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O empirismo britânico 2

O empirismo britânico 2. Hume. Os principais empiristas. John Locke (1632–1704) George Berkeley (1685–1753) David Hume (1711–1776). David Hume (1711–1776). Principais obras. 1739-40: Tratado da natureza humana 1748: Investigação sobre o entendimento humano. Causalidade e hábito.

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O empirismo britânico 2

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  1. O empirismo britânico 2 Hume

  2. Os principais empiristas • John Locke (1632–1704) • George Berkeley (1685–1753) • David Hume (1711–1776)

  3. David Hume (1711–1776)

  4. Principais obras • 1739-40: Tratado da natureza humana • 1748: Investigação sobre o entendimento humano

  5. Causalidade e hábito

  6. Causalidade e hábito • Na Investigação sobre o entendimento humano (1748), Hume defende que nossas percepções são de dois tipos: • impressões; • idéias. • As idéias são cópias tênues das impressões.

  7. Causalidade e hábito • As impressões são nossas percepções mais vivazes e fortes. • Elas ocorrem quando vemos, ouvimos, sentimos algo, quando amamos, odiamos, desejamos, ou queremos.

  8. Causalidade e hábito • As idéias são cópias das impressões; e se dão quando, pela memória, recordamos uma impressão, ou quando, pela imaginação, a antecipamos. • A partir das impressões, formamos as idéias simples, que podem ser combinadas pelo entendimento.

  9. Causalidade e hábito • Portanto, todas as idéias têm, em última instância, origem nas impressões. • Para Hume, dada uma idéia qualquer, podemos e devemos nos perguntar de que impressão ela deriva.

  10. Causalidade e hábito • Hume descreve então as formas pelas quais o entendimento combina ou associa as idéias: • semelhança; • contigüidade (tempo ou lugar); • causa ou efeito (causação).

  11. Causalidade e hábito • Semelhança: retrato de uma pessoa  a própria pessoa. • Contigüidade: cômodo de uma casa  outro cômodo; dia da semana  dia seguinte, anterior. • Causação: ferimento  dor.

  12. Causalidade e hábito • Além disso, todos os objetos do conhecimento se dividem em dois tipos: relações de idéias e questões de fato. • As relações de idéias correspondem ao tipo de conhecimento encontrado nas disciplinas da matemática.

  13. Causalidade e hábito • Relações de idéia  matemática. • Quer dizer, as afirmações feitas por essas disciplinas são ou intuitivas, ou demonstrativamente certas.

  14. Causalidade e hábito • As verdades assim descobertas não dependem que nada exista no mundo, e são alcançadas apenas pelas operações do pensamento. • Nelas, temos apenas de evitar contradições.

  15. Causalidade e hábito • As questões de fato, por sua vez, sempre admitem seu oposto. • O contrário de uma questão de fato é sempre possível. • Para Hume, todos nossos raciocínios sobre questões de fato estão baseados na relação de causa e efeito.

  16. Causalidade e hábito • Questões de fato  causa e efeito. • Tal relação, argumenta Hume, é a única forma pela qual podemos ir além de nossos sentidos e do que temos na memória.

  17. Causalidade e hábito • Todo o conhecimento do mundo, das leis da natureza, e dos eventos envolvendo os corpos depende dessa relação (de causa e efeito). • Portanto, é necessário investigar sua fundamentação.

  18. Causalidade e hábito • Ora, tal investigação sobre o fundamento de nosso conhecimento em questões de fato deve se iniciar pela observação dos fatos. • Todas as nossas expectativas e predições se baseiam na idéia de que o que ocorreu no passado continuará a ocorrer no futuro.

  19. Causalidade e hábito • Isto é, o fogo continuará queimando, a água matará a sede, o pão matará a fome, etc., em virtude de suas propriedades. • Exemplo da pedra ao sol. (“O sol tem o poder de esquentar a pedra.”)

  20. Causalidade e hábito • Esse poder e essa relação entre os corpos não nos são dados na experiência. • O que temos pela experiência é a observação de uma conjunção constante entre tais eventos. • A & B, A & B, A & B, ...

  21. Causalidade e hábito • Hume quer investigar de que maneira fazemos a associação entre tais coisas. • Hume diz que não há nenhum fundamento racional em nossas inferências desse tipo. • Entretanto, a experiência nos faz aquirir crenças causais.

  22. Causalidade e hábito • Esse é o famoso problema de Hume, muitas vezes apresentado como o problema da indução. • Da observação de diversos casos particulares nos quais duas coisas estão correlacionadas, não podemos concluir seguramente que sempre estarão correlacionadas dessa maneira.

  23. Raciocínios indutivos

  24. Raciocínios indutivos • Todos os corvos observados são pretos. • Portanto, todos os corvos são pretos. • Todas as esmeraldas observadas são verdes. • Portanto, todas as esmeraldas são verdes.

  25. Raciocínios indutivos Todos os cisnes são brancos, certo?

  26. Raciocínios indutivos

  27. Raciocínios indutivos • Argumento generalizante (GEN): Observei inúmeras esmeraldas, e cada uma delas era verde. Logo, todas as esmeraldas são verdes.

  28. Raciocínios indutivos • Argumento de previsão (PREV): Observei inúmeras esmeraldas, e cada uma delas era verde. Logo, a próxima esmeralda que vou observar também é verde.

  29. Raciocínios indutivos • GEN e PREV não são dedutivamente válidos. • Mas Hume vai mais além: o ponto de vista dele é o de que não há absolutamente qualquer justificação racional para as nossas crenças que são generalizações ou previsões.

  30. Causalidade e hábito • Quer dizer, a experiência nos dá conjunções constantes entre os objetos, não relações necessárias entre eles. • Para que os raciocínios indutivos permitam conclusões indubitáveis, seria necessário que o princípio de uniformidade da natureza fosse verdadeiro.

  31. Causalidade e hábito • PUN: “O futuro se assemelhará ao passado”. • GEN e PREV requerem o PUN como premissa adicional.

  32. Causalidade e hábito • Podemos dar um argumento indutivo em favor do PUN? A natureza tem sido uniforme nas observações que fiz no passado. Logo, em geral a natureza é uniforme. • Esse argumento também requer o PUN, portanto, é circular!

  33. Causalidade e hábito • Podemos dar uma justificação dedutiva para o PUN? • Dedução a partir de observações não. • Dedução a priori, a partir de definições (relações de idéias)  também não.

  34. Causalidade e hábito • Isto é, se mantivermos a perspectiva empirista, esse princípio também deriva da experiência e não pode, portanto, fundamentar o restante do conhecimento que temos dos fenômenos naturais.

  35. Causalidade e hábito • A explicação dada por Hume é que a natureza humana é de tal forma constituída que, na presença de repetições na experiência, somos levados a adquirir crenças causais. • Esse elemento da natureza humana é denominado, por Hume, de Princípio do Hábito.

  36. Causalidade e hábito • Ao contrário dos princípios de associação de idéias, o Hábito nos leva invariavelmente a adquirir crenças causais na presença de repetições na experiência.

  37. Causalidade e hábito • Argumentos em favor da existência do Hábito: • Há uma espécie de harmonia preestabelecida entre o curso da natureza e nossas idéias. • Se nossas crenças causais não fossem colocadas em nós dessa maneira involuntária, nossa conservação e sobrevivência estariam em risco.

  38. Ceticismo mitigado

  39. Ceticismo mitigado • A teoria de Hume para explicar nossa aquisição de crenças causais possui caráter naturalista e falibilista. • Falibilismo: não é possível fundamentar de forma inabalável o conhecimento humano; na melhor das hipóteses, podemos dar explicações razoáveis, que podem ser falsas.

  40. Ceticismo mitigado • Hume caracteriza sua posição como um ceticismo mitigado. • Ceticismo mitigado: podemos aceitar as aparências, mas não de uma forma dogmática; apenas como boas explicações.

  41. Ceticismo mitigado • A teoria de Hume põe em xeque a metafísica e qualquer tentativa de fundamentar a ciência empírica por meio da metafísica, como era o objetivo de Descartes.

  42. Ceticismo mitigado “Tomemos em nossas mãos qualquer volume, de teologia ou metafísica escolástica, por exemplo, e perguntemo-nos: contém ele algum raciocínio abstrato a respeito da quantidade ou do número? Não. Contém algum raciocínio experimental a respeito da matéria e da existência? Não. Lancemo-lo, portanto, às chamas; pois não pode conter nada além de sofismas e ilusões.” (Investigação, Sec. VII, Pt. III)

  43. Resumo da ópera

  44. Resumo da ópera • Qualquer argumento indutivo requer o PUN como premissa. • Se a conclusão de um argumento indutivo está justificada racionalmente pelas premissas, então essas mesmas premissas devem ser racionalmente justificáveis. • Logo, se a conclusão de um argumento indutivo está justificada, tem de haver uma justificação racional para o PUN. • Se o PUN é racionalmente justificável, então tem de haver um bom argumento indutivo ou um bom argumento dedutivo a favor do PUN. • Não há qualquer bom argumento indutivo a favor do PUN, pois tal argumento seria sempre circular. • Não pode haver um bom argumento dedutivo a favor do PUN, pois o PUN não é verdadeiro a priori nem podemos deduzir o PUN a partir de observações que tenhamos feito até ao momento. • Logo, o PUN não é racionalmente justificável. Logo, não há qualquer justificação racional para as nossas crenças que têm a forma de previsões ou generalizações. (Elliott Sober)

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