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O ESTATUTO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO. 1ª SESSÃO – 90m. A RELAÇÃO DO CONHECIMENTO. «No conhecimento, há apenas dois pontos a considerar, a saber: Nós que conhecemos e os objectos a conhecer» R. Descartes,Regras para a Direcção do Espírito,XII, p. 66, Editorial Estampa. CONHECE. SUJEITO.
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A RELAÇÃO DO CONHECIMENTO «No conhecimento, há apenas dois pontos a considerar, a saber: Nós que conhecemos e os objectos a conhecer» R. Descartes,Regras para a Direcção do Espírito,XII, p. 66, Editorial Estampa CONHECE SUJEITO OBJECTO É CONHECIDO Qual a natureza desta relação ? Como se estabelece ? EMPIRIA RACIONALIDADE 2
O OBJECTO DO CONHECIMENTO Segundo Aristóteles o conhecimento éo estudo do ser enquanto ser, ou seja, tudo o que é, é objecto desse estudo OBJECTOS IDEIAIS FACTUAIS FICCIONAIS AFECCIONAIS VISÍVEIS INVISÍVEIS 3
DIFERENÇAS ENTRE CONHECIMENTO VULGAR CIENTÍFICO FILOSÓFICO Empírico Teórico-Empírico Teórico Acrítico Crítico Crítico Subjectivo Objectivo Argumentativo Sistemático Sistemático Não-sistemático Não-metódico Metódico Metódico Superficial Aprofundado Reflexivo Universal Universal Particular Não-Rigoroso Rigoroso Rigoroso Sujeito a discussão Não Explicativo Explicativo 4
A EPISTEMOLOGIA E A CIÊNCIA Epistemologia (do grego ἐπιστήμη [episteme], ciência, conhecimento; λόγος logos], discurso) – Ramo da filosofia da ciência que estuda os problemas filosóficos relativos à crença e ao conhecimento. • O que é a ciência ? • O que separa a ciência das pseudo-ciências ? • Como funciona o método científico ? • Qual o âmbito da validade das leis científicas ? • O que é o conhecimento objectivo ? • Qual a relação entre explicar, compreender e prever ? • As leis científicas correspondem à realidade ou apenas permitem • fazer boas previsões ? • O que leva a alterar teorias ? "Scientia" provém de "Scire" que significa "aprender" ou "conhecer". 5
AO QUE SE PROPÕE A CIÊNCIA ? • Coligir e organizar informação sistematicamente e que permita compreender os factos e os fenómenos. Coligindo e seleccionando criteriosamente a informação de acordo com o sentido da investigação ou interpretando e integrando as informações resultantes dessa mesma pesquisa num todo coerente e consistente Como ? • Explicar os factos e os fenómenos, como casos particulares, segundo leis e enunciados mais gerais Lei geral (toda) a água ferve a 100ºC A água deste recipiente foi aquecida à temperatura de 100ºC Facto particular Fenómeno a explicar Logo, esta água evaporou-se • Prever factos e fenómenos com base em leis, modelos e teorias 6
AS LEIS CIENTÍFICAS Uma lei ou teoria é apenas experimental. (Popper, Conjecturas e Refutações, p. 83) UMA SIMPLES OBSERVAÇÃO EMPÍRICA 2 + 2 = 4 MAÇÃS 7
AS LEIS CIENTÍFICAS Uma lei ou teoria é apenas experimental. (Popper, Conjecturas e Refutações, p. 83) MUDA-SE A EXPLICAÇÃO PEÇAS DE FRUTA 2 + 2 = 4 7a
AS LEIS CIENTÍFICAS Uma lei ou teoria é apenas experimental. (Popper, Conjecturas e Refutações, p. 83) FORMULA-SE UMA LEI GERAL Lei científica = uma regra que descreve um fenómeno que ocorre com certa regularidade mas que não determina se um facto deve ou não ocorrer apenas verifica a sua ocorrência, analisando as causas e os efeitos relacionados e que se aplica a todas as diferentes ciências. ? ? + = + Z = X Y Texto_1_Ciência 7b
OS MODELOS CIENTÍFICOS A TEORIA S/REAL O MODELO O OLHO HUMANO A MÁQUINA FOTOGRÁFICA O HOMEM O ROBÔ Modelo = elemento metodológico (racional ou físico) que constitui uma representação simplificada da realidade, que faz parte de uma teoria e tem como função representar, explicar ou revelar fenómenos ainda não observados 8
AS TEORIAS CIENTÍFICAS • Orientam os objectos da ciência (delimitação do campo de investigação); • Oferecem um sistema de conceitos (fornecer concepção, vocabulário científico, relação entre factos estudados, etc); • Resumem o conhecimento (sintetizar o que já se sabe sobre o objecto de estudo); • Prevêm novos factos e relações. Teoria= conjunto de conceitos, definições e proposições logicamente relacionados entre si, que apresentam uma visão sistemática dos fenómenos especificando relações entre variáveis e cujo objectivo é explicativo e predictivo 9
EXERCÍCIO O simples facto de alguém possuir uma dada informação, significa que se está logo de posse de conhecimento ? Sim ? Não ? Porquê ? O facto de alguém possuir informação organizada, significa que está de posse de conhecimento ? Sim ? Não ? Porquê ? O facto de alguém acreditar no que presenciou é garantia de objectividade ? Os dados dos sentidos serão suficientes para fornecer conhecimento fiável ? Se um fenómeno ou facto ocorrer na presença de duas testemunhas, o seu relato constituirá só por si prova de conhecimento científico ? Uma explicação ou uma hipótese científicas serão alteráveis ? Explicar bioquimicamente o amor é o mesmo que viver esse sentimento ? Prever que o Sol irá erguer-se no horizonte como sempre sucedeu todas as manhãs é garantia suficiente de que tal sucederá para sempre ? 10
A DIVISÃO DAS CIÊNCIAS - I Idade Média Arte dos homens livres ARTES LIBERAIS TRIVIUM QUADRIVIUM Aritmética Lógica/Dialéctica Geometria Gramática Música Retórica Astronomia Ciências do discurso Ciências do cálculo 11
A DIVISÃO DAS CIÊNCIAS - II Idade Contemporânea Ciências (a priori) Ciências (a posteriori) NATURAIS SOCIAIS/HUMANAS Dedução Explicação Compreensão 12
O MÉTODO CIENTÍFICO Método – do grego (μέθοδος) significa caminho para chegar a um fim, i.e., conjunto de regras, procedimentos e de etapas (racionais ou práticas) necessárias à aquisição e demonstração de um conhecimento objectivo. • Observação • Hipótese CLÁSSICO • Experimentação • Algum conhecimento científico ou Lei • Baseado em teorias e modelos • Crítico-Hipotético-Dedutivo MODERNO • Conjecturas-Refutações 13
Sir Karl Raimund Popper (1902 - 1994 ) Filósofo austríaco, nascido em Viena e que dedicou grande parte da sua obra à filosofia da ciência. 14
OS DOIS DOGMAS EPISTEMOLÓGICOS QUE POPPER TENTOU COMBATER 1- A ciência deve repousar numa base observacional. 2 - A ciência deve utilizar um método indutivo, por oposição ao método especulativo das pseudociências e da metafísica. 15
A POSIÇÃO POPPER QUANTO À OBSERVAÇÃO • Da observação não se pode inferir uma teoria. Pelo contrário • é a teoria que antecede qualquer observação, pois a observa- • ção é selectiva, orientada por interesses e expectativas racionais. «não é possível inferir uma teoria de enunciados de observação» K.Popper, Conjecturas e Refutações, p. 83 «Ao construir uma máquina indutiva, nós, os arquitectos dessa máquina, temos de decidir a priori o que é que constitui o seu “mundo”; quais são as coisas que nele devem ser tomadas como semelhantes ou iguais; e que espécie de “leis” pretendemos para nós que a máquina seja capaz de “descobrir” nesse seu “mundo”». IDEM, Op. Cit., p. 75 • No entanto, a observação pode chegar a refutar uma teoria «isso não afecta a possibilidade de se refutar uma teoria por meio de enunciados de observação» IDEM, Op. Cit., p. 83 16
A POSIÇÃO DE POPPER FACE AO MÉTODO INDUTIVO • A impossibilidade de observar ou verificar todos os casos a partir de enunciados universais • A base de partida para o conhecimento não são as observações, mas sim as teorias, conjecturas, hipóteses, expectativas. • Não se pode basear a ciência num hábito (psicológico), de base empírica que parte da crença de que existe uma regularidade na Natureza. • Não se pode basear a ciência na projecção de que tudo se repete na Natureza. 17
O MÉTODO CIENTÍFICO- EXPERIMENTAL CLÁSSICO • Observação • Hipótese • Algum conhecimento • científico • Experimentação 5. Lei 18
A NATUREZA DA RELAÇÃO Quem observa ? Quem experimenta ? Quem formula hipóteses? Quem formula leis ? EXERCÍCIO Dinâmica Problemática Metódica Relação de conhecimento nomeadamente o científico SUJEITO R.C.C. OBJECTO O sujeito pode incorrer em erros de observação e em generalizações abusivas (indução) bem como sofrer alterações A Natureza não é apenas regular ou uniforme O método científico clássico A natureza sofre transformações Os sentidos podem enganar (Descartes) ? OBS EXP HIP Conhecimento Eventualmente Não é possível observar todos os casos LEI A parcialidade do observador Do futuro não há experiência Razões de ordem ética: limitação às experiências com seres humanos O futuro é inobservável e o passado pode ser enganador: estrelas que morreram são inobserváveis embora visível a sua luz Podem haver regularidades e também singularidades Razões Instrumentais: lentes, telescópios,etc. PUN =Falso(Hume) Só se pode partir de Hipóteses/Conjecturas Conclusão Lei absoluta e universal=Falso 19 MAPA CONCEPTUAL EXECUTADO NA AULA COM OS ALUNOS
O PROBLEMA DA DEMARCAÇÃO • Como se demarca a Ciência das pseudo-ciências ? Resposta tradicional: a Ciência distingue-se da pseudo-ciência – ou da ‘metafísica’ – pelo seu método empírico, que é essencialmente indutivo, procedendo da observação ou da experiência. (Popper,Conjecturas e Refutações, p. 55) Resposta de Popper: O critério do estatuto científico de uma teoria é a sua falsificabilidade,ou refutabilidade, ou testabilidade. (Popper,Conjecturas e Refutações, p. 60) Texto_II_Popper 20
P Q P Q ~Q Q Logo, ~P Logo, P Falácia Ponens Modus Tollens O CRITÉRIO DE DEMARCAÇÃO Critério da Verificabilidade Critério da Falsificabilidade Uma hipótese ou teoria é científica se puder ser provada, isto é, verificada empiricamente Uma hipótese ou teoria é científica se puder ser falsificada, isto é, se puder ser sujeita a testes e refutada Hipótese → consequência. Verificação da consequência. Logo, a hipótese é válida. Hipótese → consequência Não se verifica a consequência. Logo, a hipótese não é corroborada 21
A FALSIFICABILIDADE DE UMA TEORIA Não se trata de mentir ou adulterar… O que é portanto “falsificar” uma teoria ? P → Q Enunciado geral: Todos os corvos são brancos ~Q Modus Tollens Um corvo, que não é branco, foi encontrado no espaço x, no tempo y Enunciado de observação : Logo, nem todos os corvos são brancos ~P 22
MÉTODO DE CONJECTURAS E REFUTAÇÕES Ou seja, o novo método científico proposto por Popper, consiste em, enunciar: • O problema, ou fenómeno a explicar • A formulação de uma Hipótese, ou conjectura • As tentativas de refutação da teoria científica, através de enunciados de observação deduzidos dela, e que conduzem a testes empíricos Texto_II_Popper 23
EXERCÍCIO A proposição particular existencial “há cisnes brancos” não é falsificável, mas é verificável. A proposição: “ou faz chuva ou não chove” é falsificável ? Porquê ? A proposição universal “todos os cisnes são brancos” não é verificável, mas é falsificável. Porquê ? O que é falsificar uma teoria ? (Ex.: Proposição) Um cisne, que não é branco, foi encontrado no espaço x, no tempo y O que se segue ? Logo, nem todos os cisnes são brancos 24
MÉTODOS CIENTIFICOS PARTE DE UM ENUNCIADO PARA CHEGAR A OUTRO ENUNCIADO ATRAVÉS DE UMA NECESSIDADE LÓGICA MÉTODO DEDUTIVO Todo o Homem é animal Ex.: (Lógica/Matemática Ciências Formais) Sócrates é Homem Logo, Sócrates é animal PARTE DE UM CONJUNTO DE ENUNCIADOS PARTICULARES, FRUTO DE OBSERVAÇÕES DE FENÓMENOS PARA CHEGAR A UM ENUNCIADO UNIVERSAL POR GENERALIZAÇÃO MÉTODO INDUTIVO Ex.: O metal x1 expandiu-se quando aquecido na ocasião t1 O metal x2 expandiu-se quando aquecido na ocasião t2 O metal xn expandiu-se quando aquecido na ocasião tn (Ciências Empíricas) Logo, todos os metais se expandem quando aquecidos PARTE DE HIPÓTESES CIENTÍFICAS E PROCEDE À DEDUÇÃO DAS SUAS CONSEQUÊNCIAS, CONFRONTANDO-AS COM A EXPERIMENTAÇÃO EMPÍRICA. MÉTODO HIPOTÉTICO DEDUTIVO Hipótese: Todos os répteis são ovíparos; Ex.: Teste: Confrontam-se espécies particulares de répteis numa experimentação orientada pela hipótese inicial; Resultado: Se as observações estiverem de acordo com a hipótese, ela diz-se corroborada; caso contrário ela diz-se refutada. 25
PROPOSTA DE POPPER DO NOVO MÉTODO CIENTÍFICO Aproximação à verdade HIPÓTESE III A partir de uma HIPÓTESE II Deduz-se TEORIA (x) HIPÓTESE I Teoria (n) Teoria II Teoria I TESTES Proceder a: VEROSIMILHANÇA (VERA+SIMILE) Corroborada RESULTADOS Refutada P1 → TT → EE → P2 26
CRITICAS AO FALSIFICACIONISMO • Qual o número necessário de enunciados de teste necessários para falsificar uma teoria ? Ex.: ( quando é que se diz de alguém que é calvo ? ) • Uma teoria pode sempre estar protegida contra falsificações ao deflectir a falsificação para qualquer outra parte da complexa teia de assumpções. • Ex.: ( um enunciado pode não ser apropriado para teste ) • Uma teoria não pode conclusivamente ser falsificada, pois essa possibilidade • não pode ser extraída a partir de alguma parte da complexa situação de • teste, senão da própria teoria em teste que é responsável por previsões • erróneas. Ex.: ( a questão de saber se o que falha é a parte ou o todo ? ) • O falsificacionismo procura mais o progresso do que demonstrar a verdade ou a sua probabilidade. 27
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AS LEIS CIENTÍFICAS Uma lei ou teoria é apenas experimental. (Popper, Conjecturas e Refutações, p. 83) SLIDE ANIMADO FORMULA-SE UMA LEI GERAL UMA SIMPLES OBSERVAÇÃO EMPÍRICA MUDA-SE A EXPLICAÇÃO Lei científica = uma regra que descreve um fenómeno que ocorre com certa regularidade mas que não determina se um facto deve ou não ocorrer apenas verifica a sua ocorrência, analisando as causas e os efeitos relacionados e que se aplica a todas as diferentes ciências. PEÇAS DE FRUTA 2 ? X + 2 Y ? = 4 Z MAÇÃS 28