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Reflexão e prática reflexiva. João Pedro da Ponte Maio 2003. Reflexão. Conceito Dewey, Sch ö n, Shulman, Zeichner Tradições de prática reflexiva (Zeichner, 1993) Requisitos para a reflexão Objecto da reflexão (Níveis, Domínios) Fases (Dewey)
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Reflexão e prática reflexiva João Pedro da Ponte Maio 2003
Reflexão • Conceito • Dewey, Schön, Shulman, Zeichner • Tradições de prática reflexiva (Zeichner, 1993) • Requisitos para a reflexão • Objecto da reflexão (Níveis, Domínios) • Fases (Dewey) • Modelos de prática reflexiva (Weis e Louden, 1989) • Características do professor reflexivo (Korthagen e Wubbes, 2001) • Referências
Conceito (Dewey, 1933) Distingue entre acto reflexivo e rotineiro • Rotineiro – guiado pelo impulso, hábito ou submissão à autoridade. • Reflexivo – questionador, baseado na vontade e intuição, implicando a busca de soluções lógicas e racionais para os problemas. A reflexão • Consiste no exame activo, persistente e cuidadoso de todas as crenças ou supostas formas de conhecimento, à luz dos fundamentos que as sustentam e das conclusões para que tendem (1989, p. 25). • Reflective thinking is the “active, careful consideration of any belief or supposed form of knowledge in the light of the grounds that support itr and the further conclusion to which it tends”.
Conceito (Schön, 1983, 1991) Conhecimento na acção • ... actividade rotineira, sem pensar consciente. Reflexão • Reflexão na acção(pode ser sem palavras) • O professor surpreende-se com o que o aluno faz ou diz. • Reflecte sobre o que o aluno fez ou disse. • Procura reformular o seu modo de ver o problema. • Coloca questões ao aluno para testar a hipótese que formulou sobre a forma de pensar do aluno. • Reflexão sobre a acção • Reflexão sobre a reflexão na acção • Fundamental para o desenvolvimento do conhecimento profissional do professor.
Conceito Zeichner (1993) • A reflexãonão é um conjunto de técnicas que possam ser empacotadas e ensinadas aos professores (p. 18). • Não consiste num conjunto de passos ou procedimentos específicos. • Ser reflexivo é uma maneira de ser professor. Shulman (1987, 1989) • A reflexão “é o processo pelo qual o professor aprende a experiência” (1989, p. 19). • É o que o professor faz quando, em retrospectiva, analisa o ensino e a aprendizagem, reconstrói os conhecimentos, os sentimentos e as acções. • Não é uma mera disposição ou conjunto de estratégias. • É conhecimento analítico.
Conceito Aspectos relativamente consensuais sobre a reflexão (Mewborn, 1999) • A reflexão é qualitativamente diferente da descrição de uma experiência ou da racionalização. • A acção é parte integrante do processo reflexivo, que se distingue assim do “verbalismo” e do “activismo”. • A reflexão tem um nível individual e um nível de experiência partilhada. Aspecto-chave? (Oliveira e Serrazina, 2002) • Reflexão • Professor reflexivo ou • Prática reflexiva
Tradições de prática reflexiva (Zeichner, 1993) • Académica • Prática reflexiva baseada na tradução do saber das disciplinas para o desenvolvimento da compreensão do futuro professor. • Eficiência social • Aplicação de estratégias de ensino que resultam da investigação educacional. • Desenvolvimentista • Acentua a reflexão sobre o desenvolvimento dos alunos. • Reconstrução social • Acentua a reflexão sobre o contexto social e político da escolaridade.
Requisitos para a reflexão - 1 Competências necessárias (Pollard e Tann, 1989) • Empíricas – capacidade de recolher dados. • Analíticas – capacidade de interpretar dados. • Avaliativas – capacidade de pensar as consequências educativas do trabalho desenvolvido e de aplicar os resultados no futuro. Atitudes necessárias (Marcelo, 1992; Zeichner, 1993) • Mentalidade aberta – para escutar e respeitar diferentes perspectivas, ter em conta possíveis alternativas e reconhecer a possibilidade de erro. • Responsabilidade – considerar as consequências do trabalho planeado ou desenvolvido, tanto no curto como no médio prazo. • Entusiasmo – predisposição para questionar, curiosidade para procurar, energia para mudar.
Requisitos para a reflexão - 2 Recursos nativos (Dewey, 1933) • Curiosidade (orgânica, social, intelectual) • Sugestões (devem ser variadas e profundas...) • Organização (orderliness) Qualidades (Dewey, 1933) • Abertura de espírito – para entender possíveis alternativas e admitir a existência de erros • Responsabilidade – ponderando cuidadosamente as consequências de uma determinada acção • Empenhamento – para mobilizar as atitudes anteriores
Objecto da reflexão (Níveis) Níveis (Zeichner e Liston, 1987) • Reflexão técnica – análise das acções explícitas do professor. • Planeamento e reflexão – análise do que se observou à luz do conhecimento teórico, incluindo questões sobre a disciplina leccionada, os processos de aprendizagem e os objectivos da escola. • Reflexão ética/política – análise das acções do professor e suas repercussões no contexto e sobre o modo como as estruturas sociais e as instituições influenciam o seu trabalho. Níveis (van Manem, 1997) • Nível técnico – aplicação técnica do conhecimento educacional e dos princípios curriculares para atingir certo fim. • Nível prático – preocupação com os pressupostos, predisposições, valores, e consequências da acção. • Nível crítico ou emancipatório – em foco estão questões éticas, sociais e políticas mais alargadas.
Objecto da reflexão (Domínios) Domínios (Pombo, 1993) • Reflexão educativa – interrogar as grandes finalidades da educação. • Reflexão política – discutir o significado e funções da instituição escolar. • Reflexão epistemológica/interdisciplinar – o professor ser crítico em relação ao seu próprio saber.
Fases Dewey (segundo Mewborn) • Reconhecer que uma dada situação é problemática e pode ter várias soluções • Problematizar a situação, identificando as condições que a influenciam • Gerar hipóteses de solução, recolher dados para as refinar e eliminar algumas delas. • Raciocinar sobre hipóteses • Testar hipóteses
Características do professor reflexivo (Korthagen e Wubbes, 2001) Importância que confere à reflexão • ...associada à sua capacidade de estruturar situações e problemas relacionados coma sua prática. Análise das suas práticas • colocando questões a si próprio como: o que aconteceu? Porque aconteceu? De que modo eu influenciei o que se passou? Poderia ter sido de outro modo? Identificar os aspectos em que precisa de aprender • ...incluindo predisposição para falar e escrever sobre as suas próprias experiências. Analisar a sua actuação nas suas relações interpessoais • ...incluindo com os alunos.
Modelos de prática reflexiva (Weis e Louden, 1989) Introspecção • ...pressupondo um distanciamento em relação à actividade quotidiana. Relato de acontecimentos ou acções passadas • ...forma de reflexão próxima da acção, de natureza narrativa (reflexões conjuntas, diários). Indagação (“inquiry”) • ...envolvendo um processo cíclico de acção-reflexão-acção (aproximando-se da investigação sobre a prática). Espontaneidade (reflexão na acção) • ...tomar decisões e resolver problemas durante o acto de ensino.
Referências Korthagen, F. A. J., J. Kessels, et al. (2001). Linking practice and theory: The pedagogy of realistic teacher education. Mahwah, NJ, Lawrence Erlbaum. Mewborn, D. S. (1999). Reflective thinking among preservice elementary mathematics teachers. Journal for Research in Mathematics Education 30(3), 316-341. Oliveira, I., & L. Serrazina (2002). A reflexão e o professor como investigador. In GTI (Ed.), Reflectir e investigar sobre a prática profissional (pp. 30-42). Lisboa: APM. Pombo, O. (1993). Para um modelo reflexivo de formação de professores. Revista de Educação, 3(2), 37-45. Schön, D. (1992). Formar professores como profissionais reflexivos. In A. Nóvoa (Ed.), Os professores e a sua formação (pp. 79-91). Lisboa, D. Quixote. Schön, D. A. (1992). The theory of inquiry: Dewey´s legacy to education. Curriculum Inquiry,22(2): 119-139. Liston, D. P., & K. M. Zeichner (1991). Teacher education and the social conditions of schooling. Zeichner, K. (1987). Teaching student teachers to reflect. Harvard Educational Review,57(1): 23-48. Zeichner, K. (1993). A formação reflexiva de professores: Ideias e práticas. Lisboa: Educa.