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Machado de Assis

Machado de Assis. Romancista: Segunda fase. Prof. Bruno Zeni. Carte de visite de Machado, feita pelo fotógrafo Insley Pacheco por volta de 1900. Os romances da segunda fase. Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) Narrado em primeira pessoa por Brás Cubas

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Machado de Assis

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Presentation Transcript


  1. Machado de Assis Romancista: Segunda fase Prof. Bruno Zeni Carte de visite de Machado, feita pelo fotógrafo Insley Pacheco por volta de 1900

  2. Os romances dasegunda fase • Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) Narrado em primeira pessoa por Brás Cubas Publicado primeiro em folhetim na Revista Brasileira, em 1880 • Quincas Borba (1891) Narrado em terceira pessoa Publicado primeiro em folhetim em A Estação

  3. Os romances da segunda fase • Dom Casmurro (1899) Publicado diretamente em livro Narrado em primeira pessoa por Bento Santiago • Esaú e Jacó (1904) Publicado diretamente em livro Narrado em terceira pessoa (“autor”: Conselheiro Aires) • Memorial de Aires (1908) Publicado diretamente em livro Narrado em primeira pessoa pelo Conselheiro Aires (forma de diário, “editado” por Machado de Assis)

  4. Hipóteses sobre a virada machadiana • Biográfica O casamento com Carolina, a estabilidade, a maturidade e o desencanto dos 40 anos, a doença nos olhos, a epilepsia 2. A disputa em torno do realismo e a rivalidade com Eça de Queirós Paulo Franchetti http://paulofranchetti.blogspot.com.br/2013/06/o-primo-basilio-e-batalha-do-realismo.html http://paulofranchetti.blogspot.com.br/2013/06/o-jogo-dos-sentidos-em-eca-de-queiros.html João Cezar de Castro Rocha: A “poética da emulação” • As influências e a universalidade A sátira menipeia, a forma livre de Sterne, o estilo digressivo, o pessimismo de Schopenhauer • Nova consciência estética e social Roberto Schwarz: narradores-personagens em situação. Condição de classe. Volubilidade do narrador e discernimento sócio-histórico do romancista. John Gledson: a versatilidade dos gêneros, a paródia e variações em torno do triângulo amoroso recorrente (o brasileiro caipira, o “estrangeiro” e a mulher fascinante) 5. A relação dos narradores com os leitores Hélio de Seixas Guimarães: “Da plateia lotada, pressuposta pelo narrador de Ressurreição, A mão e a luva e Helena, vamos para os cem ou cinco leitores de Brás Cubas e para o não leitor da “História dos subúrbios, que fica adiada para depois de terminada a narração de Dom Casmurro e, finalmente, para o leitor único – ou o leitor-nenhum – do Memorial de Aires”. In: Os leitores de Machado de Assis Carolina Augusta Xavier de Novais, com quem Machado se casou em 1869 Machado por volta de 1880

  5. Machado de Assis, intérprete complexo de seu tempo “As principais obras de Machado permanecem também [como Senhora, de Alencar, O cortiço, de Aluísio Azevedo, e A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo] nos limites do mundo doméstico urbano, mas o autor não deriva a substância dos seus personagens nem as motivações das suas ações de uma identificação direta com o cenário. Machado substitui a ênfase cênica pela constituição mais elaborada do comportamento humano, pelo aprofundamento psicológico dos seus personagens, pela verossimilhança das suas motivações e pela ambiguidade das suas composições morais. A função do cenário se transforma e o espaço passa a ser visto como uma relação entre personagens, como projeções das suas motivações particulares. [...] A ficção machadiana, ao contrário do Romantismo e do Naturalismo brasileiros, está povoada por heróis obcecados, quase ao extremo, pelos seus interesses pessoais, pelo significado das suas próprias ações diante dos demais e pela imaginação das motivações alheias. Já em 1873, no antológico ensaio “Notícia da atual literatura brasileira: Instinto de nacionalidade”, Machado chama a atenção para o fato de que insistentemente “as formas literárias do pensamento buscam vestir-se com as cores do país”. A ênfase nas “cores locais” como recurso de independência literária aparece ao escritor como um critério insuficiente de legitimação do artesanato estético. Citando Shakespeare como sinônimo de um universalismo “essencialmente inglês”, Machado afirma que o “que se deve exigir do escritor antes de tudo. é certo sentimento íntimo, que o tome homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço”. Para Machado, o romance brasileiro se caracterizara até então por uma documentação de “quadros da natureza e de costumes”, raramente dedicando-se à “análise de paixões e caracteres”. É precisamente nesta ressalva que Machado começa a divergir dos seus contemporâneos na prosa de ficção, substituindo a atenção cênica e descritiva, que caracterizava o Romantismo, por uma construção de retratos morais e ações de motivação mais complexa. Em 1878, a mesma modalidade de crítica é endereçada pelo autor ao Naturalismo. Na sua resenha de O primo Basílio, romance de Eça de Queirós, Machado também condena no escritor português tanto a descrição exacerbada da matéria baça e vil, como a inverossimilhança de certas motivações envolvidas na encenação do enredo, que esvaziava a autonomia e a razão moral dos personagens: uma opção que acabava contribuindo para a “inanidade do caráter da heroína”. O que Machado exige de Eça é certa verossimilhança calcada na profundidade moral dos personagens, um feito que só pode ser garantido pela tessitura cuidadosa do repertório dos seus motivos e intenções. [...] Colocada em termos dos temas desenvolvidos neste ensaio, a transição representada pela narrativa machadiana pode ser descrita como uma mudança da ênfase no cenário para uma atenção maior à construção das motivações dos protagonistas: uma passagem da relação que o sujeito tem com a matéria em redor à relação que ele estabelece com os demais sujeitos. Neste sentido, por exemplo, a casa como cenário dos romances urbanos em Machado surge como uma extensão das complexidades morais dos próprios personagens, revertendo o movimento comum à ficção romântica e naturalista. ” — José Luiz Passos. Machado de Assis, o romance com pessoas

  6. Um mestre na periferia do capitalismo “A volubilidade narrativa torna rotineira a ambiguidade ideológico-moral dos proprietários, diferentemente dos romances iniciais, onde esta tivera estatuto de momento excepcional e revelação, com lugar crucial na progressão dramática. A reversibilidade metódica entre as posturas normativa e transgressiva agora veio a ser a ambiência geral da vida. Ficam inviabilizados os desdobramentos contraditórios longos, dotados de travejamento ideológico e crise objetiva, próprios ao Realismo europeu, substituídos por um movimento global sui generis, com fundamento histórico não menor: em lugar da dialética, o desgaste das vontades. A normalização literária de um dado estrutural da sociedade brasileira não significava entretanto justificação. Pelo contrário, o caráter insustentável da volubilidade ressalta a todo instante, ao passo que nos romances anteriores, por prudência, ele não fora frisado. Estes últimos queriam remediá-lo, enquanto nas Memórias, onde não há saída à vista, o objetivo é enxergá-lo na sua extensão e na envergadura dos danos causados. Em que consiste a reserva auto-imposta do narrador dos romances iniciais? No que toca à relação entre proprietários e dependentes, o comedimento está em não glosar com verve os prolongamentos mais perversos da dominação pessoal direta; e no que toca ao significado contemporâneo daquela relação, em não expor a gente de bem ao critério burguês que a condenaria. Contudo, ao esquivar o ponto de vista moderno em deferência aos abastados, cuja dignidade, muito sublinhada, parece independer dos abusos que praticam, Machado plantava o seu romance em terreno apologético e provinciano: construía um espaço à parte, a salvo do julgamento da atualidade, este último como que localmente desativado. Ora, o narrador volúvel põe fim à segregação protetora. Ao faltar com estardalhaço às regras de equidade e razão, ele as reconhece e torna efetivas, patenteando em toda linha, enquanto dado presente, a discrepância entre as nossas formas sociais e o padrão da civilização burguesa.” — Roberto Schwarz. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis

  7. Um mestre na periferia do capitalismo “[...] a técnica narrativa das Memórias póstumas resolvia questões armadas por quarenta anos de ficção nacional e, sobretudo, encontrava movimentos adequados ao destino ideológico-moral implicado na organização da sociedade brasileira. [...] Voltando a Machado de Assis, vimos que a sua fórmula narrativa atende meticulosamente às questões ideológicas e artísticas do Oitocentos brasileiro, ligadas à posição periférica do país. Acertos, impasses, estreitezas, ridículos, dos predecessores e dos contemporâneos, nada se perdeu, tudo se recompôs e transfigurou em elemento de verdade. Por outro lado, longe de representar um confinamento, a formalização das relações de classe locais fornece a base verossímil ao universalismo caricato das Memórias, um dos aspectos da sua universalidade efetiva. Os imperativos da volubilidade, com feição nacional e de classe bem definida, imprimem movimento e significado histórico próprios ao repertório ostensivamente antilocalista de formas, referências, tópicos etc., cujo interesse artístico reside nesta mesma deformação. A notável independência e amplitude de Machado no trato literário com a tradição do Ocidente depende da solução justa que ele elaborou para imitar a sua experiência histórica. Lembremos por fim a nota perplexa que acompanha as intermináveis manobras, ou infrações, do “defunto autor”: a norma afrontada vale deveras (sob pena de o atritamento buscadonão se produzir), e não deixa contudo de ser a regra dos tolos. Postos em situação, como reagimos? entramos para a escola de baixeza deste movimento, ou nos distanciamos dele, e o transformamos num conteúdo cujo contexto cabe a nós construir?” — Roberto Schwarz. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis

  8. Textos comentados • “Três tesouros perdidos” • “Teoria do Medalhão” • “A causa secreta” • Memórias póstumas de Brás Cubas (“Ao leitor”, primeiros capítulos e capítulo final: “Das negativas”) • Início de Quincas Borba • Dom Casmurro (trechos de descrição de Capitu e o capítulo “O regresso”) • Excertos críticos de Roberto Schwarz: Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis e “A poesia envenenada de Dom Casmurro” (In: Duas Meninas) Ilustração de Poty Lazzarotto para Memórias póstumas de Brás Cubas

  9. Indicações bibliográficas • ASSIS, Machado de. Obra completa. 4 volumes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. • Bosi, Alfredo. Machado de Assis: O Enigma do Olhar. São Paulo, Ática, 2000. ______. “Figuras do narrador machadiano”. In: Cadernos de Literatura Brasileira. Machado de Assis. São Paulo: Instituto Moreira Salles, julho de 2008. • CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. Momentos Decisivos. 5ª edição. São Paulo: Duas Cidades, 1995. • Chalhoub, Sidney. Machado de Assis: Historiador. São Paulo, Companhia das Letras, 2003. • Franchetti, Paulo. “Apresentação”. In: Machado de Assis, Dom Casmurro. Cotia: Ateliê Editorial, 2008. _______. “O Primo Basílio e a Batalha do Realismo no Brasil”. Disponível em: http://paulofranchetti.blogspot.com.br/2013/06/o-primo-basilio-e-batalha-do-realismo.html • GLEDSON, John. Machado de Assis: Ficção e história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003. ______. “Machado de Assis e a crise dos quarenta anos”. Revista Machado de Assis em Linha, ano 4, número 8, dezembro 2011. Disponível em: http://machadodeassis.net/download/numero08/num08artigo02.pdf. • Guimarães, Hélio de Seixas. Os leitores de Machado de Assis. O romance machadiano e o público de literatura no século XIX. São Paulo: Nankin Editorial, 2006. • Passos, José Luiz. Machado de Assis: o romance com pessoas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, Nankin Editorial, 2007. • ROCHA, João Cezar de Castro. Machado de Assis: por uma poética da emulação. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013. • Schwarz, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis. São Paulo: Duas Cidades, 1990. ______. Duas meninas. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. ______. Martinha versusLucrécia. Ensaios e entrevistas. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

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