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O Futuro do Financiamento da Educação. Luiz Guilherme Scorzafave 20 agosto de 2019 Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social FEA-RP / USP. Por que pensar no financiamento da educação?.
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O Futuro do Financiamento da Educação Luiz Guilherme Scorzafave 20 agosto de 2019 Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social FEA-RP / USP
Por que pensar no financiamento da educação? • O Brasil tem feito um esforço de aumentar os investimentos em educação. Em proporção do PIB, nosso gasto se elevou consideravelmente. • Em termos absolutos, o gasto por aluno na educação básica triplicou desde 2000, mas ainda é baixo se comparado a outros países da OCDE. • Nesse sentido, a discussão sobre a renovação do FUNDEB é uma oportunidade ímpar para melhorar o sistema de financiamento da educação básica no Brasil. • Em resumo, vamos mostrar: • Evidências internacionais recentes que mostram relação entre reformas do financiamento educacional que elevaram os gastos e resultados dos alunos, especialmente de longo prazo • Evidências da relação entre aumento de gastos e indicadores de proficiência para o Brasil não ratificam essa relação
Por que pensar no financiamento da educação? • O que foi feito de diferente nesses países? Aumentaram-se os gastos, mas com medidas que induziam a melhores práticas e melhores resultados escolares. • Assim, pensar a redistribuição de recursos via FUNDEB passa, necessariamente, por pensar em mecanismos que garantam um uso mais eficiente dos recursos educacionais. • Portanto, vamos discutir mecanismos que procurem garantir a maior equidade possível, focando na redução das desigualdades de resultados educacionais, mas atrelando tais mecanismos de financiamento ao alcance de resultados. • O resultado final desejado é menor desigualdade na distribuição de recursos (e de resultados) do que temos hoje, atrelado a melhores resultados educacionais (maior eficiência)
Quanto o Brasil gasta em educação? Muito ou pouco? • O Brasil tem feito um esforço grande de aumentar os investimentos em educação • Em termos absolutos, o gasto por aluno na educação básica triplicou desde 2000
Quanto o Brasil gasta em educação? Muito ou pouco? • Como proporção do PIB, também se verifica um aumento do esforço do país na alocação de recursos para educação nos últimos anos.
Quanto o Brasil gasta em educação? Muito ou pouco? • 4 países com PIB semelhante ao Brasil
Quanto o Brasil gasta em educação? Muito ou pouco? • 4 países com PIB semelhante ao Brasil, PISA 2015
Quanto o Brasil gasta em educação? Muito ou pouco? Fonte: OECD (2017), The Funding of School Education: Connecting Resources and Learning, OECD Publishing, Paris.
Mas por que o aumento de gasto não está levando a melhoria da qualidade de educação? • Duas explicações possíveis: • O gasto por aluno ainda é baixo e a continuidade desse esforço de aumento de gastos, mesmo dentro do atual arcabouço, levaria a melhores resultados educacionais; • O aumento de gastos não vem acompanhado de políticas educacionais indutoras de maior eficiência no uso dos recursos públicos.
Mas por que o aumento de gasto não está levando a melhoria da qualidade de educação? • Vamos analisar dois trabalhos da literatura brasileira que avaliam o efeito de um aumento de gastos (não esperado pelo gestor educacional) sobre o desempenho dos alunos em português e matemática: • Monteiro (PPE, 2015) avalia se os municípios que mais aumentaram as despesas educacionais entre 2000 e 2010 são aqueles que mais aumentaram qualidade escolar, focando em municípios que receberam muitos royalties do petróleo.
Mas por que o aumento de gasto não está levando a melhoria da qualidade de educação? • Essesmunicípiostiveram forte expansão das receitas
Mas por que o aumento de gasto não está levando a melhoria da qualidade de educação? • Essesmunicípiospassaram a gastarmaisemeducação…
Mas por que o aumento de gasto não está levando a melhoria da qualidade de educação? • Mas osresultadosnasavaliaçõesnãomudaramrelativamenteaosdemaismunicípios…
Mas por que o aumento de gasto não está levando a melhoria da qualidade de educação? • Silva-Filho (2016) avalia o impacto da lei do piso do magistério, que provocou aumento do salário em prefeituras que até então pagavam abaixo desse valor; • Em um intervalo de 4 anos, não houve efeito do aumento salarial no desempenho dos alunos.
Quanto o Brasil gasta em educação? Muito ou pouco? • Di Pietra e Scorzafave (2018) usam estratégia de efeitos fixos para o Brasil como um todo, encontrando evidência de que municípios com baixo IDEB em 2007 responderam mais a aumento de gasto entre 2007 e 2015 do que municípios de alto IDEB, mas o efeito é muito pequeno: aumento de 1% nos gastos está associado a aumento de 0,14% no IDEB (Ex: Se aumentar 10% os gastos, um IDEB de 5,0 passaria a 5,07).
Quanto o Brasil gasta em educação? Muito ou pouco? • Portanto, a evidência empírica para o Brasil sugere que apenas aumentar gastos e salários dos professores não é suficiente para levar a melhores resultados escolares! • Assim, uma política de financiamento da educação básica deve pensar não apenas a equidade do gasto, mas também ser indutora de politicas educacionais mais eficientes.
Observações sobre os conceitos de equidade e eficiência • Mecanismos de financiamento podem promover equidade horizontal e vertical: • Horizontal: escolas com características similares recebem um montante similar de recursos. • Vertical: escolas com diferenças em certas características recebem níveis diferentes de recursos. Escolas com muitos alunos que são de contexto social vulnerável, por exemplo, deveriam ganhar mais recursos. • Não há um trade-off entre esses conceitos! • Mas pode-se utilizar as regras de financiamento para induzir maior eficiência nos gastos, o que pode levar a desigualdade de resultados. Por exemplo, dar mais recursos para quem conseguir melhorar mais a qualidade da educação infantil na sua rede municipal.
Discussão sobre o FUNDEB • Arrecadação dos recursos • Distribuição dos recursos • Mecanismos de Valorização da Eficiência
Arrecadação dos recursos • O desenho atual do FUNDEB reduz um risco atrelado à descentralização do financiamento da educação em um país com alta desigualdade regional como o Brasil: o de que algumas redes tenham recursos insuficientes por aluno por estarem em regiões mais pobres que arrecadam menos recursos. • O FUNDEB atual promoveu maior equidade de recursos por aluno entre municípios dentro de um mesmo estado. No entanto, ainda é possível avançar por meio de uma maior equidade interestadual. • Além disso, ainda é possível aprimorar a distribuição da complementação da União que atualmente se baseia no VAA do estado e acaba transferindo recursospara municípios com VAA alto dentro de um estado com VAA baixo e deixando de transferir para municípios com VAA baixo dentro de um estado com VAA alto.
Arrecadação dos recursos • Proposta: • Criação de um Fundo Único que depois fosse redistribuído diretamente para os entes municipais e estaduais de acordo com regras bem definidas e transparentes, garantindo que, por exemplo, redes municipais com VAA baixo dentro de um estado com VAA alto recebessem complementação. • Manter o Fundo como temporário (20 anos), pois, a dinâmica demográfica pode fazer com que daqui a 20 anos as necessidades educacionais, quando comparadas a outras demandas da sociedade sejam bastante distintas das que temos hoje (por exemplo, frente ao envelhecimento da população).
Discussão sobre o FUNDEB • Arrecadação dos recursos • Distribuição dos recursos • Mecanismos de Valorização da Eficiência
Distribuição dos recursos • Atualmente, o FUNDEB redistribui os recursos entre as redes municipais e estaduais de acordo com o número de matrículas ponderada por etapa, modalidade, jornada e localidade (urbano/rural). • Total de 19 fatores de ponderação.
Distribuição dos recursos • O uso de fórmulas na distribuição de recursos da educação promove equidade horizontal: alunos com características similares vão receber o mesmo valor, independente do município em que estudam dentro de um mesmo estado. Mas ela também promove a equidade vertical ao diferenciar as matrículas com base em características das escolas e/ou dos alunos. • No entanto, a fórmula pode promover uma maior equidade vertical se considerar características socioeconômicas dos alunos. • A Lituânia é um dos países da OCDE que utiliza fórmulas baseada na matrícula para distribuir os recursos da educação. Assim como no FUNDEB, eles usam fatores de ponderação que consideram a etapa de ensino e a localidade da escola. Mas também levam em conta fatores socioeconômicos (ex: se o aluno é de minoria étnica ou imigrante).
Distribuição dos recursos • No Brasil, a dimensão socioeconômica deveria ser levada em consideração se houvesse um fator de ponderação para alunos beneficiários do Bolsa Família • A vantagem de usar o Bolsa Familia ao invés de nível socioeconômico calculadas a partir dos questionários contextuais das avaliações externas são várias: 1. não há avaliações externas (e questionários contextuais) em todas as séries, etapas e escolas da educação básica. Já os dados do Bolsa Família funcionariam para todas as etapas e séries, incluindo Educação Infantil 2. se utiliza referência externa à escola e que já é usada em outras políticas públicas, evitando problema de gaming (por exemplo, a escola poderia “induzir” os alunos a preencher o questionário para refletir um NSE da escola menor do que o verdadeiro, conseguindo assim mais recursos para a rede/escola) 3. Focaliza a parcela da população mais pobre 4. Resposta dos alunos sobre posse de bens em casa, escolaridade dos pais e renda familiar estão sujeitas a muitos erros de medida (alunos podem não saber exatamente) • Desvantagem: Qualidade do CadÚnico é heterogênea nos diferentes municípios, provavelmente levando a distintos graus de focalização do Bolsa Família por município.
Distribuição dos recursos • A fórmula elimina a distinção entre creches públicas e conveniadas • Dá mais peso para EI (maior retorno) e EM (maior problema de evasão e proficiência) • Pode-se usar até 3 qualificadores (1 de cada par) • Ex: aluno de pré-escola, jornada integral rural e que recebe Bolsa Família: 1,3 x 1,1 x 1,05 x 1,2 = 1,8018 • Ex: aluno do ensino médio, tempo parcial, quilombola de educação especial e Bolsa Família: 1,2 x 1,05 x 1,2 = 1,512
Distribuição dos recursos • Proposta: • Considerar se o aluno é beneficiário do Bolsa Família na regra de distribuição para promover maior equidade vertical. • Simplificar os coeficientes da regra de distribuição e torná-los mais transparentes ao calcular os fatores de ponderação a partir da multiplicação do coeficiente da etapa de ensino pelos coeficientes das variáveis de jornada, localidade, educação especial, etc. • Definição clara e uniforme dos conceitos, especialmente os de Jornada Integral
Discussão sobre os pilares do FUNDEB • Arrecadação dos recursos • Distribuição dos recursos • Mecanismos de Valorização da Eficiência
Mecanismos de Valorização da Eficiência • Até agora, vimos como incorporar mecanismos que podem aumentar a equidade horizontal do FUNDEB oportunidade de qualidade • Agora, vamos apresentar alguns mecanismos que podem estar presentes no sistema de financiamento para induzir melhores resultados, separadamente por etapa de ensino • A ideia é que parte da transferência de recursos da União esteja amarrada a compromissos de resultado. • Creche e Pré-Escola • Ensino Fundamental • Ensino Médio
Mecanismos de Valorização da Eficiência – Educação Infantil • Na literatura internacional, quem mais se beneficia da creche e pré-escola são as filhas das mães menos escolarizadas... Fonte: Woessmann, Ludger. "Efficiency and equity of European education and training policies." International Tax and Public Finance 15.2 (2008): 199-230.
Mecanismos de Valorização da Eficiência – Educação Infantil • No Brasil, ocorre o inverso!
Mecanismos de Valorização da Eficiência – Educação Infantil • Ou seja, temos um problema de qualidade da educação infantil em que provavelmente as creches frequentadas por mães de diferentes escolaridades possuem diferentes qualidades. • A proposta então é utilizar um instrumento para ter medida da qualidade da creche e da pré-escola (focado especialmente nos processos que ocorrem na EI). Por exemplo, o MELQO (Measuring Early Learning Quality and Outcomes). O instrumento é umainiciativa da UNESCO e jáfoivalidado para o contextobrasileiro • As redes de ensino que aceitassem passar pela avaliação e tivessem uma boa avaliação receberiam recursos adicionais por aluno da educação infantil. • Mecanismo deve premiar relativamente mais as redes que conseguem ter bons resultados com baixa desigualdade (incluindo as conveniadas)
Mecanismos de Valorização da Eficiência – Ensino Fundamental • Nos EUA, há duas grandes gerações de reformas dos sistemas estaduais de financiamento da educação. As reformas entre os anos 1970 e 1990 focaram na redução das disparidades de gasto entre os distritos educacionais. As reformas a partir de 1990 procuraram aumentar recursos nos distritos mais pobres • Jackson, Johnson e Persico (QJE, 2016) avaliaram o efeito da primeira geração de reformas que elevaram o gasto em educação sobre os resultados de longo prazo dos alunos • Resultados mais expressivos para os alunos de famílias de baixa renda: aumentar em 20% o gasto no aluno de baixa renda durante 12 anos (K-12) levou a: • Aumento do salário entre 20-45 anos em cerca de 20% • Reduziu a probabilidade desse aluno estar abaixo da linha de pobreza quando adulto em 6 p.p • Lafortune et al. (AEJ, 2018) encontramTen years after a reform, relative achievement of students • in low- • income districts has risen by roughly 0.1 standard deviation, approximately • one- • fifth of the baseline gap between high- and low- • income districts. The implied • impact is between 0.12 and 0.24 standard deviations per $1,000 per pupil in annual • spending. This is at least twice the impact per dollar that is implied by the Tennessee • Project STAR class size experiment.7 Given existing estimates of the relationship • between test scores and students’ subsequent earnings, our results imply that a $1 • increase in funding to low- • income school districts will raise students’ eventual earnings • by more than $1 in present value.
Mecanismos de Valorização da Eficiência – Ensino Fundamental • Lafortune et al. (AEJ, 2018) avaliam a segunda geração de reformas e encontram que depois de 10 anos de aumento proporcionalmente maior dos gastos nos distritos mais pobres, houve aumento de 0.1 desvio-padrão nas avaliações cognitivas dos alunos (reduzindo em 20% o gap de proficiência entre distritos ricos e pobres). • Além de justificar a utilização do BF como critério para distribuição de recursos (já discutido), esses resultados são diferentes dos obtidos para o Brasil. Por que? • Por que além de aumentar gastos para populações mais vulneráveis, as reformas criaram mecanismos indutores de melhoria • Ex: sistema que prevê incentivos monetários para que os melhores professores dêem aula para os alunos com maiores vulnerabilidade • Aqui está a justificativa para atribuir mais recursos para o aluno via Bolsa Família, permitindo, por exemplo, financiar um adicional ao professor que dê aula nas escolas mais desafiadoras.
Mecanismos de Valorização da Eficiência – Ensino Fundamental • A definição de “escola desafiadora” pode combinar o grau de pobreza dos estudantes, mas também o clima escolar (por exemplo, alguns estados americanos consideram o número de alunos suspensos e expulsos), dando mais peso para escolas que conseguem reduzir esses indicadores de indisciplina e violência. • O pagamento desse adicional aos professores pode ser escalonado, aumentando a cada ano que passa naquela escola desafiadora. • Isso é importante, pois há evidência mostrando os efeitos negativos da rotatividade docente sobre o desempenho dos alunos. • Por exemplo, Vitto e Scorzafave (2015) mostram que cada ano adicional que os professores do ensino fundamental permanecem lecionando na mesma escola aumenta cerca de 2 pontos na escala SAEB de português e matemática no 5º e no 9º ano.
Mecanismos de Valorização da Eficiência – Ensino Fundamental • Lafortune et al. (AEJ, 2018) avaliam a segunda geração de reformas e encontram que depois de 10 anos de aumento proporcionalmente maior dos gastos nos distritos mais pobres, houve aumento de 0.1 desvio-padrão nas avaliações cognitivas dos alunos (reduzindo em 20% o gap de proficiência entre distritos ricos e pobres). • Além de justificar a utilização do BF como critério para distribuição de recursos (já discutido), esses resultados são diferentes dos obtidos para o Brasil. Por que? • Por que além de aumentar gastos para populações mais vulneráveis, as reformas criaram mecanismos indutores de melhoria. • Ex: sistema que prevê incentivos monetários para que os melhores professores dêem aula para os alunos com maior vulnerabilidade • Aqui está a justificativa para atribuir mais recursos para o aluno via Bolsa Família, permitindo, por exemplo, financiar um adicional ao professor que dê aula nas escolas mais desafiadoras.
Mecanismos de Valorização da Eficiência – Ensino Fundamental • Estabelecimento de mentoria aos novos professores e avaliação da qualidade das formações continuadas docentes • A grande maioria das redes de ensino municipais no Brasil são muito pequenas: • 13% dos municípios possuem apenas uma escola de anos iniciais e 46% nos anos finais! • Assim, sugere-se a formação de consórcios regionais para realização dessas atividades, possibilitando ganhos de escala e aproximação das diferentes redes de ensino de uma mesma região. • Essas são algumas sugestões de mecanismos indutores de melhoria que a União poderia fazer no Ensino Fundamental
Mecanismos de Valorização da Eficiência – Ensino Médio • Nessa etapadesafiadora da educaçãobásica, osmecanismos de valorização da eficiênciapoderiampremiar com recursosadicionaisescolasou redes de ensino que tivessem: • reduzidaevasão escolar aolongo do ensinomédio; • altaparticipação de alunosconcluintes no ENEM • bomdesempenhonessamesmaavaliação. • Seriaexcluída da possibilidade de recebimento de verbasadicionais da União as escolas que realizamvestibulinho para ingresso(escolas de aplicação das universidadesfederais, por exemplo).
Desigualdade intra-municipal e o FUNDEB Figura: Diferença da nota em matemática dos anos finais do fundamental entre a escola do percentil 90 e a escola do percentil 10, por município. • Atualmente, não há uma regra a ser seguida pelos entes municipais e estaduais para a distribuição dos recursos do FUNDEB intra-rede, o que pode gerar uma desigualdade entre escolas de uma mesma rede (recursos e resultados). • Figura: 46% dos municípios (com pelo menos 10 escolas na rede municipal) possuem uma diferença de nota em matemática, nos anos finais, maior que 50 pontos SAEB entre a escola do percentil 90 e a escola do percentil 10 diferença de 4 anos de aprendizado DENTRO DA MESMA REDE! Fonte: elaboração própria a partir dos dados do Saeb 2017 disponibilizados pelo INEP. Nota: foram considerados apenas municípios com mais de 10 escolas com nota no Saeb 2017.
Desigualdade intra-municipal e o FUNDEB • Proposta: • Valorizar as redes que consigam atingir a sua meta do IDEB nos anos finais do EF e EM, dando maior peso quanto maior o percentual de escolas da rede que atingiu sua meta individual, visando reduzir disparidade intra-rede. • Valorizar redes que consigam aumentar o percentual de alunos com desempenho suficiente na Avaliação Nacional de Alfabetização.
Eficiência dos gastos • Estudos mostram que a eficiência das escolas, no sentido de nível de proficiência por gasto por aluno, pode ser melhorada através de mudanças institucionais que envolvem, principalmente, accountability e maior autonomia das escolas. • Sistemas de accountability podem conter metas de desempenho, monitoramento externo de desempenho e consequências para o desempenho medido. As consequências podem ser positivas (recompensas) ou negativas (punições), e podem ser implícitas (e.g. prestígio da escola) ou explícitas (e.g. prêmios). • Autonomia das escolas pode ser na forma de autonomia para tomar decisões sobre seus funcionários, autonomia orçamentária, autonomia para contratar professores, autonomia para definir currículos, etc. • Quais são as evidências sobre essas políticas?
Accountability e autonomia das escolas: evidências internacionais • Dados de 29 países da OCDE mostram que -- controlando para diversas características dos alunos, escolas e países -- alunos de países que possuem accountabilityapresentam, em média, uma performance melhor no PISA. Dentre essas formas estão: exames de qualificaçãorealizados no final do ensino médio (EUA, Canadá e Alemanha); divulgação do desempenho das escolas em comparação com outras escolas da sua região e do país como um todo (França e Reino Unido). • O relatório também mostra que países em que a maioria das escolas tem autonomia para decisões sobre seus funcionários, como Finlândia, Suíça e o Reino Unido, apresentam, em média, uma performance melhor no PISA do que países como Áustria, Grécia, Noruega e Polônia, em que a maioria das escolas não possuem tal autonomia.
Accountability e autonomia das escolas: evidências internacionais • As evidências sobre pagamento por performance são inconclusivas. Alguns artigos encontram que oferecer bônus salarial aos professores se eles fizerem suas turmas alcançarem um certo nível de desempenho têm efeito sobre o desempenho dos alunos (Lavy 2002; Muralidharan e Sundararaman 2011); no entanto, outros artigos não encontram efeito ou encontram efeito apenas para algumas subamostras (Springer et al. 2011; Roland 2013; Kingdon e Teal 2007). Para o Brasil, não se encontram efeitos (Oshiro et al., 2016).
Resultados da política educacional de Sobral Figura: resultados do Brasil e de Sobral na Avaliação Nacional de Alfabetização de 2016. • Os esforços de Sobral para melhorar a alfabetização dos alunos foi eficaz. Na Avaliação Nacional da Alfabetização realizada pelo INEP em 2016, 92% dos alunos de 3º ano apresentaram nível suficiente de Escrita e 84% de Leitura. • No entanto, os números para o Brasil são preocupantes e mostram que devemos também olhar os indicadores da alfabetização. Fonte: elaboração própria a partir dos dados da Avaliação Nacional da Alfabetização realizada pelo INEP em 2016.
Em suma • A ideia é estabelecermelhoresparâmetros para equidade vertical, principalmenteincorporando o Bolsa Famíliacomocritério para recebimento de recursosadicionais por aluno equidade. • Estabelecermecanismos de indução de eficiência e redução da desigualdade intra-rede para cadaetapa de ensino para acesso a recursosadicionais (complementação da União): • EducaçãoInfantil: medidas de qualidade de creche e pré-escola • Ensino Fundamental: medidasindutoras da fixação de bonsprofessoresemescolasdesafiadoras, reduzindo a rotatividadedocente; mentoria para novosprofessores e avaliação da qualidade das formaçõescontinuadas, por exemplo. • Maiorautonomia das escolas com maioraccountability
scorza@usp.br lepes.fearp.usp.br Obrigado!
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