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Max Weber

Max Weber. Sociologia compreensiva 1. Teoria das Ciências. “Naturwissenschaften” e “Geistenwissenschaften”. Mansão de Max Weber em Heidelberg. “Methodenstreit” batalha de métodos.

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  1. Max Weber Sociologia compreensiva1 GIOVANNI ALVES - UNESP

  2. Teoria das Ciências “Naturwissenschaften” e “Geistenwissenschaften” Mansão de Max Weber em Heidelberg “Methodenstreit”batalha de métodos Desde o Iluminismo, assumia-se que o verdadeiro conhecimento reside na capacidade de a ciência experimentar com dados e observar os resultados. Os erros devem ser apurados e classificados, e o comportamento do mundo físico explicado através de generalizações, talvez até por propriedades deterministas com força de lei, que os dados factuais exibissem. Pode uma disciplina, cujos métodos esclarecem o mundo físico e biológico, se aplicar à esfera da ação humana? GIOVANNI ALVES - UNESP

  3. Wilhelm Dilthey (1833-1911) (a relação da experiência interior com a realidade exterior) (a distância entre o mundo da natureza e o mundo da ação humana) Diferença radical entre os meios de se atingir o conhecimento próprios à “Naturwissenschaft” e os próprios à “Geistenwissenschaft”. (a ciência da natureza) Ela se referia ao mundo exterior da natureza (a ciência do espírito) O campo dos estudos humanos, ou propriamente como cultura GIOVANNI ALVES - UNESP

  4. Wilhelm Dilthey Defender a autonomia das ciências culturais contra a invasão das ciências físicas e biológicas mais exatas, lembrando-nos de que a própria história é "espiritual" no sentido de partilhar os pensamentos, desígnios e ações humanas. "Nós explicamos a natureza, mas compreendemos [verstehen] a vida mental." O mundo só poderia ser verdadeiramente compreendido historicamente se chegamos a ver como a humanidade se manifesta em diferentes formas e contextos, e como um fenômeno social específico pode ser compreendido conhecendo-se as condições do seu crescimento e desenvolvimento O fato da vida mental humana parecer infinitamente diversa eliminava a possibilidade da “Geistenwissenschaft” corresponder a qualquer generalização ou hipótese encontrada na “Naturwissenschaft”, onde o comportamento é físico e ocorre num continuum que pode ser explicado através do estabelecimento de conexões causais. Na natureza, o comportamento determinista e previsível pode ser explicado através da observação de padrões e sequências; mas a atividade humana é motivada por agentes livres cujos pensamentos têm que ser inferidos. O sentido que eles dão às suas experiências deve de alguma forma ser conhecido. GIOVANNI ALVES - UNESP

  5. Wilhelm Wildenband (1848-1915) A sociedade humana, ao contrário, é "ideográfica", uma vez que a investigação de sua natureza lida com elementos que são particulares e individuais, tão especificamente diversos que negam explicações universais A diferença entre os mundos natural e humano tinha mais a ver com o método do que com o objeto. . A natureza constitui uma ciência "nomotética" que tem por objetivo estabelecer leis uniformes e padrões previsíveis. Dilthey acreditava que a distinção entre os dois reinos, proposta por Wildelband, iria privar a história de significação, uma vez que o comportamento humano se torna sem sentido se não puder ser compreendido apresentando recorrências regulares ou pelo menos algum tipo de sequência racional. Se não pode haver uma ciência do particular, como pode uma verdade geral ser derivada de um fato específico ? GIOVANNI ALVES - UNESP

  6. Heinrich Rickert (1863-1936) Escola Neokantista do Sudoeste Alemão Seguindo Kant, Rickert sustentava que o objeto do conhecimento depende das operações da mente a tal ponto que a realidade não é dada à mente, mas sim constituída por ela. Assim, a distinção entre a natureza e a cultura se transforma em como cada uma delas é percebida. "A realidade se torna natureza se nós a considerarmos em relação ao que é geral; ela se torna história se nós a considerarmos em relação ao particular ou individual.“ A forma como os fenómenos são considerados depende dos conceitos que são aplicados ao objeto de investigação. “Antifundacionalismo“: A realidade, supostamente o chão sobre o qual pisamos, não tem nenhum status ontológico, nenhuma existência cognoscível independente do ato de conhecê-la. GIOVANNI ALVES - UNESP

  7. Rickert foi além da posição de Windelband que dizia que a história envolve o particular e o contingente e, assim, não pode ser explicada por leis gerais. Heinrich Rickert (1863-1936) O comportamento individual pode ser esclarecido por conceitos gerais (classe, cultura, religião, política e assim por diante) que são formados para representá-lo. Os aspectos particulares da ação humana se tornam objetos do conhecimento quando enquadrados em um conceito. Conhecer um objeto se torna possível pela capacidade de se formar um conceito deste objeto. Sem conceitos interpretativos mediadores — aquilo que Weber chamaria de "tipos ideais" — a realidade continua tão impenetrável como a baleia branca de Melville. O real, o objetivo que a filosofia buscou atingir, está além da própria razão. Entre o pensador e o objeto que ele está tentando alcançar existe um hiatus irrationalis, um abismo intransponível entre pensamento e coisa, ideia e realidade. Mas não pode haver nenhuma correspondência entre o conhecimento e o seu objeto uma vez que nos tornemos conscientes de que a realidade escapa à nossa percepção, "uma multiplicidade inesgotável", uma lacuna que parece ficar cada vez maior toda vez que nos aprofundamos, não podendo ser conhecida pelo que realmente é. Um evento histórico se torna um objeto de conhecimento genuíno quando é enquadrado em um conceito ou quando conceitos são formados para representá-lo. Tais conceitos são construções, logo não têm nenhum apoio na realidade, a fundação sobre a qual repousava a verdade, segundo se acreditava tradicionalmente. GIOVANNI ALVES - UNESP

  8. hiatus irrationalis A brecha entre a realidade e o conceito: um desafio às nossas limitações cognitivas em vez de um impasse último. Heinrich Rickert (1863-1936) Os valores não só se integram aos objetos de estudos culturais, eles também influenciam o ponto de vista do pensador académico. Os valores não têm mais base na realidade do que os conceitos empregados para explicá-la. Mas valores são atribuídos a entidades e atividades, e neste sentido a investigação académica é relacionada a valor, uma vez que estes valores pessoais e subjetivos fornecem ao pesquisador académico princípios de seleção quando enfrenta a heterogeneidade amorfa e indeterminável da realidade. Enquanto a ciência natural pode fornecer verdades previsíveis, a cultura humana é mais rica, pois só uma individualidade não-recorrente é dotada de valor, uma vez que agentes humanos livres causam mudanças em vez de existirem como incidentes insignificantes aos quais as coisas acontecem. Diferentemente dos fenómenos naturais, particularmente no reino das ciências físicas onde os corpos são movidos por forças exteriores, a cultura humana se move por finalidade e escolha criativa. GIOVANNI ALVES - UNESP

  9. Heinrich Rickert (1863-1936) A relação com o valor não precisa prejudicar a objetividade do académico, que ficaria ameaçada quando julgamentos inconsistentes de valores são feitos sobre isto ou aquilo. Todas as culturas têm os seus próprios esquemas de valores e não precisam ser avaliadas por padrões externos, e mesmo valores significativos dentro de uma cultura são incomensuráveis O valor dos valores não reside nem em sua validade nem em sua veracidade. A sua existência deve ser reconhecida como uma necessidade metodológica no processo de formação de conceitos sobre uma realidade essencialmente incognoscível. Assim, aquilo que parecia ser um hiato para outros pensadores—o pensamento desconcertante de que a realidade escapa à representação conceituai — tornou-se um desafio saudável para Rickert, um fardo cognitivo que pode se transformar numa bênção moral ao devolver o valor à escolha consciente e à criatividade, não o "é" da realidade física, mas o "pode ser" da possibilidade humana. GIOVANNI ALVES - UNESP

  10. Max Weber (1864-1920) Podem os valores tornarem-se inteligíveis de forma que a cultura moderna possa repousar sobre um consenso racional? Enquanto Rickert postulava a existência de valores transcendentais, Weber duvidava que existisse algo a não ser os valores de uma cultura específica. Então, de acordo com o seu ponto de vista, a sociedade moderna se encontrava sem possibilidade de avaliar a experiência a partir de uma posição supra-histórica. Em vez de se concentrar no juízo, a investigação deveria reconhecer apenas o princípio relacionado ao valor que governa a forma pela qual os fatos são selecionados e descritos, os valores subjetivos e efémeros, e os interesses que estão por trás das preocupações e curiosidades de um investigador. Weber e o pragmatismo norte-americano: A decisão sobre o que pesquisar e tornar digno de conhecimento é pessoal e prática Mas enquanto Weber via a investigação como um exercício na solução prática de problemas, ele não partilhava da visão pragmática que o conhecimento repousava na experiência, ou para ser mais preciso, que nos voltamos para a experiência para verificarmos as idéías sobre a verdade e a realidade. GIOVANNI ALVES - UNESP

  11. Experiência sem conceito pode levar a um "estupor inicial" até que a reflexão teórica intervenha. Entretanto, a compreensão conceituai não precisa ser confinada à cultura. O estudo da ação humana tem também um conteúdo empírico, uma vez que ela também pode ser explicada em termos de causalidade. Max Weber (1864-1920) Weber admitia o hiatus irrationalis enquanto a realidade se recusava a entregar os seus segredos aos conceitos humanos que aspiravam a conhecê-la. Mas Weber virou o telescópio de Galileu ao contrário, e aconselhou seus contemporâneos a olhar pelo lado oposto e ver o observador, seus motivos e propósitos. Weber teve de ir além do verstehen, a noção de Dilthey de se compreender as ações dirigidas a um fim de indivíduos particulares através de um exercício de reexperimentação enfática. Os processos de Einfuhlen (empatia) e Nacherleben (revivescência) talvez ajudem a objetificar o conhecimento, notou Weber, mas saber o que já foi experimentado "pode ser respondido somente com uma teoria da interpretação". O que o cientista social aspira a conhecer não é a natureza final da realidade, mas o "sentido subjetivo" intencionalmente imposto à realidade pela humanidade na sua tentativa de orientar o seu comportamento para realizar os seus objetivos e propósitos GIOVANNI ALVES - UNESP

  12. Ação Social A idéia central da ação social é a existência de um sentido na ação: ela se realiza de uma parte (agente) para outra. É uma atitude sobre a qual recai ao menos um desejo de intercâmbio, de relacionamento. Como toda relação social , é determinada não só pelos resultados para o agente, mas também pelos efeitos (reais ou esperados) que pode causar ao outro. A definição mais aceita de ação social é aquela que a defende como uma ação que é orientada pelas de ações de outros. Isto é, ação social é todo comportamento cuja origem depende da reação ou da expectativa de reação de outras partes envolvidas. Essas “outras partes” podem ser indivíduos ou grupos, próximos ou distantes, conhecidos ou desconhecidos por quem realiza a ação. A mesma ação pode ora ser classificada como social, ora não. Tomemos o ato de escrever como exemplo. Escrever uma carta certamente é uma ação social, pois ao fazê-lo o agente tem esperança que a carta vai ser lida por alguém. Sua ação só terá significado enquanto envolver outra pessoa. No entanto escrever uma poesia, na medida em que ela envolve apenas a satisfação ou a expressão das sensações do poeta, não é uma ação social (v. individualismo ) . A reação dos outros ao seu conteúdo não foi levada em conta para sua construção. Ainda que a carta se extravie e ninguém a leia, escrevê-la continua sendo uma ação social porque ao agente continua interessando a reação do (neste caso inexistente) leitor. Enquanto isso, um poema será entendido como produto de uma ação social apenas se ao escrevê-lo o poeta já tinha em mente mostrá-lo a outras pessoas e provocar com isso alguma manifestação. Portanto dependendo da situação em que é feita, uma ação pode ser tratada apenas em parte como social. GIOVANNI ALVES - UNESP

  13. Ação social se refere a qualquer ação que leva em conta ações ou reações de outros indivíduos e é modificada se baseando nesses eventos. Ações racionais (também conhecidas como racionais por valores, do alemãowertrational): ações tomadas com base nos valores do indivíduo, mas sem pensar nas consequências e muitas vezes sem considerar se os meios escolhidos são apropriados para atingi-lo. Ações instrumentais (também conhecidas como ação por fins, do alemãozweckrational)): ações planejadas e tomadas após avaliado o fim em relação a outros fins, e após a consideração de vários meios (e conseqüências) para atingi-los. Um exemplo seria a maioria das transações econômicas Ações afetivas (também conhecidas como ações emocionais, do alemãoaffektual)): ações tomadas devido às emoções do indivíduo, para expressar sentimentos pessoais. Como exemplos, comemorar após a vitória, chorar em um funeral seriam ações emocionais. Ações tradicionais (do alemãotraditional) : ações baseadas na tradição enraizada. Um exemplo seria relaxar nos domingos e colocar roupas mais leves. Algumas ações tradicionais podem se tornar um artefato cultural. Relação social, definida por Weber como uma conduta plural, reciprocamente orientada, dotada de conteúdos significativos que descansam na probabilidade de que se agirá socialmente de um certo modo, porém o caráter recíproco da relação social não obriga os agentes envolvidos a atuarem da mesma forma, entendemos que na relação social todos os envolvidos compreendem o sentido das ações, todos sabem do que se trata ainda que não haja correspondência. Quanto mais racionais forem as relações sociais maior será a probabilidade de que se tornem normas de conduta. GIOVANNI ALVES - UNESP

  14. A conduta passa a ter sentido quando os meios da ação humana são considerados juntos com os fins a serem realizados. A compreensão torna-se possível através da descoberta de relações causais que relacionam resultados concretos às intenções. "A questão da apropriação dos meios para alcançar um determinado fim é compreensivelmente acessível à análise científica."‘ Não é preciso aceitar ou rejeitar um valor particular na base de um comportamento específico para apreender os propósitos de uma pessoa a fim de explicar o que causa a ação. As origens últimas da ação podem ser irracionais, mas os fins podem ser buscados racionalmente. Os puritanos buscaram a salvação e acabaram endeusando a riqueza! O que o cientista social aspira a conhecer não é a natureza final da realidade, mas o "sentido subjetivo" intencionalmente imposto à realidade pela humanidade na sua tentativa de orientar o seu comportamento para realizar os seus objetivos e propósitos Max Weber (1864-1920) GIOVANNI ALVES - UNESP

  15. Suponhamos que dois homens que de outra forma não travariam nenhuma "relação social" — por exemplo, dois homens incultos de raças distintas, ou um europeu que encontra um nativo nos confins da África — se encontrem e "troquem" dois objetos. Somos levados a pensar que uma mera descrição do que pode ser observado durante esta troca — movimentos musculares e, se algumas palavras foram "ditas", os sons que, por assim dizer, constituem a "matéria" ou "material" do comportamento — não compreenderia de forma alguma a "essência" do que acontece. Isto é inteiramente correto. • A "essência" do que acontece é constituída pelo "sentido" que as duas partes atribuem ao seu comportamento observável, um "sentido" que "regula" o rumo da sua conduta futura. • Sem esse "sentido", nós nos inclinamos a dizer que uma "troca" não é nem empiricamente possível nem conceitualmente imaginável. Pode-se explicar o comportamento identificando a concepção do agente do que ele ou ela estavam fazendo, em oposição a explicá-lo referindo-se a algum critério objetivo de compreensão. O significado de uma ação depende de uma análise e interpretação que as próprias pessoas dão a respeito de suas ações ou das ações alheias. A ciência pode explicar as causas e as conexões, mas, para a investigação social, o comportamento seria desprovido de sentido se a ação não puder ser relacionada a um propósito dirigido a um fim. Assim, um cientista social que descobre as regras e regulamentos que funcionam numa comunidade não pode assumir que tais regras "causam" o comportamento sem saber por que os seus membros estão dispostos a segui-las. GIOVANNI ALVES - UNESP

  16. O próprio comportamento é causado, e interpretar o comportamento é interpretar o significado da ação manifesta chegando-se aos motivos que levam a ela. O comportamento permite interpretação racional, na medida em que os motivos, e até os que parecem ser motivos irracionais, se prestam a uma explicação e compreensão. E ao reconhecer que o sentido é facultado apenas às próprias pessoas, Weber nos leva à consciência dos seus sujeitos. Na virada do século, ele tinha muita fé que o conhecimento da ação humana levaria a determinar a intenção consciente do ator. Como um investigador criminal, ele interpretaria o sentido de um ato descobrindo o motivo. Max Weber (1864-1920) Ação social motivos sentido GIOVANNI ALVES - UNESP

  17. Uma análise causal da interrelação de meios e fins não podia basear-se nas leis e conceitos, mas sim em regularidades observadas no comportamento social e na experiência histórica. • Ele quis explicar a mudança histórica referindo-se ao que as pessoas fazem e por que o fazem, em vez de ir além da sociedade. • Embora a realidade metafísica última seja incognoscível, os seres humanos tornam-se reais e cognoscíveis em virtude das suas ações: Hinter der Handlungsteht der Mensch ("Por trás da ação encontra-se o homem"). • E as ações podem ser analisadas tendo por base as razões que os seres humanos imputam ao significado das suas ações. Max Weber (1864-1920) O que as pessoasfazem e porque o fazem GIOVANNI ALVES - UNESP

  18. A ênfase de Weber nos motivos e propósitos talvez sej a decorrente de seu comprometimento kantiano com a autonomia pessoal e a responsabilidade moral. A "Grande Guerra" levou muitos intelectuais no mundo ocidental a adotar uma nova visão da história como irracional, absurdamente aleatória, com a relação entre causa e efeito obliterada pelos "canhões de agosto" e com a razão humana impotente para explicar a ação humana. o sentido e o significado interior que as pessoas dão à sua experiência. Era um dever do cientista social penetrar neste Sinnzusammenhang, o senso de conexões e a estrutura de sentido no esquema das coisas que tornam a vida digna de ser estudada, assim como vivida. Max Weber (1864-1920) A açãohumana, o sentido e o significado interior que as pessoasdão ã suaexperiência GIOVANNI ALVES - UNESP

  19. Ação social • A compreensão da conduta, ocorre de acordo com os seguintes princípios de ação social: • Zweckrationalität. Ação instrumental relativamente a um fim ("racionalidade com relação a um objetivo") em que o agente calcula as condições ou os meios para obter o fim desejado e as consequências de sucesso ou fracasso. • Wertrationatität. Racionalidade com relação a valor, em que a ação é realizada em virtude de algum princípio superior ético, estético ou religioso, independentemente das chances de sucesso. • Afetivo. Comportamento resultante de pura emoção. • Tradicional. Comportamento decorrente de uma "habitualídade enraizada". Max Weber (1864-1920) Em contraste com a ciência natural, o desafio da ciência social é o desafio do verstehen, da compreensão do sentido. O comportamento social pode tornar-se compreensível à luz do seu significado enquanto experimentado pelos sujeitos que agem a partir de intenções e propósitos. Compreender requer interpretar o que as pessoas estão fazendo e o que as suas ações simbolizam e significam. GIOVANNI ALVES - UNESP

  20. A ação social (incluindo omissão ou tolerância) orienta-se pelo comportamento de outros, seja este passado, presente ou esperado como futuro (vingança por ataques anteriores, defesa contra ataques presentes oumedidas de defesa para enfrentar ataques futuros) Os "outros“podem ser indivíduos e conhecidos ou uma multiplicidade indeterminada de pessoas completa mente desconhecidas (”dinheiro", por exemplo, significa um bem destinado à troca, que o agente aceita no ato de troca, porque sua ação está orientada pela expectativa de que muitos outros, porém desconhecidos e em número indeterminado, estarão dispostos a aceitá-lo também, por sua parte, num ato de troca futuro) • 2. Nem todo tipo de ação — também de ação externa — é "ação social" no sentido aqui adotado. A ação externa, por exemplo, não o é, quando se orienta exclusivamente pela expectativa de determinado comportamento de objetos materiais. O comportamento interno só é açào social quando se orienta pelas ações de outros. Não o é, por exemplo, o comportamento religioso, quando nada mais é do que contemplação, oração solitária etc. A atividade económica (de um indivíduo) unicamente o é na medida em que também leva em consideração o comportamento de terceiros, De maneira muito geral e formal isso já acontece, portanto, quando ela tem em vista a aceitação por terceiros do próprio poder efetivo de disposição sobre bens económicos. De um ponto de vista material: quando, por exemplo, durante o consumo, também leva em consideração os futuros desejos de terceiros, orientando por estes, entre outros fatores, as próprias medidas para "poupar". Ou quando, na produção, faz dos futuros desejos de terceiros a base de sua própria orientação etc. • 3- Nem todo tipo de contato entre pessoas tem caráter social, senão apenas um comportamento que, quanto ao sentido, se orienta pelo comportamento de outra pessoa. Um choque entre dois ciclistas, por exemplo, é um simples acontecimento do mesmo caráter de um fenómeno natural. Ao contrário, já constituiriam "ações sociais" as tentativas de desvio de ambos e o xingamento ou a pancadaria ou a discussão pacífica após o choque. Max Weber (1864-1920 GIOVANNI ALVES - UNESP

  21. § 2. A ação social, como toda ação, pode ser determinada: 1) de modo racional referente a fins, por expectativas quanto ao comportamento de objetos do mundo exterior e de outras pessoas, utilizando essas expectativas como "condições" ou "meios" para alcançar fins próprios, ponderados e perseguidos racionalmente, como sucesso; 2) de modo racional referente a valores: pela crença consciente no valor — ético, estético, religioso ou qualquer que seja sua interpretação — absoluto e inerente a deter­minado comportamento como tal, independentemente do resultado; 3) de modo afetívo, especialmente emocional: por afetos ou estados emocionais atuais; 4) de modo tradicional: por costume arraigado. (,,,) • Age de maneira puramente racional referente a valores quem, sem considerar as consequências previsíveis, age a serviço de sua convicção sobre o que parecem ordenar-lhe o dever, a dignidade, a beleza, as diretivas religiosas, a piedade ou a importância de uma "causa" de qualquer natureza. Em todos os casos, a ação racional referente a valores (no sentido de nossa terminologia)é uma ação segundo "mandamentos" ou de acordo com "exigências" que o agente crê dirigidos a ele. Somente na medida em que a ação humana se orienta por tais exigências — o que acontece em grau muito diverso, na maioria dos casos bastante modesto — falaremos de racionalidade referente a valores. Conforme veremos, possui significação bastante para serdestacada como tipo especial, embora, de resto, não se pretenda dar aqui uma classificaçãocompleta dos tipos de ação. Max Weber (1864-1920 GIOVANNI ALVES - UNESP

  22. Age de maneira racional referente a fins quem orienta sua ação pelos fins, meios econsequências secundárias, ponderando racionalmente tanto os meios em relação às consequências secundárias, assim como os diferentes fins possíveis entre si: isto é, quem não age nem de modo afetivo (e particularmente não-emocional) nem de modo tradicional , A decisão entre fins e consequências concorrentes e incompatíveis, por sua vez, pode ser orientada racionalmente com referência a valores: nesse caso, a ação só é racional corn referência a fins no que se refere aos meios. Ou também o agente, sem orientação racional com referência a valores, na forma de "mandamentos" ou "exigências", pode simplesmente aceitar os fins concorrentes e incompatíveis como necessidades subjetivamente dadas e colocá-los numa escala segundo sua urgência conscientemente ponderada, orientando sua ação por essa escala, de modo que as necessidades possam ser satisfeitas nessa ordem estabelecida (princípio da "utilidade marginal"). • A orientação racional referente a valores pode, portanto, estar em relações muito diversas coma orientação racional referente a fins. Do ponto de vista da racionalidade referente a fins, entretanto, a racionalidade referente a valores terá sempre caráter irracional, e tanto mais quanto mais eleve o valor pelo qual se orienta a um valor absoluto; pois quanto mais considere o valor próprio da ação (atitude moral pura, beleza, bondade absoluta, cumprimento absoluto dos deveres) tanto menos refletirá as consequências dessa ação. Mas também a racionalidade absoluta referente a fins é essencialmente um caso-limite construído. • Só muito raramente a ação, e particularmente a ação social, orienta-se exclusivamentede uma ou de outra destas maneiras. E, naturalmente, esses modos de orientação de modoalgum representam uma classificação completa de todos os tipos de orientação possíveis, senão tipos conceitualmente puros, criados para fins sociológicos, dos quais a ação real se aproxima mais ou menos ou dos quais — ainda mais frequentemente — ela se compõe. • Somente os resultados podem provar sua utilidade para nossos fins. Max Weber (1864-1920 GIOVANNI ALVES - UNESP

  23. É sabidamente difícil fazer a distinção entre um objetivo e um valor, entre uma emoção e uma tradição. Como instituição, o casamento é uma "habitualidade enraizada", mas a decisão de dar este passo (ou "pulo" ou "mergulho") pode envolver premeditação racional e planejamento, enquanto a mente pesa as consequências do objetivo e, ao mesmo tempo, os impulsos do coração buscam satisfazer os seus anseios sem considerar qualquer possibilidade de fracasso. Ainda assim, Weber teria sido o primeiro a apontar que suas categorias não eram nem rigidamente sistemáticas nem mutua­mente excludentes. "O indivíduo pode participar de uma variedade de tipos de ações sociais com um único ato", Max Weber (1864-1920 GIOVANNI ALVES - UNESP

  24. Ao enfatizar a simultaneidade da ação em vez de sua sequência, Weber esclarece os múltiplos sentidos da ação em toda sua complexidade. Assim, o calvinista da Nova Inglaterra age em resposta à sua consciência, que por sua vez sente a presença de Deus; enquanto as suas atividades são orientadas para as expectativas da sociedade e dos seus membros. Cético em relação ao reducionismo, Weber se recusou a ver qualquer realidade específica como a única realidade. O capitalismo era mais que economia — pelo menos no início. Max Weber (1864-1920 GIOVANNI ALVES - UNESP

  25. Longe de serem categorias descritivas, os princípios de ação de Weber propiciavam a construção de possibilidades para apoiar a formação de hipóteses. Tais construções podiam ser "tipos ideais", categorias heurísticas que servem ao propósito de colocar questões e clarificar conceitos. Os tipos ideais são simplificações exageradas da complexidade dos dados históricos, de forma que o comportamento pode ser analisado em vista da sua aproximação ou afastamento do modelo ou "ideal", isto é, dos seus atributos completos. Assim, a ação racional com relação a um valor pressupunha alcançar algum objetivo na base da convicção de que os ditames da consciência são mais importantes do que o cálculo das consequências. Max Weber (1864-1920 GIOVANNI ALVES - UNESP

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