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A CIDADE ILHADA

A CIDADE ILHADA. Prof.ª Karen Neves Olivan. Ficha técnica Título : A cidade ilhada Autor : Milton Hatoum Escola literária : Literatura Contemporânea Ano de publicação : 2009 Local : Manaus-AM Gênero : Conto. A cidade ilhada Milton Hatoum. A cidade ilhada traz,

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A CIDADE ILHADA

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Presentation Transcript


  1. A CIDADE ILHADA Prof.ª Karen Neves Olivan

  2. Ficha técnica • Título: A cidade ilhada • Autor: Milton Hatoum • Escola literária: Literatura Contemporânea • Ano de publicação: 2009 • Local: Manaus-AM • Gênero: Conto A cidade ilhadaMilton Hatoum

  3. A cidade ilhadatraz, • pela boca de um de seus personagens, • sua autodefinição: • “ninguém pode ser totalmente outro”. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  4. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  5. Primeiro livro de contos de Milton Hatoum. • Obra regionalista ou universal? • Regionalista, no que tange à organização espacial. • Universal, no que diz respeito aos conflitos encontrados no enredo. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  6. Cenário e personagens: • a Manaus cosmopolita, que contrasta esplendor e miséria, por meio da exuberância natural da região. • cidade habitada pela memória inventada de narradores nativos e estrangeiros e, é claro, do próprio autor. • Algumas personagens transitam entre os contos. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  7. Reflexo da narrativa: • Os textos trazem lirismo e humor. • Os contos refletem a vida nômade de Milton antes de se tornar um autor consagrado, pois viveu alguns anos na Europa; depois, lecionou Literatura nos Estados Unidos, e atualmente mora em São Paulo. • As histórias têm humor e leveza porque dizem respeito à sua vida de andarilho, que foi uma época de pobreza, mas de muita alegria, segundo Hatoum. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  8. O gênero literário: • Milton, em uma entrevista ao jornal “A crítica”, de Manaus, disse: “Tentei trabalhar com a ideia do conto moderno, que não opera com uma surpresa final, como era o conto do século 19. O conto moderno, do século 20, narra duas histórias paralelas e, no fim, revela o significado oculto de uma das duas histórias. Você começa contando uma coisa que não é aquilo que você quer narrar, como se houvesse uma história narrada que é retrabalhada numa outra história, que é a que você quer trabalhar.” A cidade ilhadaMilton Hatoum

  9. Contos • Varandas de Eva • Uma estrangeira da nossa rua • Uma carta de Bancroft • Um oriental na vastidão • Dois poetas da província • O adeus do comandante • Manaus, Bombaim, Palo Alto • Dois tempos • A casa ilhada • Bárbara no inverno • A ninfa do teatro Amazonas • A natureza ri da cultura • Encontros na península • Dançarinos na última noite A cidade ilhadaMilton Hatoum

  10. (01) Varandas de Eva • Narrado em 1ª pessoa. • O narrador-personagem conta um episódio ocorrido em sua infância, quando visitou, pela primeira vez, o bordel Varandas da Eva, e lá passou sua primeira noite, com uma bela e enigmática mulher. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  11. (01) Varandas de Eva • Ele foi com seus amigos: • Minotauro: forte ‘de meter medo’, com uma voz ainda de adolescente (fina e grossa ao mesmo tempo). • Gerinélson: paciente, calmo, ‘cheio de reticências’. Já namorava e dirigia escondido a lambreta de seu irmão. • Tarso: tímido, nunca dizia onde morava, parecia ser de classe social mais baixa que os amigos. Não quis entrar no bordel. • A ida ao Varandas de Eva foi financiada pelo tio Ranulfo (tio Ran). A cidade ilhadaMilton Hatoum

  12. A cidade ilhadaMilton Hatoum • (01) Varandas de Eva • Depois que entram, Minotauro cutucou o narrador, mostrando uma mulher que sorria para ele. • Eles dançam. • Ela percebe a ânsia dele e o aperta com gosto. • Ela o leva para a varanda, eles ficam ‘na maior pegação’. • Ela o ensina a fazer TUDO. • Ele volta ao local várias noites, mas nunca mais a encontrou. • A adolescência passa, a maturidade chega, o narrador se muda com os tios, afastando-se ainda mais dos amigos.

  13. A cidade ilhadaMilton Hatoum • (01) Varandas de Eva • O único que cruzou seu caminho outras vezes foi o Minotauro. • Já envelhecido, o narrador apresenta a cena final: • Ele avista de longe o Tarso. • Tarso está diante do palácio do governo, subindo as escadas para deixar uma cesta, quando aparece uma mulher que acena para ele, com um olhar muito carinhoso. • Era sua mãe. • Era a mulher que o transformara em homem. • Ele permanece ali um pouco, relembrando.

  14. A cidade ilhadaMilton Hatoum • (01) Varandas de Eva • As diferenças sociais de um grupo de amigos parecem pequenas quando todos não passam de meninos que descobrem a vida. • O tempo passa e as memórias de uma juventude de aventuras livres são atropeladas pela separação (inevitável?) entre pobres e não pobres e por uma atormentadora coincidência. • O autor faz uma leitura nostálgica do passado neste texto. Chora a passagem do tempo, capaz de dissipar "os gozos sem fim", dando espaço para que a aspereza de cada ato da vida surja "como um cacto, ou planta sem perfume". 1ª

  15. A cidade ilhadaMilton Hatoum • (01) Varandas de Eva • Em uma leitura mais atenta percebe-se o amigo do narrador como o menino pobre que ganhou as roupas para visitar o bordel e se emocionou ao experimentá-las, para chacota dos demais; a hesitação do menino no dia da tão esperada visita, e seu posterior sumiço; o carinho e o mistério da mulher para com o narrador. • E vê-se que cada frase, cada cena, cada comentário tem uma função no texto e ajuda a construir aquele desfecho, e é nessa leitura que entende-se ser esta não a história de um menino em busca da primeira mulher, mas de um menino tornando-se homem e perdendo, com isso, muito da antiga ingenuidade, muito da ilusão. 1ª

  16. (02) Uma estrangeira da nossa rua • O protagonista estava em São Paulo e retornou à sua cidade, onde encontrou a casa azul – que ficava em frente da do seu tio – em ruínas. • Ele olha pra varanda da casa e lembra de... • Lyris: tinha +ou– 18 anos, cabelos quase ruivos, olhos verdes puxados, rosto anguloso, era mais alta que sua irmã, menos arredia também. • Irmã de Lyris: tinha +ou- 15 anos. • Antonieta: vizinha escandalosa que apelidara Lyris e sua irmã de bichos-do-mato porque elas não iam a lugar algum (festas, carnaval, praias), nem tinham namorados ou amigos. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  17. (02) Uma estrangeira da nossa rua • Doherty: engenheiro, era o pai de Lyris e sua irmã, bem como o responsável pelo apelido que elas ganharam de Antonieta, pois ele sempre as escoltava. • O narrador conta que Lyris, sua irmã, Doherty e Alba (mãe/esposa) eram afáveis. • Ele suspeita que o pai era inglês ou irlandês e que a mãe era peruana. • Certa vez, o protagonista vê, de binóculo, Lyris lendo um livro de capa vermelha, deitada nua em sua cama. • Ele analisa cada movimento dela.. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  18. (02) Uma estrangeira da nossa rua • Meses depois, ele conversa – pela primeira vez – com Lyris e ganha um beijo dela. • Ela o convida para visitá-la, mas ele nunca aparece, tem medo de Doherty. • Certo dia, os Doherty saem e Lyris não volta com eles. • Tempos depois, ele recebe uma carta de Lyris da Tailândia. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  19. (02) Uma estrangeira da nossa rua • Neste conto, a família Doherty mantém-se distante do entorno. • Pai, mãe e duas lindas filhas estão isolados do país pelo muro da casa, numa discrição excessiva que os afasta das relações mais casuais. • É nesse ambiente de distanciamento que o narrador percebe a presença de Lyris, a jovem sedutora porque o garoto sente "alguma coisa terrível e ansiosa parecida com a paixão". A cidade ilhadaMilton Hatoum 1ª

  20. (02) Uma estrangeira da nossa rua • Aqui a história aparente conta o amor platônico de um menino por uma vizinha ruiva, filha de estrangeiros que jamais deixavam a casa, embora fossem afáveis com todos na rua. • A história oculta, porém, revela mais, revela o fosso social que se cria entre comunidades muito próximas, revela a dificuldade de relacionamento entre culturas diferentes, revela o medo e até a soberba daqueles que julgavam trazer o progresso. A cidade ilhadaMilton Hatoum 1ª

  21. (03) Uma carta de Bancroft • O narrador-protagonista é um escritor amazonense que se muda para WaverlyPlace (San Francisco) para um temporada na universidade de Berkeley. • Ele conversa com o 1º americano que encontra: TseLing Roots. • Ling conta que seu bisavô veio da China para trabalhar nas minas e ferrovias da Califórnia. • Seu bisavô foi um dos responsáveis pela Chinatown como se conhece hoje. • Outro olhar estrangeiro, mas dessa vez de um brasileiro em Berkeley. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  22. (03) Uma carta de Bancroft • Ling era policial e, nas horas vagas, visitava um templo, para não enlouquecer. • Mas a paisagem da cidade era linda: tinha as colinas de Berkeley, as pontes iluminadas à noite e os edifícios com traços futuristas. • O protagonista foi a essa universidade por estar interessado em manuscritos brasileiros. • Ele vai ao fichário “Brasil: Limites & Fronteiras”, no arquivo: “cartas e outros documentos manuscritos”, onde encontra uma carta de Euclides da Cunha a Alberto Rangel. • Euclides estava passando um tempo na casa de Rangel, em Manaus, enquanto este estava no Rio. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  23. (03) Uma carta de Bancroft • O protagonista diz que Manaus o persegue. • Na carta, o protagonista reconhece a linguagem de Euclides: “barroca, sinuosa, exuberante” e lê sobre um sonho deste autor. • Euclides sonhou que a Amazônia tinha sido povoada por europeus, que a haviam devastado e transformado em uma cidade cosmopolita, extensão de Manaus e Belém. • Até que encontra um francês, Gabineau, o qual tenta convencê-lo de que as terras amazonenses só serão viáveis com a colonização europeia. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  24. (03) Uma carta de Bancroft • No sonho, Euclides decide voltar para casa, quando passa em frente ao cemitério e assiste ao enterro do suboficial da Polícia Militar do Amazonas, cabo de feições indígenas que lutara na Guerra de Canudos. • No enterro, Euclides fica sabendo que o cabo levou 4 tiros do amante de sua mulher. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  25. • (03) Uma carta de Bancroft • Aqui, o narrador descreve seu espanto ao encontrar uma carta fictícia de Euclides da Cunha numa biblioteca americana. • No manuscrito, o escritor descreve um sonho e uma cena premonitória. • Mais uma vez, Manaus aparece emaranhada. • O narrador diz que a cidade o persegue, mesmo quando não é solicitada, "como se a realidade da outra América se intrometesse na espiral do devaneio para dizer que só vim a Brancoft para ler uma carta amazônica do autor de Os sertões. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  26. (04) Um oriental na vastidão • A narradora-personagem, pesquisadora da Universidade do Amazonas, conta que recebeu um fax de.. • KazukiKurokawa: de olhos apertados e vivos, era biólogo de água doce e professor aposentado da Universidade de Tóquio, com experiência de campo na África e nas Filipinas. • Kazuki queria fazer um passeio pelo Rio Negro, mas só podia ficar dois dias na cidade. • A narradora reserva para ele o hotel Tropical e, quando vai buscá-lo, recebe um estojo com um ideograma do Japão: “No lugar desconhecido habita o desejo”.”. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  27. (04) Um oriental na vastidão • A narradora combinou o trajeto com o barqueiro Américo: descer o paraná do careiro até Murumurutuba, ilha do Maneta, e retornar ao Amazonas, fazendo uma parada no encontro das águas. • Kazuki diz que quer fazer o trajeto sozinho, mas que um dia voltará para refazer o passeio com a pesquisadora. • Ele sabia muito sobre o Rio negro. Não levou nem máquina fotográfica, nem filmadora. Seu passeio foi um mistério. • A narradora fica sabendo que ele cumpriu com o combinado, inclusive devolvendo o barco a Américo. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  28. (04) Um oriental na vastidão • Depois de um tempo, o cônsul do Japão em Manaus convidou a narradora para acompanhá-lo a um passeio no Rio Negro. • Foram – em um silêncio misterioso – no barco do consulado. • Em determinado ponto, o cônsul pegou uma caixa coberta com a bandeira do Japão e entregou-a à narradora junto com uma carta. • Tratava-se de uma carta-testamento, em que Kazuki pedia à ela para jogar suas cinzas no Rio Negro. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  29. • (04) Um oriental na vastidão • Momento de maior lirismo, outro conto do rol de preferidos do escritor. • Um professor japonês realiza, de forma inusitada, o maior sonho de sua vida, conhecer o Rio Negro. Como de praxe, em todos os contos se mistura a história do próprio Hatoum, suas "memórias recriadas". • Aqui, abre-se espaço para o fascínio. • Manaus é um lugar metafórico, representa o mistério que conquista o homem: “No lugar desconhecido habita o desejo”. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  30. (05) Dois poetas da província • Dois poetas – intelectuais – manauaras conversam: • Albano: filho de um magnata de Manaus, é jovem, ambicioso e domina a língua francesa, o que lhe permitiu morar em Paris. • Zéfiro: ou ‘L’Immortel’, apelido cunhado em 1969, quando o governo militar interrompeu sua carreira no magistério público, era bem mais velho que Albano, fazia pouco caso das belezas naturais do Amazonas, da época do governo militar, do Estado (considerava este avesso às artes). Era apaixonado – escancaradamente – por Paris. Sabia muito bem francês, tanto que foi professor de Albano. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  31. (05) Dois poetas da província • Em 1981, Albano e Zéfiro estavam no hotel Amazonas, em uma sala com ar condicionado, bebendo um Bordeaux de 1972 e comendo um peixe pescado no Rio Negro. • Albano, embora com pressa, convidou o imortal para ficar com ele, dizendo ser por sua conta, pois este era uma jantar de despedida. • Zéfiro cita nomes e lugares da França com uma propriedade inigualável. • Conta que, naquela mesmo hotel, já recebera Sartre e Simone Beauvoir. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  32. (05) Dois poetas da província • Zéfiro interpretou despedida como uma referência à sua morte, pois já estava velho, mas seu orgulho superou o medo. • O almoço acaba e Zéfiro vai para casa. • Lá, ele recita poemas de Lamartine, Victor Hugo e Baudelaire. • Depois, cansado, debruça-se sobre o mapa de Paris, mas já era tarde. • “Bocejou, a cabeça oscilou e estalou no encosto”. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  33. • (05) Dois poetas da província • Contrapõe o primeiro conto, pois mostra a outra ponta da vida, a velhice e os desejos vencidos. • O texto aborda o encontro de Albano e Zéfiro, dois poetas, um ex-aluno do outro, ambos apaixonados por Paris. • Albano se prepara para embarcar para França. Zéfiro, um poeta que nunca publicou um livro, vive em Manaus o sonho europeu, e se orgulha em desprezar o governo militar com a mesma altivez em que ignora "a cachaça, o sol da tarde e a floresta". • Albano, o ex-aluno, é também uma espécie de alter ego do professor, se não por sua postura diante da poesia, certamente por sua postura diante da vida. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  34. • (05) Dois poetas da província • O conto faz referência a vários nomes importantes: • Jean-Paul Charles Sartre (1905-1980) : filósofo, escritor, crítico francês e representante do existencialismo. Acreditava que os intelectuais têm de desempenhar um papel ativo na sociedade. Em 1964, recusou-se a receber o Nobel de Literatura. Sua filosofia dizia que no caso humano (e só no caso humano) a existência precede a essência, pois o homem primeiro existe, depois se define, enquanto todas as outras coisas são o que são, sem se definir, e por isso sem ter uma "essência" posterior à existência. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  35. • (05) Dois poetas da província • Simone Lucie-Ernestine-Marie de Beauvoir (1908-1986): filósofa existencialista, escritora e feminista francesa. • Victor-Marie Hugo (1802-1885): escritor (Romantismo) e ativista pelos direitos humanos. • Alphonse Marie Louis de Prat de Lamartine (1790-1869): escritor, poeta e político francês. Influenciou o Romantismo. • Charles-Pierre Baudelaire (1821-1867): poeta e teórico de arte francesa, foi um dos precursores do Simbolismo e da poesia Moderna. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  36. (06) O adeus do comandante • Um velho – Moamede –retorna a Manaus e conta a seus netos e amigos uma história inacreditável, não era lenda como a do “boto”. • Ele conta que ao navegar pelo Amazonas (interior) viu o barco Princesa Anuíra atracado na rampa do mercado, perto do restaurante Barriga Cheia. • O dono do barco, Dalberto, estava lá. • Dalberto: cabloco musculoso, valente, desconfiado, de poucas palavras, mas de bom coração. Sua festa de casamento era lembrada por todos, devido à jovialidade da esposa e à grandiosidade de sua festa de casamento. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  37. (06) O adeus do comandante • Dalberto convidou o amigo a subir em seu barco. • O velho subiu e viu dois homens carregando um caixão para o barco. Fora feito pelos famosos artesãos de Kirintins, mas estava vazio e não tinha nenhuma cruz. • Dalberto desceu do barco e embrenhou-se na mata. • Todos ouviram um grito e o tilintar de um sino. • O medo tomou conta de todos, as mulheres fizeram o sinal da cruz. • Dalberto apareceu e todos aplaudiram. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  38. (06) O adeus do comandante • Ele carregava um corpo amarrado em uma espécie de saco. • Chamou o narrador Moamede para ajudá-lo a levar o corpo ensanguentado do jovem até sua casa. • Colocou o corpo na sala e orientou a empregada a acender velas quando sua patroa (esposa de Dalberto) chegasse, pois ela tinha “visita”. • Olhou para o amigo e pediu-lhe um último favor: acompanhá-lo à delegacia e reforçar a mentira que era verdade: dizer que o vira matar o irmão mais novo por ser amante de sua mulher Anaíra. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  39. • (06) O adeus do comandante • A lenda do boto tem sua origem na região amazônica. • Ainda é muito popular na região e faz parte. • De acordo com a lenda, um boto cor-de-rosa sai dos rios nas noites de festa junina e transforma-se num lindo jovem vestido com roupa social branca. • Ele usa um chapéu branco para encobrir o rosto e disfarçar o nariz grande. • Galanteador e falante, aproxima-se das jovens que estão sós, seduzindo-as. e convencendo-as a dar um passeio no fundo do rio, onde costuma engravidá-las. • Na manhã seguinte volta a se transformar no boto.  A cidade ilhadaMilton Hatoum

  40. (07) Manaus, Bombaim, Palo Alto • Um escritor amazonense recebe um telefonema do governo pedindo que recebe em sua casa um almirante indiano: RajivKumarSharma. • Rajiv: almirante da marinha indiana – leia-se escritor de crônicas –, era magro, tinha pele acobreada e os cabelos pretos e escorridos cortados à escovinha. Além disso, falava muito bem o inglês o hindi e outros dialetos indianos. • Narrador: escritor amazonense, que tem um apartamento pequeno e muito bagunçado. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  41. (07) Manaus, Bombaim, Palo Alto • O estrangeiro dizia que apenas queria conhecer um escritor amazonense, pois considerava a Amazônia um labirinto. • O narrador confessa não conhecer quase nada da literatura indiana. • A chegada é constrangedora: chove muito e o apartamento tem goteiras, sem falar que o gato do narrador fica se esfregando na roupa impecável do hóspede. • Eles falam da literatura indiana. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  42. (07) Manaus, Bombaim, Palo Alto • Anos mais tarde, o narrador descobre que o almirante era, na verdade, um cronista que escreve sobre sua estada na casa dele, comparando-a com um chiqueiro. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  43. • (07) Manaus, Bombaim, Palo Alto • Este é um dos contos mais divertidos, quase anedótico: um escritor amazonense recebe um telefonema misterioso de um assessor do governo, pedindo que receba a visita de um almirante indiano. • Hatoum revela que este é o conto mais autobiográfico do livro. • Bombaim é a maior cidade da Índia. • Palo Alto é uma cidade da Califórnia. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  44. (08) Dois tempos • O narrador volta a Manaus a fim de fazer uma surpresa ao tio Ranulfo, com quem morou quando tinha 14 anos. • Foi caminhar e viu Aiana, uma vizinha e ex-aluna do conservatório. • Aiana saiu do casarão e o perguntou se lembrava da professora TarazibulaSteinway. • Ele relembra a época em que frequentava o conservatório. • Ela, levando uma vela, puxa o narrador e o conduz a uma sala. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  45. (08) Dois tempos • Ele hesita, mas entra. • Narra todas as sensações: sinestesia. • Vê seu tio debruçado sobre o corpo da ex-professora. • Mais sensações. A cidade ilhadaMilton Hatoum 1ª

  46. (09) A casa ilhada • Lavedan queria ir até a casa ilhada antes de voltar a Genebra. • Lavedan: alto, magrela, careca e de pele rosada. • No dia 16/07/1996, Lavedan pede ao barqueiro – em francês – para levá-lo até a casa ilhada mostrando um postal em que ela aparece. • As pessoas riem daquele homem estranho. • Quando ele avista, depois da curva do igarapé, o telhado vermelho da casa, fica extasiado. • O catraieiro atracou ao lado de um barco abandonado, de nome já meio apagado “Terpsícore”. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  47. (09) A casa ilhada • Lavedan pronuncia o nome do barco e vai fissurado em direção à casa de telhado vermelho. • Ele a via como uma casa misteriosa, que ganhava vida somente à noite, quando as luzes iluminavam sua fachada e seu jardim. • Lavedan volta como se estivesse reconfortado e conta ao narrador que agora iria ao Rio, de onde partiria para Zurique. • O estrangeiro parte e, dois dias depois (18/07/1996), sai no jornal que fora encontrado no dia anterior (17/07) o corpo do único morador daquela casa. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  48. (09) A casa ilhada • Passados dois meses, o narrador recebeu uma carta de Lavedan, na qual contava sua história. • Lavedan conta que há 20 anos viajara para Manaus com sua esposa inglesa, Harriet. • Lá, eles se divertiram muito em festas, noitadas, bebedeiras e prazeres no Shangri-Lá. • Até que, em uma dessas festas, um dançarino manauara a convidou para dançar. • Lavedan foi trocado, mas, de dois em dois anos, ele recebia de sua ex-esposa um cartão-postal com os seguintes dizeres: “O Shangri-Lá fechou, mas dançamos nessa pequena ilha: nossa morada.” A cidade ilhadaMilton Hatoum

  49. (09) A casa ilhada • O primeiro foi em 1980, até que, em 1996, recebera um sem nada escrito, o que o levou a pensar que ela devia estar para morrer. • Lavedan termina a carta dizendo: “O resto dessa história você já sabe.” • O narrador conversou com alguns biólogos do Instituto de Pesquisas da Amazônia e descobriu que as pesquisas de Lavedan eram verdadeira e importantes. Tanto que sete peixes da faixa equatorial levam seu nome. A cidade ilhadaMilton Hatoum

  50. (09) A casa ilhada • Contudo, ele não deixou nenhum vestígio de ter estado na Amazônia, não fez nenhuma publicação sobre o assunto, nem deixou vestígios de homicídio na casa ilhada. • Para o narrador, a carta de Lavedan era tão misteriosa quanto ele próprio e sua estada em Manaus. A cidade ilhadaMilton Hatoum

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