos terrestres”, conforme indicação do autor, partem. • Ali, os barqueiros julgarão tais criaturas, segundo o que elas fizeram quando vivas e de acordo com aquilo que suas vidas indicam. • Julgam, está claro, sob os critérios do cristianismo católico da época.

  13. V. Analisando personagens • Fidalgo: representa a nobreza, que chega com um pajem, uma roupagem exagerada e uma cadeira de espaldar. • A cadeira, que em vida representava o status social superior do fidalgo, agora na morte representa do seu apego aos bens materiais da vida e sua ilusão de que, mesmo no inferno, ele possa continuar a desfrutar de privilégios que o colocam acima dos demais homens. • O diabo alega que o Fidalgo o acompanhará por ter tido uma vida de luxúria e de pecados. • Ao Fidalgo, nada lhe valem as “compras” de indulgências, ou orações encomendadas. • A crítica à nobreza é centrada nos dois principais defeitos humanos: o orgulho e a prática da tirania.

  14. Onzeneiro: o segundo personagem a ser inquirido é o Onzeneiro, usurário que ao chegar à barca do Diabo descobre que seu rico dinheiro ficara em terra. • Utilizando o pretexto de ir buscar o dinheiro, tenta convencer o Diabo a deixá-lo retornar, mas acaba cedendo às exigências do julgamento. • Bolsão significa, denotativamente, bolsa grande (dentro da qual está o dinheiro do Onzeneiro). • Conotativamente, significa a grandeza da usura, censurada pelo Anjo.

  15. Parvo: um dos poucos a não ser condenado ao Inferno. • O Parvo chega desprovido de tudo, é simples, sem malícia e consegue driblar o Diabo, e até injuriá-lo. • Ao passar pela barca do Anjo, diz ser ninguém. • Representa o agricultor pobre e oprimido, explorado pelos seus senhores, que eram os donos da terra (Senhores Feudais). • Em sentido mais amplo, representa os pobres, desvalidos e ignorantes em geral, vítimas da injustiça e da ambição desmedida das classes dominantes. • Por sua humildade e por seus verdadeiros valores, é conduzido ao Paraíso.

  16. Sapateiro: representante dos mestres de ofício, que chega à embarcação do Diabo carregando seu instrumento de trabalho, o avental e as formas. • Engana na vida e procura enganar o Diabo, que espertamente não se deixa levar por seus artifícios. • Frade: como todos os representantes do clero, focalizados por Gil Vicente, o Frade é alegre, cantante, bom dançarino e mau-caráter. • Acompanhado de sua amante, o Frade acredita que por ter rezado e estar a serviço da fé, deveria ser perdoado de seus pecados mundanos, mas contra suas expectativas, é condenado ao fogo do inferno. • Deve-se notar que Gil Vicente desfecha ardorosa crítica ao clero, acreditando-o incapaz de pregar as três coisas mais simples: a paz, a verdade e a fé.

  17. Brísida Vaz: misto de alcoviteira e feiticeira. • Por sua devassidão e falta de escrúpulos, é condenada. • Há um jogo com a palavra Conversão, que, no sentido religioso, significa conduzir de uma a outra religião e, no sentido profano, significa fazer passar de uma a outra condição. • Personagem interessante que faz o público leitor conhecer a qualidade moral de outros personagens que com ela se relacionaram.

  18. Judeu: entra acompanhado de seu bode. • Deplorado por todos, até mesmo pelo Diabo que quase se recusa a levá-lo, é igualmente condenado, inclusive por não seguir os preceitos religiosos da fé cristã. • Bom lembrar que, durante o reinado de D. Manuel, houve uma perseguição aos judeus visando à sua expulsão do território português; alguns se foram, carregando grandes fortunas; outros, converteram-se ao cristianismo, sendo tachados cristãos novos. • Os preconceitos da época revelados: • Considerar o Judaísmo como um crime (bode); • Crença de que o Judeu teria no poder do dinheiro; • Críticas do Parvo que acusa o Judeu de desrespeitar a religião católica.

  19. Corregedor e o Procurador: ambos representantes do judiciário. • Juiz e advogado deviam ser exemplos de bom comportamento e acabam sendo condenados justamente por serem tão imorais quanto os mais imorais dos mortais, manipulando a justiça de acordo com as propinas recebidas.  (Corrupção)     • Enforcado: chega ao batel, acredita ter o perdão garantido: seu julgamento terreno e posterior condenação à morte o teriam redimido de seus pecados, mas é condenado também a ir para o Inferno. • Cavaleiros: finalmente chegam à barca quatro cavaleiros cruzados, que lutam pelo triunfo da fé cristã e morrem em poder dos mouros. • Obviamente, com uma ficha impecável, serão todos julgados e perdoados.

  20. VI. Observação Final • Cada um dos personagens focalizados adentra a morte com seus instrumentos terrenos, são venais, inconscientes e por causa de seus pecados não atingem a Glória, a salvação eterna. • Destaque deve ser feito à figura do Diabo, personagem vigorosa que conhece a arte de persuadir, é ágil no ataque, zomba, retruca, argumenta e penetra nas consciências humanas. • Ao Diabo cabe denunciar os vícios e as fraquezas, sendo o personagem mais importante na crítica que Gil Vicente tece de sua época.

  21. Bibliografia: 1. Auto da Barca do Inferno – Análise da Obra – Prof. Francisco Achcar - Sistema de Ensino Objetivo 2. www.portrasdasletras.com.br 3. Auto da Barca do Inferno – Gil Vicente - Editora Objetivo 4. Elogio da Loucura. Erasmo de Rotterdan. Editora L&PM POCKET. 2003. • Observação: as referências acima não seguem o padrão da ABNT por opção do professor.

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