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Atividades econômicas para o abastecimento interno

Atividades econômicas para o abastecimento interno. A partir da análise das imagens e dos documentos que seguem, desenvolva as atividades. Por Luís Gustavo Mundim Molinari Revisado por Sara Glória Aredes.

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Atividades econômicas para o abastecimento interno

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Presentation Transcript


  1. Atividades econômicas para o abastecimento interno A partir da análise das imagens e dos documentos que seguem, desenvolva as atividades. Por Luís Gustavo Mundim Molinari Revisado por Sara Glória Aredes

  2. Trecho do tratado exposto a Manuel da Silva Ferreira por seus escravos quando se conservaram levantados [Engenho de Santana, termo da Vila de Ilhéus, BA, 1789]. “Meu Senhor, nós queremos paz e não queremos guerra. Se meu Senhor também quiser a nossa paz, há de ser nesta conformidade, se quiser estar pelo que nós quisermos, a saber: Faça uma barca grande para, quando for para a Bahia, nós metermos as nossas cargas, para não pagarmos fretes. Na planta de mandioca, os homens queremos que só tenham tarefa de duas mãos e meia e as mulheres de duas mãos. A tarefa de farinha há de ser de cinco alqueires rasos, pondo arrancadores bastantes para estes servirem de pendurarem os tapetes. A tarefa de cana há de ser de cinco mãos – e não de seis – e a de canas, em cada feixe. O canavial de Jabiru o iremos aproveitar por esta vez e, depois, há de ficar para pasto, porque não podemos andar tirando canas entre mangues. Poderemos plantar nosso arroz onde quisermos e em qualquer brejo, sem que para isso peçamos licença. E poderemos, cada um, tirar jacarandás ou qualquer pau sem darmos parte para isso.”

  3. Veja aqui o significado das palavras destacadas no trecho do Tratado do Engenho de Santana • Tarefa: Unidade de medida da terra usada na Bahia, correspondente a trinta braças quadradas (=4352 m2), possuindo variações nas regiões de Brasil; termo aplicado também ao trabalho de cotas diárias, correspondendo a uma equivalência entre o trabalho da moenda e a área da terra. É difícil precisar essa equivalência com exatidão (Schwartz, p. 103). • Alqueire:unidade de medida de todo o gênero de grãos. • Levantados: revoltados.

  4. Um pouco da história do Engenho de Santana: • O Engenho de Santana foi fundado na segunda metade do século XVI, pelo governador-geral do Brasil Mem de Sá. • Em 1612, foi doado ao Colégio de Santo Antão de Lisboa, passando à administração jesuítica, sob a qual ficou até 1759. • Em 1759, o governo português expulsou os jesuítas de todos os seus domínios, e, então, o engenho passou para o controle da Coroa, que o vendeu para Manuel da Silva Ferreira em data imprecisa. • Em 1789, a maioria dos 300 escravos do engenho revoltou-se, matou o mestre de açúcar, tomou parte das ferramentas e refugiou-se nas matas. • Por cerca de dois anos, o engenho parou e, a certa altura, os rebelados apresentaram um “Tratado de paz”. c. 1559 1555-1612 1612 - 1759 1759-1789 1789 - 1790

  5. 1) Começando a análise: a. Identifique os gêneros alimentícios presentes no Tratado do engenho de Santana, que você leu no slide anterior.

  6. b. Observe a imagem e identifique os gêneros alimentícios nela presentes. Venda em Recife,Johan Moritz Rugendas, 1835

  7. Habitação de Escravos (Fragmento), Johan Moritz Rugendas, 1835 c. E agora, quais gêneros alimentícios você consegue identificar na imagem ao lado?

  8. 2) Construindo uma hipótese sobre a análise anterior.... • Você acredita que os alimentos identificados eram produzidos apenas para a subsistência de seus produtores ou também para a comercialização? • Se comercializados, quais os possíveis locais de venda?

  9. 3) Testando sua hipótese: Veja agora mais informações sobre os possíveis destinos dos produtos: Rua Direita, Rio de Janeiro, 1835, Johan Moritz Rugendas

  10. Um jantar brasileiro, 1834, J. B. Debret

  11. Venda em Recife, Johan Moritz Rugendas, 1835

  12. Os historiadores vêm debatendo há muito o papel e a participação das atividades agropecuárias para o abastecimento interno no interior da economia colonial. Historiadores como Caio Prado Jr. (1942) e Fernando Antônio Novais (1979) falaram de seu desenvolvimento no interior das grandes propriedades agroexportadoras, coexistindo com a produção de cana de açúcar, algodão etc. e sendo protagonizadas pelos escravos. Reconheceram seu desenvolvimento em outras unidades produtivas, de tamanhos diversos. Porém, minimizaram sua importância no conjunto da economia colonial, vendo-as como um apêndice, como algo secundário e, muitas vezes, voltadas exclusivamente para a subsistência, para o sustento dos próprios produtores, não atingindo o mercado. Ciro Flamarion Cardoso (1979) e outros historiadores viram, no desenvolvimento da agropecuária para abastecimento interno, uma brecha camponesa, no interior de um sistema fundado na grande propriedade rural: no mundo em que imperavam os latifundiários, havia lugar para pequenos proprietários. Jacob Gorender (1988) associou o maior desenvolvimento das atividades agropecuárias de abastecimento, no interior das grandes propriedades agroexportadoras, às fases em que o mercado internacional era desfavorável aos produtos coloniais. Gorender, além disso, criticou os historiadores que associaram as atividades agropecuárias de abastecimento à “brecha camponesa”, sobretudo porque o escravo que desenvolvia sua roça no interior da grande propriedade não era um camponês, um pequeno proprietário rural, continuando no estado de escravidão. A partir principalmente de 1984, com os estudos de João Luís Fragoso sobre a economia colonial, formou-se uma corrente de historiadores que passou a ver de outro modo as atividades agropecuárias de abastecimento interno: elas se desenvolveriam sem necessariamente dependerem da demanda externa por produtos agrícolas de exportação, seriam fontes de acumulação de capital no interior da própria colônia e seriam encontradas tanto nas grandes propriedades agroexportadoras, como em grandes propriedades voltadas exclusivamente para o abastecimento interno, em pequenas propriedades com igual orientação e, ainda, em pequenas propriedades voltadas para a subsistência dos produtores que, em alguns momentos, eramcapazes de escoar excedentes para o mercado interno. A produção agropecuária para abastecimento interno na historiografia brasileira:

  13. Leia atentamente este trecho da Carta de Caminha: Senhor [El-Rei D. Manuel], [...] E hoje que é sexta-feira, primeiro dia de maio, saímos em terra com nossa bandeira; e fomos desembarcar no rio acima [...] Até agora não podemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal [....] Contudo a terra em si é de muitos bons ares, frescos e temperados como dos de Entre-Douro e Minho [...] Em tal maneira é graciosa que, querendo a aproveitar-se há nela tudo, por causa das águas que tem! [...] Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente.

  14. A partir da leitura do trecho da Carta de Caminha e da hipótese já construída, elabore uma síntese sobre o tema apresentado, destacando os seguintes pontos: • Relacione a Carta com a produção de alimentos. • Discuta o lugar da produção de alimentos na economia colonial.

  15. Jean Baptiste Debret Ele chegou ao Brasil em 1816, membro de uma missão francesa contratada para introduzir o ensino de artes plásticas no então Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, tendo permanecido aqui até 1831. As imagens por ele produzidas nesse período foram publicadas entre 1834-39, na França, na obra Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Voltar

  16. Johan Moritz Rugendas Nasceu em Augsburg, 1802 e morreu em Weilheim, em 1859. Desenhista e pintor, descendente de família de artistas, estudou no ateliê de Albrecht Adam. Incentivado pelos relatos de viagem de Spix e Martius e pela exposição, em Viena, dos desenhos de Thomas Ender feitos no Brasil, integrou-se à expedição de Langsdorf. Desembarcou no Rio de Janeiro em 1822. Em 1825, retornou à Europa. Voltou a viajar pela América entre 1831 e 1846, percorrendo diversos países, inclusive o Brasil. Registrou diversas cidades mineiras, destacando sempre o trabalho escravo na região. Foi artista de grande prestígio na Corte, tendo pintado, além de cenas de florestas, vários retratos da família imperial e de outras personalidades brasileiras. É autor de Viagem Pitoresca à Terra do Brasil, publicada em 1835. Retornar à imagem

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