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Universidade Federal de Santa Maria Programa de Pós-Graduação em Enfermagem

Universidade Federal de Santa Maria Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Santa Maria RS, 25 e 26 abril 2011 CURSO Metodologias Qualitativas: Conceitos das Ciências Humanas Aplicados à Pesquisa na Área da Saúde

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Presentation Transcript


  1. Universidade Federal de Santa Maria Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Santa Maria RS, 25 e 26 abril 2011 CURSOMetodologias Qualitativas:Conceitos das Ciências Humanas Aplicados à Pesquisa na Área da Saúde Laboratório de Pesquisa Clínico-QualitativaFaculdade de Ciências Médicas / UNICAMP email: pesq.qualitativa@uol.com.br

  2. Bibliografia básica: Turato, E. R. Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa:construção teórico-epistemológica, discussão comparada e aplicação nas áreas da saúde e humanas. 4a ed., Editora Vozes, 2010.

  3. Diversos Tipos do Conhecimento Humano • Empírico: construído na experiência de vida • Mítico: crença lendária explicativa • Religioso: verdade revelada por divindade • Filosófico: especulação sistemática • Científico: hipóteses submetidas à verificação • Tecnológico:conhecimento científico aplicado • Senso comum: conhecimento compartilhado • ‘Mágico’: crendice, um não-conhecimento

  4. Escola de Atenas (Raphael)

  5. Concepções Históricas de Ciência Contribuições gregas:1) o logos é o falar sobre a coisa. Se não sou a coisa, então para conhecê-la só me resta falar sobre ela. Portanto, cientistas tecem suas teorias com palavras. 2) Noção de causalidade Aristóteles (384-322 a.C.): “Arbitramos possuir a ciência de algo quando- julgamos que conhecemos a causa pela qual esse algo é, - sabemos que essa causa é a causa desse algo, - não é possível que esse algo seja outro que não este.”(Organon IV: Analíticos Posteriores)

  6. Nascimento da Ciência: Ruptura com a Filosofia e a Religião Pilares da Ciência Moderna ou Galileana (1623): - observação:a explicação está na Natureza. • experimento: controle de variáveis para relação causa-efeito. • indução: raciocínio partindo do particular aplicado ao geral. - Exemplo científico clássico de nexos causais entre variáveis: Lei de Boyle-Mariotte (lei dos gases ideais)Sob temperatura constante, aumentando a pressão, diminui o volume; aumentando volume, diminui a pressão. Estruturação da Ciência (Newton, 1689): Leis científicas na formulação da Mecânica:1) Inércia; 2) Aceleração dos corpos; 3) Ação-e-reação.

  7. O Nascimento da Ciência Moderna A filosofia encontra-se escrita neste grande livroque continuamente se abre perante nossos olhos(isto é, o universo), que não se pode compreender antes de entender a línguae conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele está escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos, circunferências e outras figuras geométricas, sem cujos meios é impossível entender humanamente as palavras; sem ele nós vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto.(Galileu, “O Ensaiador”, 1623)

  8. Ciências do Homem (parafraseando Galileu) As Ciências do Homem encontram-se escritas neste grande livro que, continuamente, se abre perante nossos olhos (isto é, as pessoas, a sociedade),o qual não se pode compreender antes de entendera língua com a qual está escrito. O livro está escrito na língua dos significados,das simbolizações, das representações,sem cujas interpretações é impossível entender cientificamente os fenômenos humanos. Quando o objeto de estudo é o ser humano,sem os instrumentos da observação e da escutavoltadas para os indivíduos ou os grupos,vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto.

  9. Ciências Humanas não são Ciências Matematizadas A vida humana se processa somente uma vez e, portanto,não poderemos jamais verificar quais decisõesteriam sido boas e quais teriam sido ruins. Em dada situação, podemos decidir apenas uma vez.Não nos são dadas uma segunda, terceira ou quarta vidaspara que se possa comparar decisões diferentes.[...] Se a História pudesse se repetir, seria indicado experimentar, a cada vez, outra eventualidade e, em seguida,comparar os dois resultados. Sem experimentos semelhantes, toda discussão sobree grupos não passa de um jogo de hipóteses. (Milan Kundera, em “A Insustentável Leveza do Ser”)

  10. A apresentação da teoria define a ciência • Teoria:theorosé quem joga um olhar, é o espectador. theatron é lugar onde se vê, onde se assiste. teoria e teatro posições de contemplação / observação. A construção de um modelo teóricodeve ser o alvo final de todo pesquisador. Assim, tanto um astrônomo, quanto um psicanalista,são cientistas ao proporem teorias parao entendimento de seus respectivos objetos de estudo.

  11. Conceitos de Ciência • Ciência constrói teorias:Atividade na qual os empreendedores apresentam suas hipóteses e, partindo da organização dos elementos que apreendem, propõem teorias de como estes se relacionam. • Ciência fala da ordem do invisível:Fazer ciência é criar teorias, é uma fala sobre as relações não visíveis ao olhar comum. • Ciência está na mente:Jogo de palavras que espelham na mente do cientista as coisas que estão do lado de fora.

  12. Conceitos de Ciência (cont.) • Aparência versus Realidade:Toda ciência seria supérflua sea forma de manifestação e a essência das coisascoincidissem imediatamente. (Marx, 1890) • Ciência forma um quadro:A ciência não é somente uma coletânea de leis,um catálogo de fatos não relacionados.É a criação da mente humana, com suas idéiase conceitos livremente inventados.(Einstein & Infeld, 1938)

  13. Conceitos de Ciência (cont.) • Mais que descrição dos acontecimentos:É uma tentativa de descobrir ordem,de mostrar que certos acontecimentos estão ordenadamente relacionados com outros.(Skinner, 1950) • Ciência busca as ligações:Os fatos históricos não constituem a ciência histórica, não passam de simples fatos, pertencem ao empirismo e, em si, são ininteligíveis.É preciso entre eles colocar argamassa; somente assim se tornam ciência.(Perestrello, 1973)

  14. Atividades afins diferenciadas com a Pesquisa Científica • Pesquisa Informal do Tipo de MercadoLevantamento de informações econômicas visando o consumo.Planejamento espontâneo; tem um caráter a-científico. • Pesquisa sobre uma Realidade EmpíricaDelimitação de fatos/ocorrências comportamentais, sociais e históricos. Levantamento em biblioteca, na internet ou observando diretamente os fenômenos em campo.Planejamento sistematizado, mas de caráter pré-científico se parar na fase de coleta e arranjo dos achados. • Pesquisa de Opinião PúblicaLevantamento do modo de pensar, partilhado num grupo, acerca de certo assunto. Também de caráter pré-científico,se estacionar no objetivo de obter resultados descritivos. • Pesquisa Científica em Sentido AcadêmicoFormulação de hipóteses e coleta de dados. Estabelecimento de leis explicativas, geração de novos conhecimentos.Elaboração de teoria a ser aceita pelos pares.

  15. Tipos de Investigação Científica - Pesquisas de Campo: Objeto: seres em seu ambiente natural.Pesquisador: adaptado a ver fenômenos na livre ocorrência.Dificuldade grande: campo está organizado autonomamente. - Pesquisas Laboratoriais Experimentais: Objeto: materiais são dispostos visando o experimento. Pesquisador: manipula variáveis para coletar dados. Dificuldade média: ambiente organizado pelo pesquisador. - Pesquisas Teóricas: Objeto: registros em bibliotecas (reais ou virtuais).Pesquisador: após problemas de acesso, dispõe do material.Dificuldade pequena: dados à mesa, no ritmo do pesquisador.

  16. Tipos de Pesquisa na Área da Psicanálise TIPOLocalRecorte doMaterial p/da coletaobjeto de estudointerpretação  CLÍNICA:Consultório.Representações.O dito. TEÓRICA:Biblioteca.Escritos.A literatura. CULTURAL:Sociedade.Vivências.A Cultura.

  17. Características apontadas para o Conhecimento Científico Convencional • Factual:trabalha empiricamente com as ocorrências da natureza (os fatos). • Analítico:lida com componentes de um objeto, separando-os e reorganizando-os. • Geral:busca generalizações dos resultados encontrados válidos para outros enquadres. • Sistemático:usa referenciais metodológicos reconhecidas e estabelece quadros teóricos. • Acumulativo:soma-se com a obtenção de novos resultados (novos tijolos no muro da ciência).

  18. Características apontadas (cont.) • Falível: teorias não gozam de terminalidade, contém erros e são completadas ou substituídas. • Verificável:hipóteses testadas em experimentos para serem confirmadas ou refutadas. • Explicativo:variáveis são correlacionadas dentro do modelo da relação causa-efeito. • Preditivo:resultados servem para prognosticar ocorrências em novas situações. • Útil:resultados podem ser empregados tecnologicamente para benefícios das pessoas.

  19. A Questão da Generalização em Ciência Einstein e Infeld (1938): Pela aplicação do método estatístico não podemos predizer o comportamento de um indivíduo na multidão. Podemos somente predizer a chance, a probabilidade, de que se comportará de uma maneira em particular. CONCLUSÃO: se nossas leis estatísticas nos dizem um resultado numérico sobre um fenômeno de certa observação, significa que, pela repetição de nossas observações com muitos elementos, realmente obteremos esta média. Ou seja: a probabilidade de encontrarmos o fenômeno no meio observado equivale àquele valor numérico.

  20. A Questão da Generalização (cont.) Exemplos de Einstein e Infeld (1938): 1) Conhecer a taxa de nascimento de uma grande comunidade não significa conhecer se uma família em particular é abençoada com um filho. Significa um conhecimento de resultados estatísticos nos quais as pessoas participantes não representam nenhum papel. 2) Pela observação das chapas de muitos carros, podemos logo descobrir que um terço de seus números são divisíveis por três. Mas não podemos predizer que o carro que passará no momento seguinte terá essa propriedade. CONCLUSÃO:As leis estatísticas podem ser aplicadas somente a grandes agregados, mas não para seus indivíduos.

  21. O Projeto e o Relatório de Pesquisa:uma lógica interna perpassando suas secções ProjetoPesquisa: Objeto, contextualização, justificativas Hipóteses iniciais formuladas  Objetivos da pesquisa estabelecidos Método e técnicas sugeridos  Instrumentos de coleta de dados  .RelatórioFinal:Discussão de resultados sob quadro teórico  Conclusões

  22. Um Modelo de Projeto de Pesquisa CAPÍTULO I - Questões Introdutórias: • Delimitação do objeto-problema de estudo. • Justificativas para a investigação proposta. • Aspectos epidemiológicos e clínicos do tema. • Aspectos psicológicos e socioculturais do tema. CAPÍTULO II - Hipóteses e Objetivos: • Pressupostos iniciais. • Objetivo geral (ou principal, inicial). • Objetivos específicos (ou secundários, decorrentes).

  23. Projeto de Pesquisa (cont.) CAPÍTULO III - Recursos Metodológicos: • Critérios de inclusão/exclusão dos sujeitos e fechamento da amostra • Características do campo de pesquisa • Método, técnicas de coleta de dados e procedimentos • Técnicas para tratamento dos dados • Manejo de possíveis vieses da pesquisa • Quadro de referenciais teóricos • Cuidados éticos da pesquisa

  24. Projeto de Pesquisa (cont.) Referências(no Estilo Vancouver - publicado 1979, revisado 2005) Anexos: • Orçamento da pesquisa e recursos disponíveis • Cronograma das etapas da pesquisa • Cópia dos instrumentos de coleta de dados • Termo de Consentimento Livre e Informado • Cópia da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa • Autorização de serviços para coleta de dados • Quadro das diferenças e ponto em comum entre métodos ‘quanti’ e ‘quali’

  25. Relações entre pesquisa e literatura LIVROS ARTIGOS Como literatura De ancoragemDe cotejamento No que constitui Quadro primordialQuadro atualizado Relação Filiação a escolasDiálogo com pares Localização Em área acadêmicaNa produção atual Área mais usual Ciências HumanasC. Naturais e Saúde Utilização Fonte primáriaDebate corrente Alvo SustentaçãoContextualização Ganho obtido Definições geraisResultados atuais Não-uso Pesquisa ingênuaPesquisa inútil Cuidados Evitar compilaçõesEvitar dispersões

  26. Tema-Problema: Justificativas de Escolha • Prioridade científica (uma necessidade objetiva):relevância epidemiológica, clínica e social. • Novidade (idealmente posta):contribuições originais ao conhecimento. • Comprometimento pessoal (um norteador):engajamento na assistência e no ensino. • Oportunidade (uma propiciadora):favoráveis condições pessoais e institucionais.

  27. Hipóteses e concepções próximas: Definições Metodológico-Etimológicas • Pergunta:idéia que pede outra. • Problema:idéia que remete a outra. • Hipótese:idéia que sustenta outra. • Pressuposto:idéia que pensa outra. • Premissa:idéia que faz caminho a outra. • Quase-hipótese:idéia que nos informa outra. • Postulado:idéia que pede ser verdadeira. • Conjectura: idéia que atira a outra. • Palpite:idéia que suspeita outra. • Suspeita: idéia que nos intui a outra. • Sugestão: idéia que alude a outra. • Chute:idéia que arremessa a outra.

  28. Concepção einsteiniana sobre o lugar do problema na ciência (atitude galileana) The formulation of a problem is oftenmore essential than its solution, which may be merely a matter ofmathematical or experimental skill. To raise new questions, new possibilities,to regard old problems from a new angle, requires creative imagination andmarks real advance in science. The importance of seeing known facts in a new lightwill be stressed and new theories described.

  29. Objeto de estudo: visões conceituais de doença • Disease: é o próprio processo patológico, é um desvioda norma biológica. Na objetividade sobre a doença, os médicos podem ver, auscultar, palpar, cheirar e degustar as manifestações, medindo-as e levando ao diagnóstico médico-científico. • Illness: é o sentimento pessoal e a experiência psicológica de uma “saúde ruim”, tal como percebida pelo indivíduo (ou quando ainda nenhuma disease foi encontrada e diagnosticada). • Sickness: é o papel ou a posição organizada sociologicamente, consistindo de uma manifestação externa e de um modo cultural de uma não-saúde.

  30. O movimento do Pesquisador: da Hipótese à Teoria Percurso tem um caminho ‘familiar’: intuiçãoelaborações teóricassubmissão ao empíricoavaliação da suspeita. Pesquisa tem de ir além do papel passivo de confirmar ou refutar hipóteses. Desempenha papel ativo em 4 funções: inicia, reformula, corrige e clarifica a teoria.

  31. Movimento na discussão de um Trabalho Científico nas Ciências do Homem Fenômeno:passível de observação, representando-se na consciência do sujeito a partir de suas experiências, percepções.  Significado:é o querer-dizer para o sujeito sobre os fenômenos, em sua visão e entendimento psicológicos e socioculturais.  Interpretação:é o discutido/compreendido pelo pesquisador acerca dos significados que foram trazidos/relatados pelos sujeitos.

  32. Padrão serendipidade numa pesquisa: a observação de um dado “diferente” Descoberta por acaso e por sagacidade do autor,de resultados válidos, mas que não eram procurados: Dado imprevisto: fortuito no exame de uma hipótese;relacionável a teoria nova não considerada inicialmente. Dado anômalo: inconsistente com dados estabelecidos;relacionável à teoria que então se torna ampliada. Dado estratégico: inesperado mas relacionável com a teoria geral. Confirma o universal naquele particular. Exemplos de serendipidade:Penicilina com Fleming; Atos Falhos com Freud.

  33. Processo de validação de dados / resultados em pesquisas Validação interna ou “intrapessoal”: • Background do pesquisador na prática da realização de entrevistas e de observações clínicas; • Planejamento adequado dos métodos, técnicas e procedimentos, segundo a literatura e o senso crítico do pesquisador; • Estabelecimento de reação transferencial positiva com o informante no transcorrer da entrevista. Validação externa ou “interpessoal”: • Supervisão com o orientador e pesquisadores sêniores; • Discussão com os pares em reuniões de sua linha de pesquisa; • Discussão de dados preliminares em eventos científicos; • Aceite de resultados para publicação em periódico arbitrado.

  34. Princípios da Bioética Aplicados às Pesquisas Clínicas e Psicológicas • Autonomia:participação voluntária, sem coerção institucional ou psicológica; instruída com termo de consentimento. • Beneficência:maior consciência sobre a situação de vida;aumento da auto-estima pela colaboração; catarse. • Não-Maleficência:não invasão da privacidade; não mobilização emocional de traumas; não quebra do anonimato.

  35. O que é a Epistemologia episteme (episteme)  conhecimento.logos (lógos)  palavra, discurso, estudo. • É um ramo da filosofia:Estuda e teoriza sobre o conhecimento humano. • Estudo crítico dos princípios, das hipóteses edos resultados das diversas ciências,destinado a determinar a sua origem lógica,o seu valor e sua importância. (Vocabulário Lalande) • Epistemólogo:estuda como o cientista faz sua prática e osfatores influentes na construção do conhecimento.

  36. Parafraseando Marx Importância da epistemologia: Toda epistemologia seria supérflua se a forma de manifestação da produção científica e a essência das leis das ciências coincidissem imediatamente. Em outras palavras: Todo debate epistemológico seria desnecessário somente se os pesquisadores fossem conscientes de todos os fatores psicológicos, socioculturais, filosófico-ideológicos e político-econômicos que constituem vieses nas conclusões que tiram de suas investigações científicas.

  37. Bacon: precedente da ciência Valorização da busca da experiência.Uma simples experiência é um acidente, um acaso.Se buscada é um experimento. O verdadeiro método da experiência começa por acender uma tocha e, depois, com a luz, mostrar o caminho.Deve-se buscar uma experiência ordenada para deduzir axiomas e depois estabelecer novos experimentos. (Nova Organum, Aforismo LXXXII, 1620)

  38. Debates Históricos da Epistemologia David Hume (1748): • Problema da teorização sobre o real versusproblema de nossa imersão no mundo dos sentidos do qual advêm nossos conhecimentos(como fica a neutralidade da observação?) • Problema da assertiva sobre certa causalidade versusproblema de que mesmas causas nem sempre são relacionadas com mesmos efeitos(como fica a correlação causa-feito?). • Questão do raciocínio versusa experiência pelo hábito(como fica a indução?) • Conclusão: trocar a certeza pela probabilidade.

  39. Debates Históricos da Epistemologia Karl Popper (1934): • Como estabelecer a verdade da teoria apoiando-se apenas na observação? (é um problema psicológico):- dos enunciados singulares (observação e experimento) aos enunciados universais (teoria) versusa questão da subjetividade humana. • Como fazer teorias a partir de observações em número limitado e no presente? (é um problema lógico):- questionamento humiano do método indutivo. • Proposta: Falseabilidade ao invés da Verificabilidade (quantos cisnes brancos preciso registrar para teorizar?)

  40. Em suma, há limitação nos métodos? A limitação não está propriamente nos métodos de pesquisa, mas nas possibilidades humanas do pesquisador. • Todo conhecimento advém da experiência humana,passando pelos órgãos dos sentidos do pesquisador.(toda elaboração intelectual das teorias é subjetiva) • O pesquisador não consegue ver a causa e o efeito,mas apenas pensá-los.(toda relação causal ocorre na ordem do invisível) • A sensorialidade do pesquisador só é capaz de visaro particular; nunca alcança o universal.(todo pensamento totalmente indutivo é ilusório)

  41. Visão popperiana do avanço da ciência O avanço da ciência não se deve ao fato de se acumularem ao longo do tempo mais e mais experiências perceptuais. Nem se deve ao fato de estarmos fazendouso cada vez melhor de nossos sentidos. A ciência não pode ser destilada de experiênciassensoriais não interpretadas, independentementede todo o engenho usado para recolhê-las e ordená-las. Idéias arriscadas, antecipações injustificadas, pensamento especulativo são os únicos meios de que podemos lançarmão para interpretar a natureza: nosso único “organon”,nosso único instrumento para apreendê-la. E devemos arriscar-nos, com esses meios,para alcançar o prêmio. Os que não se disponhama expor suas idéias à eventualidade da refutaçãonão participarão do jogo científico. Popper, 1934

  42. Debates Históricos da Epistemologia GastonBachelard (1934) • Há ruptura entre o conhecimento comum e o conhecimento científico. • A ciência não é o aprofundamento do saber já presente ou da ilusão do saber, mas uma perpétua recusa. • Todo conhecimento é resposta a uma questão:nada é dado, tudo é construído.

  43. Debates Históricos da Epistemologia Thomas Kuhn (1962): • Paradigma:São as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência. • Ciência normalversus Ciência revolucionária. • Quebra-cabeça: as pesquisas científicas têm resultados já previsíveis (tijolinhos no muro já existente).

  44. Debates Históricos da Epistemologia Paul Feyerabend (1975): • Contra o método: anarquista. • Operações da ciência não têm estrutura em comum. Escreveu o Poeta “Caminante no hay camino,se hace camino al andar...”Cantares..., Antonio Machado Pesquisador: nãoháum método (único),mas se constrói o método desenvolvendo a pesquisa.

  45. Estatuto das Grandes Áreas das Ciências • Formais: Objeto: Entes ideaisModelo: Matemática Validade: Coerência demonstrada dos enunciados • Ciências da Natureza ou Empírico-Formais: Objeto: Fatos naturaisModelo: Física Validade: Observação, experimento e reprodução: nexos causais para entendimento da natureza • Ciências do Homem, da Cultura ou Simbólicas: Objeto: Fenômeno humanoModelo: Antropologia Validade: Apreensão na intersubjetividades e consenso: plausibilidade para entendimento do humano.

  46. Escolas Teóricas em Convergência e Divergência com Ciências Humanas e Métodos Qualitativos • Ciência Moderna Galileu, 1623 • Cartesianismo Descartes, 1637 • Positivismo Comte, 1844 • Existencialismo Kierkegaard, 1844 • Materialismo Histórico Marx, 1844 • Medicina Experimental Bernard, 1865 • HistoricismoDilthey, 1883

  47. Escolas Teóricas em Convergência e Divergência com Ciências Humanas e Métodos Qualitativos • PerspectivismoNietzsche, 1886 • Psicanálise Freud, 1896 • Sociologia científica Durkheim, 1897 • Fenomenologia Husserl, 1900 • Sociologia Compreensiva Weber, 1913 • Estruturalismo Saussure, 1916 • Antropologia Malinowski, 1922 • Sociol. do Conhecimento Mannheim, 1929

  48. Contribuições à realidade constitucional humana(em porcentagens, por brincadeira) Evolução Big-Bang Darwiniana 15% Genética Mendeliana 15% Angústias Kierkegaardianas 15% Inconsciente Freudiano 10% Ideologia Hegeliana Marxista 10% Mecanismos Fisiológicos Claude-Bernardianos 10% Formação Hebraico-Cristã 5% Significados Antropológicos Lévi-Straussianos 5% Lingüística Saussureana 5% Sentidos Sociológicos Weberianos 5% Respostas Pavlovianas / Skinnerianas 5% Decisões da Razão Cartesiana 0% Jornais Impressos, Televisivos e Radiofônicos 0%

  49. Discurso do Positivismo Reconhece de agora em diante, como regra fundamental, que toda proposição que não seja estritamente redutível ao simples enunciado de um fato, particular ou geral, não pode oferecer nenhum sentido real e inteligível. A pura imaginação perde assim, irrevogavelmente sua antiga supremacia mental, e se subordina necessariamente à observação, de maneira a constituir um estado lógico plenamente normal ... Assim, o verdadeiro espírito positivo consiste sobretudo em ver para crer, em estudar o que é, a fim de concluir disso o que será, segundo o dogma geral da invariabilidade das leis naturais.(Comte, 1844)

  50. Epistemologia Nietzschiana Contra o positivismo,que pára frente aos fenômenos: “há apenas fatos”, eu diria: não, propriamente fatos não há, ao contrário, só interpretações.Nós não podemos constatar nenhum fato “em si”, é talvez um absurdo querer qualquer coisa do gênero. Perspectivismo: Enquanto a palavra “conhecimento” tenha sentido, o mundo é cognoscível; mas ele é interpretável em modos diferentes, não tem atrás de si um sentido, mas inumeráveis sentidos. São as nossas necessidades que interpretam o mundo: os nossos instintos e os seus prós e contra. Cada instinto é uma espécie de sede de domínio, cada um tem a sua perspectiva, que ele gostaria de impor como norma a todos os outros instintos. (Nietzsche, 1886)

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